O uso do sobrenome para identificar uma determinada família surgiu no tempo dos antigos romanos. Desde os tempos mais remotos usava-se somente o nome da pessoa para individualizá-la. São conhecidos muitos nomes famosos: Caio, Publius, Marcus, Flavius, Gaius, Quintus, para os homens e Tullia, Valeria, Julia, Catulla, Servillia, Flora, para as mulheres. Aos poucos, com o aumento da população, foi se tornando necessário adotar uma outra maneira para individualizar uma pessoa. Assim, ainda na época dos romanos, apareceu uma outra forma de distinguir as pessoas livres. Era formada por três nomes: o praenomen, semelhante ao nosso nome; o nomen, que era o mais importante, referia-se ao grupo familiar a que pertencia o indivíduo e que distinguia a família a qual pertencia a pessoa, era conhecido também com gens. Então por exemplo o gens Tullia, o gens Julius. Para distinguir as várias famílias, entre os vários gens, que pertenciam a um mesmo cepo, que tinham uma raiz comum, foi acrescentado o cognomen,ou sobrenome de família. Este era então o elemento que individualizava uma pessoa no seio do grande grupo familiar e era característico de um só indivíduo. Em alguns casos com menor frequência ainda podiam acrescentar um quarto nome, ou novo cognomen, que era chamado de agnomen, para diferenciar ainda mais uma pessoa de outra. Geralmente, era o próprio cidadão romano que assumia mais este nome por livre e espontânea vontade. Assim, no século III A.C. temos o nome Marcus Porcius Cato Censorius, onde o agnomen Censorius (censor) foi acrescentado para distingui-lo de seus descendentes da época de Júlio César do século I A.C.
Como exemplo de nomes completos dos antigos cidadãos, podemos citar o nome completo de Cicero, o famoso escritor e orador romano, que viveu entre os anos 106 a 43 A.C. , que era assim: Marcus Tullius Cicero onde o praenomen é Marcus, o nomen derivado do gens ou família Tullia e Cicero é o cognomenpróprio do escritor ou da família em âmbito menor, inserida no grande clã chamado gens Tullia. Nesse nome Cicero é um apelido derivado de cicer, ciceris que queria dizer grão de bico ou figurativamente, que tinha uma verruga. Outro exemplo como um apelido podia se fixar e se transformar em um verdadeiro sobrenome: Calígula era o apelido de um imperador romano, que viveu entre o ano 12 D.C. e 41 D.C., um diminutivo da palavra sandália, usada pelos soldados romanos, que era denominada de caligae ou caliga. O seu nome era Caius Caesar Germanicus, mas ficou conhecido por Calígula.
Por volta do século V a distinção entre nomen e cognomen foi gradativamente se reduzindo e surge o chamado supernomen, ou signun. Era um nome único, de procedência não por hereditariedade, mas, ao mesmo tempo claro e de imediata compreensão.
No século VIII surgiu uma fórmula para fazer a distinção de um indivíduo de outro, que era citando o nome do pai, na expressão latina filius de. Ela pode ser vista na maioria dos textos e documentos da época. Como exemplo temos: Paulus figlius Alberti (ou seja Paulus filho de Alberti). Logo a seguir surgiu também a expressão latina filius quondam, que quer dizer filho do finado fulano de tal.
O cristianismo e as invasões dos bárbaros contribuíram para difusão de novos nomes que por sua vez, sobretudo, pela quantidade tão vasta de opções, que não deixavam margem a confusões para os indivíduos serem diferenciados.
Com o passar dos anos, já entre os séculos X e XI, por causa do grande crescimento da população, ficava cada vez mais difícil para se distinguir uma pessoa da outra. Se tornou necessário, mais uma vez, se distinguir entre os o indivíduos com o mesmo nome pessoal e todos aqueles pertencentes a mesma descendência. Nesse momento nasceu o sobrenomemoderno que podia ser originado do nome paterno ou materno, do lugar de proveniência, do trabalho e profissão que tinham.
No início o uso desse sistema era utilizado somente pelas famílias mais ricas, mas, a partir do século XIII e XIV se popularizou por toda a parte.
Com o Concílio de Trento, no ano de 1564 ficou estabelecido que os padres deviam manter um registro organizado e ordenado dos batismo nas suas paróquias, usando o nome e o sobrenome do recém nascido. À partir de então o sobrenome passou a ser hereditário. Este procedimento também tinha como objetivo evitar casamentos consanguíneos.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
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