Fogolar Furlan
Foi somente no ano de 1872 que, no Friuli Venezia Giulia, chegaram as primeiras notícias da possibilidade de emigrar para as terras brasileiras. Neste ano o cônsul geral do Brasil, lotado na cidade giuliana de Trieste, entregou às autoridades do governo local, cópia do contrato firmado em Porto Alegre, entre o presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul com as empresas de imigração Caetano Pinto & Irmão e Holtzweissig & Company, para introdução nas terras da província de 40 mil colonos no período de dez anos. Deveriam emigrar com a família e gozarem de boa saúde.
Segundo aquele contrato os candidatos a serem recebidos na província meridional do Brasil deveriam ser originais metade da parte sul e a outra metade do norte da Europa: escandinavos, ingleses, escoceses, holandeses, belgas, suíços, austríacos, alemães, franceses, húngaros, bascos e portugueses.
Grupo Furlan
Também especificava que o número de imigrantes alemães não poderia ultrapassar da metade do total de imigrantes. O número de imigrantes a serem introduzidos anualmente seria de no máximo 6 mil e no mínimo de 2 mil, salvo força maior que deveria ser previamente justificada ao governo da província.
No contrato também haviam as cláusulas que estabeleciam a compensação financeira aos agentes de emigração por cada emigrante que arrecadassem: sessenta mil réis por cada indivíduo maior de 14 anos, 55 mil réis pelos de 10 anos até 14 anos e 25 mil réis para os com idade compreendida entre 2 e os 10 anos de idade completos.
O contrato com as companhias de emigração também estipulava que os imigrantes seriam recebidos pelo governo provincial no Porto de Rio Grande ou no de Porto Alegre, garantindo transporte, alojamento e alimentação para todos desde o momento da chegada até a instalação definitiva nas colônias provinciais
Na carta, que acompanhava as cópias dos contratos, o cônsul solicitava para as autoridades giulianas darem a maior publicidade e ao mesmo tempo alertava para os cuidados para que os colonos não fossem enganados pelos angariadores de mão de obra, já em grande número circulando por toda parte.
Os habitantes do Friuli Venezia Giulia, os friulanos, furlani, também eram conhecidos por austríacos, pois, estavam sujeitos à administração do Império Austro-Húngaro, não foram rapidamente seduzidos pelas facilidades que estavam sendo ofertadas pelo governo imperial brasileiro.
Foram ainda necessários mais 5 anos para que em 1877 o número de emigrantes pudesse alcançar um nível mais significativo. Isso certamente se deveu pelas medidas de dissuasão postas em prática pelo ministério do interior austríaco com a finalidade de dificultar a emigração para o Brasil.
Entre essas medidas constaram também a divulgação pública de experiências negativas de imigração que estavam ocorrendo em algumas colônias de imigrantes nos estados de Minas Gerais, Bahia e São Paulo.
Foram os agricultores do Friuli italiano, de Udine, a participar dos fluxos migratórios para o Brasil. Em 1878, no boletim da associação agrária friulana, vemos a indicação dos vários "comunes" de onde emigraram centenas de agricultores friulanos: Ampezzo, Forni di Sopra, Cuja, Gemona, Cimolais, Frisando, Cordenons, Fontanafredda,Rive d'Arcano, Roveredo in Piano, Caneva e Polcenigo.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
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