Os Imigrantes Italianos nas Fazendas de Café de São Paulo
Com o início da imigração subsidiada, nos anos 1884 até 1886, milhares de imigrantes europeus, especialmente, italianos foram introduzidos no estado de São Paulo, dando início a criação de um mercado de trabalho livre no Brasil.
Com os movimentos abolicionistas cada vez fortes, a proibição de trazer novos escravos e, logo depois, com a abolição da escravidão no país, com a Lei Áurea, o trabalhador europeu foi trazido para substituir aquela mão de obra escravizada, tão necessária para o surgimento da cultura cafeeira paulista e sua expansão para outros estados do Brasil.
Milhares de italianos do norte da Itália, a sua maioria composta por imigrantes originários da região do Vêneto, foram assentados pelo interior do estado, nas grandes fazendas de café.
Desde início os grandes produtores de café deram preferência em trazer esses trabalhadores acompanhados de suas famílias. Eram assentados nas grandes fazendas de café, empregandos no sistema de relação trabalhista conhecido como colonato. Daí surgiu o termo colono, a denominação dada a esses trabalhadores.
O colono era uma espécie de trabalhador que não trabalhava isoladamente em sim era inserido com todo o seu núcleo familiar. Quando então o fazendeiro contratava o colono estava na verdade contratando toda a sua família, com o seu chefe passando a ser o responsável na execução das tarefas diárias que deviam desempenhar.
Devido a proporcionalidade, os imigrantes que tivessem famílias maiores levavam vantagem sobre aquelas que tinham poucos membros, pois, poderiam cuidar de um maior número de pés de café e assim conseguirem permissão para usar uma maior extensão de terra para cultivar. Os ganhos dessas grandes famílias com os excedentes comercializados seriam maiores e teriam maiores chances de melhoria social. Assim ter uma família grande era uma estratégia do colono para aos poucos melhorar as suas condições de vida.
O colono era assim ao mesmo tempo um empregado assalariado, um trabalhador de subsistência, pois devia plantar para suprir a alimentação para a família, era também um produtor, um negociante de produtos agrícolas e um consumidor.
O colono e sua família estavam responsáveis pela limpeza do cafezal, da colheita do grão, do plantio de alimentos e também, podiam ser convocados para outros serviços da fazenda, os quais, conforme o seu contrato, podiam ser remunerados ou não.
Conforme o acerto que tinham com o fazendeiro, o colono recebia como pagamento pelo serviço de limpeza, um valor fixo em dinheiro, valor esse proporcional a cada mil pés de café que estivessem ao seu cuidado, isso por 3 a 5 vezes ao ano.
Na safra o colono recebia uma quantia em dinheiro, proporcional ao volume de grãos de café colhidos.
O colono podia usufruir de moradia gratuita e do uso de outras benfeitorias da fazenda. Plantava milho, arroz e feijão em locais determinados pelo fazendeiro e podia manter uma pequena horta ao redor de casa, criar alguns animais pequenos, como aves e porcos, e utilizar do pasto para umas poucas vacas e cavalos.
Essa produção independente fornecia o alimento para a sua família e o excedente era vendido ao fazendeiro ou nas vilas e cidades mais próximas da fazenda.
Erechim RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário