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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Entre Lágrimas e Esperança: A Saga da Imigrante Italiana na Colônia Nova Itália


 

Entre Lágrimas e Esperança: 
A Saga da Imigrante Italiana na Colônia Nova Itália


Nos versos que ecoam a voz da história,
Relato a jornada de uma alma forte,
Imigrante italiana, longe de casa,
Em busca de um futuro, de um novo norte.

A dor em seu peito, o desamparo,
Ao desembarcar na colônia distante,
A visão desoladora, um mundo rude,
Onde a luta seria constante.

Os olhos cansados encontravam miséria,
Faltavam alimentos, agasalho, abrigo,
Casas precárias, um lar desolado,
Onde a esperança parecia um castigo.

Insetos invasores, portadores de dor,
Causavam feridas, máculas no corpo,
A pele marcada, a alma abatida,
A mulher imigrante enfrenta o escorço.

Mas em meio ao caos, um raio de luz,
A alegria estampada nos rostos sofridos,
Pois mesmo com as adversidades cruéis,
Chegaram com saúde, corações renascidos.

A força da união, das mãos que se dão,
Na colônia de Nova Itália, em Morretes,
A solidariedade, manto de esperança,
E a mulher imigrante se levanta, se refaz.

Os dias difíceis forjaram sua resiliência,
A raiva se tornou em fervor resistente,
No trabalho árduo, na superação diária,
Ela encontrou a força, foi persistente.

Nos campos verdejantes, com suor e sacrifício,
A mulher imigrante semeou sua nova pátria,
Das terras brasileiras, colheu frutos de glória,
Transformou o deserto em jardim, em sinfonia.

Ainda com marcas do passado,
Mas com olhar de gratidão,
A mulher imigrante, símbolo de luta,
Encontrou no Brasil nova comunhão.

Neste poema, celebro sua coragem,
A dor enfrentada, os sentimentos vividos,
Uma mulher imigrante, exemplo de força,
Que escreveu sua história, mesmo nos tempos mais duros e sofridos.




sábado, 15 de julho de 2023

Terra de Partidas: A Dor e a Esperança dos Imigrantes

 




Terra de Partidas: 

A Dor e a Esperança dos Imigrantes



Havia uma mãe corajosa chamada Sofia, que vivia em uma pequena vila no interior da Itália. Seu filho, Giovanni, um jovem cheio de sonhos e esperanças, decidiu embarcar em uma jornada em busca de oportunidades melhores. Com o coração apertado, Sofia deu seu apoio ao filho e o viu partir para uma terra distante: o Brasil.
A separação foi dolorosa para ambos. Sofia sentia uma mistura de orgulho e tristeza ao ver Giovanni seguir seu caminho. Sabia que a vida naquelas terras desconhecidas seria difícil, mas a esperança de um futuro próspero mantinha-os fortes.
Os meses se passaram e as cartas eram o único elo entre mãe e filho. Cada palavra escrita era um bálsamo para a saudade que apertava o coração de Sofia. Nas linhas das cartas, Giovanni contava sobre suas conquistas e desafios, sua adaptação à nova terra e seus sonhos de sucesso.
Aos poucos, porém, as cartas tornaram-se menos frequentes. O silêncio que se instalou trouxe angústia e incerteza. Sofia vivia em constante preocupação, imaginando o que poderia ter acontecido com seu amado filho. A dor do adeus pesava em seu peito, e a distância parecia insuperável.
Na colônia em que Giovanni se estabeleceu, a vida era árdua. Os imigrantes enfrentavam desafios diários, lutando contra a falta de recursos, as condições precárias e a saudade de casa. O Brasil era uma terra de promessas, mas também de incertezas e dificuldades.
Sofia buscava conforto nas lembranças dos momentos felizes que compartilhara com seu filho. As risadas, os abraços apertados e os sonhos compartilhados alimentavam sua esperança de que um dia se encontrariam novamente.
Em meio à dor do adeus, Sofia encontrou forças para seguir em frente. Ela buscou apoio na comunidade italiana local, onde outros pais e mães compartilhavam suas histórias de imigração e saudade. Juntos, eles enfrentavam a jornada árdua de construir uma nova vida longe de casa.
No entanto, a falta de notícias de Giovanni persistia. A incerteza corroía o coração de Sofia, que rezava todas as noites por um sinal de seu amado filho. A dor do adeus parecia insuportável, e a esperança se misturava com o medo do desconhecido.
Anos se passaram e a vida seguiu seu curso. Sofia envelheceu, mas sua fé e amor por Giovanni permaneceram inabaláveis. Cada dia era uma batalha contra a saudade e a incerteza, mas ela nunca deixou de acreditar que um dia se reuniriam novamente.
Em uma manhã ensolarada, uma carta finalmente chegou. Sofia, com as mãos trêmulas, abriu o envelope e leu as palavras que havia esperado por tanto tempo. Giovanni estava vivo e retornaria para a Itália.
O encontro entre mãe e filho foi uma mistura de emoções indescritíveis. As lágrimas de alegria e alívio não podiam ser contidas. O abraço entre eles era tão intenso que parecia selar os anos de separação. Sofia sentia o coração transbordar de felicidade, finalmente tendo seu filho de volta.
Giovanni contou a história de sua jornada, os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas. A distância e a dor do adeus não tinham sido em vão. Ele havia construído uma vida nova no Brasil, com sucesso e prosperidade.
No entanto, o retorno de Giovanni não significava apenas a reunião de mãe e filho. Era também o reencontro com uma comunidade que havia compartilhado a mesma dor e esperança. As histórias de imigrantes se entrelaçavam, formando um laço eterno de solidariedade e superação.
Sofia percebeu que a dor do adeus, apesar de intensa, não era o fim da história. Era parte de uma jornada maior, repleta de desafios e aprendizados. A ausência de seu filho havia fortalecido sua determinação e amor incondicional.
O retorno de Giovanni trouxe consigo um sentimento de gratidão e renovação. Mãe e filho se uniram para contar suas experiências, compartilhando suas dores e alegrias com outros imigrantes. Eles se tornaram um símbolo de resiliência e esperança, inspirando outros a enfrentarem suas próprias adversidades.
Os laços eternos que uniam mãe e filho eram agora compartilhados com uma comunidade inteira. A dor do adeus transformou-se em um testemunho de coragem, perseverança e amor inquebrantável. O reencontro era o culminar de uma jornada marcada pela saudade e pela crença de que o amor pode superar todas as distâncias.
Sofia e Giovanni, agora unidos novamente, seguiram adiante. Suas histórias ecoaram nas mentes e corações daqueles que ouviram sobre sua jornada. A dor do adeus se transformou em uma lembrança poderosa do poder do amor e da força da família.
E assim, no coração de cada imigrante, as palavras "laços eternos" ressoam como um lembrete de que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o amor e a esperança podem prevalecer. Pois, quando se tem o coração unido por laços eternos, o adeus não é o fim, mas apenas o começo de uma nova e extraordinária história.


de Gigi Scarsea
erechim rs









domingo, 1 de novembro de 2020

Carta de um Imigrante Italiano no Interior de São Paulo





O imigrante Giuseppe Manzoni, de Feletto, enviou carta, de uma fazenda de São José do Rio Pardo, aos 11 de março de 1889, ao professor da escola elementar de sua cidade natal. Aquele fora um ano agitado no Brasil pelas manifestações anti monárquicas, visando a República. O autor, ao comentar a carta, diz que ela foi expedida de São José do Rio Pardo, um grande centro agrícola, com 24.000 habitantes, cuja metade era formada por italianos.

No início da carta, o imigrante relata, impressionado, os distúrbios e os diversos acontecimentos políticos que ocorriam em São Paulo, visando à proclamação da República. Descreve, também, a revolta irrompida na Hospedaria dos Imigrantes, aproveitando-se da situação política brasileira, provocada pelo tratamento oferecido aos enganados italianos que, depois de quase um mês de viagem de navio, mais 4 horas de trem de Santos a São Paulo, eram jogados em grandes quartos da hospedaria, que comportava até 700 pessoas, onde centenas se desesperavam com o desconforto, com os maus tratos, com a fome, com a mortalidade infantil.

Giuseppe, o missivista, com um certo desprezo, como que assumindo velho preconceito racial, refere-se a seus compatriotas do sul - os napolitanos – residentes em São Paulo, com palavras ríspidas: "bruta gente, bestemiatori, senza religione" ... Talvez fosse a velha rixa entre camponeses do norte e do sul, ou discórdia religiosa e, não, ódio racial, pois os colonos vênetos conviveram fraternalmente com os negros escravos e ex-escravos do Brasil.

Ele comenta a beleza das colinas lisas cobertas de café, os bosques, as estradas não-conservadas, a estrada de ferro, o café, a fartura, a carestia das coisas, as casas da colônia, a carne de porco distribuída aos colonos, a água pura, as distâncias entre a fazenda e a igreja e de S. José a São Paulo, as festas com bailes na casa do patrão, Giovanni De Toffoli, o arrependimento dos imigrantes que deixaram suas terras, a pouca religiosidade, o padre da paróquia.






São José do Rio Pardo, 11 de março de 1889.

Caro professor

Digo-lhe que partimos dia 27 de janeiro da Casa de Imigração, onde morreu meu avô Sisto, um filho de Antonio Barel e uma menina de Antônio Celotto. Digo-lhe, também, que no dia 26 de janeiro, naquela casa, aconteceu uma revolução: jogaram fora, no quintal, o que estava na cozinha: sopa, carne, pão, tudo pela janela. Fugiram todos os empregados, cozinheiros, patrões. Pisaram em tudo, até nos pratos. Esta revolta atemorizou meio mundo.

Telegrafaram. Vieram guardas, avaliadores, militares da cavalaria, que acalmavam os imigrantes, dando-lhes razão, pedindo-lhes paciência, dizendo-lhes que no dia seguinte seria trocado o cozinheiro e que a comida seria melhor. Ninguém ficou ferido. Tudo melhorou e comia-se bem.

No dia 26, estourou uma revolução em São Paulo. Os civis brasileiros esperavam reforço da Casa de Imigração, mas quem tinha família não se manifestou para não assustar mulher e filhos. Uma jovem de 17 anos estava fora da casa e viu, na rua, cortarem a cabeça de um cavalo, de um militar. Assustou-se, morrendo cinco horas depois no hospital. Os militares prenderam poucos, levando-os à prisão; então voltou a calma.

Os italianos napolitanos residentes em São Paulo, com negócios, restaurantes, queriam a República, queriam mandar em tudo: gente bruta, blasfema, sem religião. 

Os brasileiros são bons: a maior parte é negra; todos vivem muito bem: gente alegre, sem preocupações. Sempre, à noite, fazem festa, com baile, na casa do nosso patrão. Ele também gosta de dançar, de cantar, de estar alegre.

Digo-lhe que aqui, na fazenda, seis famílias estão juntas, distribuídas em duas casas, mas já estão fazendo mais quatro, quase terminadas. O patrão, Giovanni De Toffole (não era o dono, deveria ser o administrador), nos dá tudo o que precisamos. Com ele, formamos uma só família. Ele nos paga dois "francos" por dia, com despesas, chuva, sol, para acondicionar o milho.

Aqui no Brasil é preciso colocar o milho com palha no paiol, porque se fosse sem palha não duraria mais que cinco meses. Com palha, ele se mantém durante dois ou três anos.

Aqui tudo é caro; custa para viver. Neste ano a colheita de tudo é abundante. Aqui não é como na Itália: não se sofre a seca; chove toda semana o necessário. A terra é muito fértil, não precisando cultivo. Os bosques são densos, de um tamanho extraordinário.

Os negros que queimam os bosques não arrancam nenhuma árvore, deixando-as, enormes, em pé. Plantam as sementes sem aração e, em cada cova, colocam cinco grãos, e todos brotam, dando uma ou duas espigas em cada pé.

Aqui, agora, estamos carpindo café. Ganha-se pouco porque o mato, no meio do cafezal, tem a altura de um homem, mas se ganha 25 mil florins por mil plantas.

Se o senhor pudesse ver a maravilha que é uma colina de café! Os grãos iguais que caem do pé parecem avelãs.

Todas as plantações são alinhadas, tendo estradas entre elas, que podem passar carros. Tem laranja, limão e outras frutas. Tem fumo para fumar. 




A planta do café tem folhas como as de louro. (...).

Maravilhoso é ver que nos bosques não há animais selvagens, porque não há cavernas; todas as colinas são lisas, belíssimas.

Nós temos todo o conforto: lenha infinita, abundância de água, uma roda que toca um pequeno moinho que passa no terreiro: água boa, patrões bons.

As casas são de madeira, mas muito bem feitas, com quatro quartos, cozinha e forno. Elas são baixas, cobertas de telhas de barro vermelho. Aqui na América todo barro é vermelho.

Todo sábado se mata um porco com mais de cem quilos. A carne é distribuída aos colonos, como, também, a gordura para o tempero. A carne é barata: custa 80 centésimos o quilo, e pernas, cabeça, fígado nada custam.

Digo-lhe que na América as estradas são péssimas. Não se pode imaginar! Tanto assim que para puxar um carro de duas rodas, com peso de mil libras, são necessários quatorze enormes bois. Se houvesse boa vontade custaria pouco consertá-las. As estradas de ferro são estreitas e entram no meio dos bosques. Os trens vão como o vento: correm muito mais que os da Itália. Eu saí de São Paulo às seis da manhã e cheguei às quatro da tarde em São José do Rio Pardo, distância que calculo seja de Conegliano a Gênova.

Muitos imigrantes se arrependeram ao encontrarem-se tão longe da terra natal. Muitos que tinham três filhos ficaram sem nenhum. As mães desesperadas amaldiçoaram a "Merica" e procuraram retornar à Itália, por meio da emigração. Outros tantos não tiveram sorte com as famílias, vendo-se no meio do desolamento. Muitos morreram de paixão. É preciso pensar seriamente antes de empreender a longa viagem, porque facilmente se arruína. Não aconselho ninguém a partir quando não se é chamado por parentes.

Aqui a religiosidade é pouca. Nós estamos longe da igreja da cidade, como de Feletto a Conegliano. Dois ou três de nós vamos às festas, quando o tempo ajuda. Se chove, ninguém vai.

Em São José há um só padre e uma só missa. Depois da missa, a igreja se fecha e ninguém pode mais entrar. Quando o padre vai a algum lugar vizinho, ganhando 50 florins, ele deixa a cidade sem missa, mesmo em dia de festa. Quando morre alguém, precisa-se levá-lo à igreja, pagando-se pela bênção 10 florins. Para limpar um relógio, Luís pagou 10 liras italianas; para fazer um terno, 30; e para arrancar três dentes, 30. Tudo muito caro! (...).

Seu amigo

Manzoni Giuseppe.