No dia 23 de Janeiro de 1924, os leitores do Jornal Staffeta Riograndense, mais tarde Correio Riograndense, tiveram pela primeira vez contato com uma história, em talian, que seria publicada semanalmente, em diversos capítulos, chamada Vita e Stòria di Nanetto Pipetta, um personagem fictício criado pela imaginação do escritor e frei capuchinho Aquiles Bernardi.
A publicação semanal no jornal durou até 18 de Fevereiro de 1925 e estabeleceu rapidamente um forte vínculo de simpatia e cumplicidade entre os leitores e o burlesco personagem.
Contava a história de Nanetto Pipetta, um jovem vêneto que emigrou para o Brasil em busca da sorte. Ele era um misto de personagem ingênuo, inteligente, esperto, trabalhador, sempre criando situações divertidas, que de imediato captou a simpatia do público leitor.
A história é uma narração bem fiel da vida daqueles primeiros imigrantes que vieram para as colônias do Rio Grande do Sul. Um conto que no fundo retrata, nos seus vários capítulos, um pouco da verdadeira história da imigração italiana no sul do Brasil, vivida por aqueles imigrantes e seus descendentes, a maioria leitores do jornal.
Nanetto Pipetta na verdade personificou todos os imigrantes vênetos que vieram para o nosso país.
De tão popular que era, durante a época de perseguição aos italianos, na era de Getúlio Vargas, quando as pessoas não podiam falar o talian, os textos foram escondidos em porões, guardados como uma relíquia, para não serem apreendidos pelos agentes do governo.
O sucesso alcançado pelas publicações foi tão grande, que em 1937 a coletânea de contos, foi impressa em forma de livro, com o título de “Vita e Stòria de Nanetto Pipetta – Nassuo in Itàlia e vegnudo in Mèrica par catare la cucagna”já reeditado diversas vezes pela editora EST, sendo que por anos, diversas edições foram rapidamente esgotadas. O livro pode ser encontrado em talian e em português. Nesse último se perde muito da beleza e do encanto da maneira de falar dos primeiros imigrantes.
Durante muito tempo foi a história predileta das crianças na zona colonial italiana do Rio Grande do Sul, contadas pelos pais ou avós, quando elas iam dormir. Foi também com as peripécias de Nanetto Pipetta que várias gerações de descendentes dos primeiros emigrantes aprenderam a ler.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
2 comentários:
Eu tenho a terceira edição em italiano impressa em 1957 de Nanetto Pipetta . Uma relíquia .
Eu também tenho a terceira edição . Uma relíquia.
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