Entre os anos de 1875 e até pouco antes do início da primeira guerra mundial quase um quarto dos emigrantes italianos se dirigiam para a América do Sul. Não tinham conhecimento para que parte do país seriam levados, só no desembarque descobriam qual seria o destino de cada família. Os navios com emigrantes atracavam nos portos do Rio de Janeiro ou de Santos. Aqueles que estavam destinados para o Rio Grande do Sul, depois de um breve período de quarentena na Ilha das Flores, Rio de Janeiro, embarcavam em navios menores com destino a Porto Alegre onde ao desembarcarem eram instalados provisoriamente, nos chamados barracões, construídos para esse fim. Nesses locais não tinham muita privacidade, com as famílias amontoadas em pequeno espaço e a comida fornecida era desconhecida para eles, assim as recordações existentes dessa passagem não eram muito boas. Depois de aguardarem alguns dias pela demarcação das terras nas colônias chegava a ordem de partirem. Em vapores menores subiam lentamente pelo rio Caí. Os que ficariam no atual município de Bento Gonçalves desembarcavam em Montenegro e os que seguiriam para Caxias do Sul viajavam até a ultima parada que era em São Sebastião do Caí. Esta pequena povoação foi rapidamente promovida à município, mais em função do projeto de colonização. Na verdade era o ponto mais distante que se podia alcançar por barco vindo de Porto Alegre. Deste local em diante os imigrantes deviam percorrer a pé, alguns em carroças de bois ou mulas, abrindo o caminho com ajuda de facões, dando início ao trecho mais difícil do trajeto, que era a subida da Serra.
Os primeiros imigrantes italianos, três famílias, que chegaram ao Rio Grande do Sul foram instalados no distrito de Nova Milano, Farroupilha. Os lotes de terra naquela época eram ainda distribuídos pelo governo imperial brasileiro.
As dificuldades que tiveram que enfrentar na nova pátria foram enormes, mas, o sentimento de felicidade pelo sonho da propriedade ter sido realizado era externado, como podemos constatar já nos primeiros anos, nas cartas e cartões que esses imigrantes enviavam para os parentes e amigos que tinham ficado na Itália.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS