O Lazareto da Ilha Grande funcionou como hospital de quarentena até 1913. A sua criação se deveu ao temor do Império do Brasil que a onda de epidemia de cólera que assolava diversos países europeus chegasse aos portos brasileiros. O sistema de quarentena foi inicialmente adotado para combater a disseminação das doenças epidêmicas na então sede da corte portuguesa na América. Durante o período de sua construção, foi previsto pelas autoridades de saúde que a “quarentena quando necessária seria feita no sítio da Boa Viagem, devendo ali serem ancoradas as embarcações impedidas pelos oficiais da saúde”. Também nesse mesmo decreto foi previsto que os navios que transportavam escravos cumprissem o período de quarentena no ancoradouro da Ilha do Bom Jesus. Mais tarde, em meados do século XIX, as autoridades imperiais criaram provisoriamente, na enseada de Jurujuba, um lazareto flutuante estabelecido num navio, para quarentena da febre amarela, cólera-morbo e a peste do Oriente. Mas isso ainda não era suficiente e foi nomeada uma comissão para definir um local mais apropriado para a construção do lazareto e assim decidiram pela enseada do Abraão, na Ilha Grande, no litoral do estado do Rio de Janeiro, que possuía inúmeras vantagens, como o clima favorável e espaço suficiente para mais de um ancoradouro, além de terrenos disponíveis para edificação de diversos edifícios, permitindo a realização da desinfecção das bagagens, do isolamento dos internos, dos serviços administrativos.
No último quarto do século XIX o governo imperial fez erigir um edifício apropriado para receber os passageiros doentes ou suspeitos de cólera, procedentes da Europa. Ali eles poderiam ser alojados por um período de quarentena a fim de impedir a propagação do cólera através do porto do Rio de Janeiro. A esse edifício se deu o nome de lazareto, cujas obras foram concluídas em fevereiro de 1886. As embarcações provenientes de portos onde já haviam se manifestado casos de cólera e os navios em que haviam sido notificados casos a bordo, deviam ser recebidas no Brasil somente após passarem por um período de quarentena no Lazareto de Ilha Grande. O desembarque dos passageiros e cargas era obrigatório, sendo as embarcações detidas durante o período necessário para a sua desinfecção. O isolamento dos passageiros era feito seguindo o mesmo critério de classes a que estavam sujeitos quando embarcados, para continuarem recebendo durante o período da quarentena, os mesmos privilégios. Para tanto foram construídos pavilhões para receber separadamente os passageiros da primeira, segunda e terceira classes. Para tanto os edifícios foram construídos distantes uns dos outros, mas, que pudessem ser vigiados o tempo todo.
Resumo
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS