Os Cimbros são um povo de origem germânica que constituem hoje uma minoria étnica e linguística encontrados hoje dispersos nas zonas montanhosas de algumas províncias italianas:
1- Na província do Trento - especialmente no município de Luserna.
2- Na província de Vicenza - no Altiplano delle 7 Comuni di Asiago - em particular no município de Roana.
3- Na província de Verona - em particular na localidade Giazza, do município de Selva di Progno.
4- Também no planalto de Cansiglio, entre as províncias de Belluno e Treviso, foram identificados mais recentemente.
A língua dos cimbros ainda é falada por uma pequena minoria da população. Podem ser considerados um grupo étnico, com costumes e tradições de ascendência germânica.
É quase consenso da comunidade científica que o povo Cimbro é descendente de colonos alemães que migraram para essas regiões, trazidos por senhores de terras da época feudal, entre os séculos X e XII, para colonizar o planalto de Asiago e trabalhar no corte de árvores, então abundantes naquelas terras montanhosas repletas de densas florestas.
O primeiro pesquisador a levantar essa hipótese foi o pai da dialetologia alemã Johann Andreas Schmeller, em um livro de memórias de 1834, no qual afirmava que a língua falada pelos cimbros era uma evolução do alemão meridional nos séculos XII e XIII.
Um grande número de documentos medievais encontrados nos dão conta do frequente deslocamento de populações germânicas, a partir do século X, para os vales do Trento, Vicenza e Verona.
A partir de meados do século X a região das 7 Comuni di Asiago recebeu importantes ondas migratórias provenientes do sul da Alemanha e Tirol.
Talvez a mais antiga povoação dos cimbros seja o pequeno município de Foza, na província de Vicenza, hoje com uma população um pouco maior de 700 habitantes.
Essa núcleo habitado data de meados do século X e aos poucos, nos séculos seguintes, foi se expandindo pela atual região do Trento e finalmente província de Verona.
As migrações de populações da Bavária e do Tirol se tornaram cada vez mais consistentes, como atestam vários documentos da Sereníssima República de Veneza do ano de 1405, que relatam a chegada de grande número de mineiros alemães, os quais se miscigenaram com os cimbros já residentes.
O termo Cimbros somente aparece nominado, nos antigos documentos da república veneta, a partir do século XIV, sendo que antes disso eram definidos genericamente por alemães (todeschi ou teutônicos).
A civilização dos cimbros alcançou seu máximo desenvolvimento entre os séculos XVI e XVIII, quando então a sua população girava entorno de 20.000 pessoas.
Nesse período de apogeu, várias áreas estavam majoritariamente povoadas pelos cimbros, como:
1- Na província de Vicenza: nos municípios de Asiago (Slege), Roana (Robaan), Rotzo (Rotz), Gallio (Ghèl), Enego (Ghenebe), Foza (Vüsche), Lusiana (Lusaan), Conco (Kunken), Lagos, Posina (Posen), Valstagna, Valli del Pasubio, Valdastico, Recoare Terme (Recobör, Rocabör ou Ricaber) Altissimo, Crespadoro. Em alguns outros municípios vicentinos ainda se encontram populações com cultura cimbra residual: Caltrano, Calvene, Bassano del Grappa, Marostica, Torrebelvicino, Schio, Santorso, Arsiero, Velo d'Astico, Monte do Malo e Valdagno.
2- Na província do Trento: Folgaria (Folgrait), Lavarone (Lavròu), Luserna (Lusern), Terragnolo, Trambileno, Vallarsa (Brandtal), Centa San Nicolò, Ala (Val di Ronchi).
3- Na província de Verona: Selva di Progno (Brunghe), Sadia Calavena, Velo Veronese (Veljie), Roverè Veronese (Roveràit), Bosco Chiesanuova (Nauge Kirche), Erbezzo (Bìsan), San Mauro di Saline (San Moritz, Salain), Cerro Veronese (kame Ciree parte de Sant' Anna d'Alfaedo).
4- Na província de Mantova: Lessinia (aldeia de Malavicina), no município de Roverbella.
5- No século XVIII, após a chegada de Napoleão, houve um grande declínio econômico e cultural dos cimbros. Muitos se transferiram para o planalto de Cansiglio, formando algumas aldeias, onde se constata ainda hoje a sua presença cultural: Vallorch e Le Rotte no município de Fregona, na província de Treviso, Val Bona, Pian dei Lovi, Canaie Vecio e Pian Canaie no município de Tambre, província de Belluno, Campon, Pian Osteria e I Pich no município de Farra d'Alpago, também na província de Belluno.
A partir da segunda metade do século XIX, os Cimbros também participaram da emigração italiana para a América do Sul, fundando centros, especialmente no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, onde já existia uma forte comunidade alemã.
Os centros cimbros do sul tomaram os nomes de Luzerna, Nova Trento (hoje Flores da Cunha), Paraí, perto de Nova Bassano e São Roque, vizinho de Antônio Prado.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS