Além da sua contribuição profissional como médico, deixou também vários relatos das suas viagens, nos quais hoje podemos melhor compreender a vida dos imigrantes naqueles primeiros anos da chegada ao estado. Quando descrevia o Rio Grande do Sul dizia em seus relatos que “aqui não havia cólera, febre amarela, pestes, terremotos ou inundações. Aqui não temos rochas cobertas de neve, nem pântanos infestados do terrível plasmódio” Em um outro trecho de seus relatos dizia: "aqui existiam outros riscos como a presença de índios e animais ferozes que incomodavam os criadores de gado com matanças e rapinas”.
Foi um entusiasta da emigração italiana para o nosso país e exaltava para os seus compatriotas as vantagens do Brasil meridional. A carência de médicos da época, principalmente no interior do estado, pode também ser subentendida nos seus relatados, quando descreve a atenção desmedida que todos dispensavam a ele durante os seus deslocamentos pelo interior do estado.
Dr. Michele de Patta, nasceu em Scalea, município da província de Cosenza, região da Calábria no sul da Itália, em 9 de fevereiro de 1888 e faleceu em 13 de julho de 1946. Ingressou na Faculdade de Medicina na Universidade de Camerino, província de Marche no ano de 1910, passando depois pelas universidades de Bologna e Nápoles, formando-se nessa última em 1916. Emigrou para o Brasil depois da primeira grande guerra, no ano de 1920. Trabalhou inicialmente em Porto Alegre, seguindo depois para Rio Pardo e Restinga Seca, onde construiu um hospital. Mudou-se para Joaçaba e Herval d'Oeste, onde também construiu um hospital. Em 1938 seguiu para Criciúma. Como seu desejo era adquirir um equipamento de raios X, e sendo Orleans a única cidade do sul de Santa Catarina a dispor de energia elétrica, seguiu para Orleans em 1938. Está sepultado em Joaçaba SC.
O Dr. Piero Francesco Bertoni, se formou em Medicina na universidade de Modena, no ano de 1900, e se estabeleceu em Rio Grande. Era especializado em tisiologia, doença da qual era acometido e exerceu suas atividades junto a Santa Casa de Misericórdia de Rio Grande.
O Dr. Riego Sparvoli, nasceu em Tolentino, província de Macerata, diplomado médico pela Universidade de Medicina de Roma em 1907, radicou-se no Brasil no ano de 1912 trabalhando primeiramente na Santa Casa de Misericórdia de Pelotas e logo mais tarde transferindo-se para a cidade de Rio Grande. Participou da I Guerra Mundial onde exerceu a especialidade de cirurgião junto a Croce Rossa. Faleceu em 1947 devido a doença de Hodgkin.
Dr. Giuseppe Ricaldone iniciou os seus estudos de medicina em Roma, onde cursou o primeiro ano de Medicina. Diplomou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, no ano de 1909. Exerceu sua profissão na Santa Casa de Misericórdia de POA e na sua clínica particular. O local onde então ficava a sua residência passou a ser conhecida por Morro Ricaldone, localizada entre os bairros Moinhos de Vento e Floresta.
Dr. João Vassali nasceu em 1877. Formou-se na Faculdade de Medicina de Nápoles. Clínico e cirurgião exerceu a profissão na Santa Casa de Livramento. Também trabalhou em Garibaldi, Getúlio Vargas e Erebango. Nesta última cidade fundou um hospital as suas próprias custas.
Dr. Giovanni Maffei, formou-se na Universidade de Nápoles, trabalhou como assistente de cirurgia no Hospital Humberto 1º, em São Paulo, e depois se radicou em Vila Montauri, município de Guaporé.
Dr. Daniel Biasotti, formado pela Universidade de Gênova, especializou-se em clínica geral e cirurgia e se estabeleceu em Muçum, RS, depois de passar um tempo trabalhando em São Paulo.
Dr. Nicola Turi exerceu a medicina nas especialidades de clínica geral e a cirurgia no Hospital Italiano de Montevidéu e mudou-se para o Brasil, estabelecedo-se em Santa Maria.
Dr. Pedro Turi exerceu a profissão em Cruz Alta.
Dr. Vicenzo M. Bornancini, formado na Universidade de Pádua em 1905, foi médico oftalmologista e diretor do Hospital Nossa Senhora Rosário da Pompéia em Caxias do Sul.
Dr. Giovanni Canessa, formado em Gênova, primeiro médico do Hospital São Roque de Getúlio Vargas, em 1927. Fundou um hospital em Erebango, no Alto Uruguai.
Dr. João Orestes Medaglia, nascido em Morano Calabro em 1900 veio para o Brasil ainda muito jovem junto com a sua família no ano de 1903. Fez o curso primário e secundário em escolas de Porto Alegre e retornou à Itália para fazer o curso de Medicina, diplomando-se em Nápoles em 1924, estudos de especialização em Roma, Turim, Florença. Paris e Rio de Janeiro. Retornou à Porto Alegre onde exerceu a profissão. Teve passagem pelo interior do estado trabalhando em Erechim e Sarandi. Morou também em Colorado e Porto União no estado de Santa Catarina, antes de se radicar definitivamente em Passo Fundo, no ano de 1937.
Dr. Giuseppe Carotenutto, nasceu em Nápoles, em 1900, formado pela Real Universidade de Nápoles em 1923. Emigrado no Brasil trabalhou em Santo Ângelo e posteriormente em Porto Alegre.
Dr. Romulo Carbone nasceu em 1879, em Priocca, província de Cuneo, região do Piemonte. Formou-se em Modena, em 1903. Em 1914 transferiu-se para Porto Alegre e depois para Caxias do Sul. Faleceu em 1961.
Dr. Paolo Rosito, nasceu em Morano Calabro, província de Cosenza, região da Calábria no ano de 1906, formado em Roma, em julho de 1932, trabalhou em Getúlio Vargas, ano 1935. Faleceu em 1988 em São Paulo.
Dr. Marco Finocchio nasceu em Messina, em 1894. Diplomou-se na faculdade de Medicina da mesma cidade. Fez o curso de aperfeiçoamento do Prof. Burn na Universidade de Berlim, nos anos de 1921 e 1922. Foi assistente de Higiene da Universidade de Messina e diretor do Instituto Pasteur no período de 1923 a 1932. Pelas datas este médico se estabeleceu no Brasil com pelo menos 38 anos de idade. Radicou-se em José Bonifácio (Erechim) onde trabalhou como clínico geral e cirurgião.
Alguns outros médicos que também exerceram a profissão no Rio Grande do Sul:
Giovanni Campelli cirurgião