Capa do Suplemento Dominical do Jornal Corriere della Sera, de Milão, no dia 08.12.1901, distribuído aos seus assinantes |
Chegados ao Porto de Gênova, quase sempre, deviam esperar alguns dias, as vezes algumas semanas, pela partida do vapor que os levaria para a tão sonhada terra “della cucagna”, a prometida América.
No espaço frente a estação de trens de Genova, geralmente era invadida por milhares de emigrantes recém chegados de toda parte da Itália, que se amontoavam esperando para o embarque no porto.
Durante o período esta espera, os emigrantes se viam desamparados e submetidos a toda sorte de provações, vendo muitas vezes, os seus poucos recursos economizados, roubados por uma gama enorme de todo tipo de aproveitadores, especuladores e ladrões.
Roubos de passaportes, dinheiro e bagagens eram constantes. O preço dos alimentos e dos albergues na área do porto eram intencionalmente inflacionados, por comerciantes desonestos, que viam nos pobres emigrantes uma oportunidade desonesta de aumentarem os seus lucros. Estavam mancomunados com as agências de viagens e as companhias de navegação. O que acontecia ali era simplesmente escandaloso e muito terrível.
Em declarações desses primeiros emigrantes nos dão conta que já eram roubados pelos próprios italianos antes mesmo de deixarem a Itália.
O padre Maldotti, enviado do Mons. Scalabrini, desempenhou importante papel na proteção e socorro desses infelizes emigrantes que ali chegavam, às vezes uma semana antes do embarque, abandonados à própria sorte.
Diferente dos italianos do sul que partiam quase sempre com os bolsos vazios, os emigrantes vênetos partiam sempre com uma pequena economia, fruto da venda de objetos das suas casas, de animais e de uma pequena fatia de terra.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS