...Na América
Terras no Brasil para os Italianos
Navios que partem todas as semanas do Porto de Gênova
Venha construir os vossos sonhos com a família
Um país de oportunidades. Clima tropical. Comida em abundância.
Riquezas minerais. No Brasil podereis ter o vosso castelo.
O governo dá terras e utensílios à todos.
No século XIX quase todos os países da Europa conheceram um aumento significativo da saída de seus cidadãos, que passaram a emigrar definitivamente para outros continentes, atraídos pelo sonho de uma vida melhor. Esse fenômeno não atingiu por igual todos os países europeus, dependeu de fatores internos de diferentes causas. Em comum tinham o violento desemprego, que atingia todos eles e a fome que já se fazia sentir em muitos lugares.
Na Itália não foi diferente, problemas causados pelo grande atraso econômico que se abatia sobre o país recém unificado, praticando uma agricultura deficitária, ainda usando métodos de cultivo medievais,que não conseguia competir com produtos importados dos Estados Unidos, fizeram surgir graves problemas de desemprego no campo.
Além disso, da metade deste século em diante, o país também foi atingido por muitas calamidades naturais, que agravaram a já insustentável situação no campo.
Até meados de 1869 era proibido emigrar através de portos italianos, os que o faziam necessitavam embarcar na França (Marsellha, Le Havre) ou na Bélgica (Antuérpia). Nesse ano, a lei que liberou a emigração na Itália enfim deu a possibilidade de serem usados os portos italianos e a grande emigração teve o seu início.
Por outro lado, países novos como o Brasil, naquele período estavam criando leis para por fim ao regime de escravidão, necessitavam urgentemente substituir aquela mão de obra escrava nas enormes plantações de café em São Paulo.
Por outro lado, a escassa densidade demográfica nos estados do sul tinha sempre sido motivo de preocupações para o Império, que via nisso uma situação de vulnerabilidade devido as várias fronteiras, precisando assim povoar rapidamente toda essa enorme região.
Para atrair os emigrantes o governo imperial brasileiro lançou mão de empresas especializadas, criadas para tal fim, que enviaram recrutadores para Itália, país que na ocasião tinha um enorme contingente de desempregados.
Na Itália, esses recrutadores lançaram de todo o tipo de procedimentos para alcançar o objetivo de conseguir o maior número possível de emigrantes. Visitavam as igrejas e as tavernas das vilas e das pequenas cidades nas províncias do norte e do sul, onde distribuíam uma farta propaganda, tentando atrair candidatos a emigrarem para o Brasil.
Valia tudo para seduzir os desesperados agricultores desempregados. Panfletos alardeando um Brasil de sonhos eram entregues para os possíveis candidatos e também fixados em locais públicos e privados de maior movimento.
As companhias de navegação italianas, até então de pouca expressão em relação à outros países europeus, se apressaram para aproveitar o boom da emigração. Também elas distribuíam volantes com propagandas coloridas, alardeando o el dorado brasileiro.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS