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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Explorando a Razão por Trás do Sufixo -i em Sobrenomes Italianos


 


A questão dos sobrenomes que terminam com a letra -i tem sido objeto de debate entre os estudiosos genealogistas, pois possui um interesse teórico, contribuindo para mostrar que um grupo familiar poderia ter sido nomeado de forma plural.

Nos primórdios da civilização, o sobrenome era, na maioria das vezes, uma etiqueta oficial e artificial que o portador, especialmente no campo, só usava quando era obrigado, como por exemplo, em atos notariais; o resto do tempo, as pessoas se denominavam de maneira completamente diferente. No entanto, a denominação oficial e a etiqueta, permaneceram e acabaram se impondo nos documentos escritos.

Na Idade Média, os notários redigiam seus documentos em latim, não na língua falada pela maioria da população, e a notação de nomes e sobrenomes individuais deveria ser um "ponto de encontro" entre a forma vulgar e uma forma latina ou latinizada.

Muitos sobrenomes italianos terminam pela letra -i porque derivam em grande parte dessas fórmulas notariais latinas, nas quais eram registrados patronímicos. Vejamos um exemplo clássico:

Em um ato notarial, Pietro filho de Martino foi escrito como Petrus filius Martini e, com o tempo, "filius" desapareceu. A terminação em -i foi sendo incorporada a outros tipos de sobrenomes, como os que derivam de topônimos.

Na Lombardia, o sobrenome Inzaghi se formou a partir de Inzago, assim como Galbiati de Galbiate, Turati de Turate, etc. O mesmo ocorreu com os derivados de nomes ligados a ocupações ou apelidos:

Iohannes filius Ferrario (Giovanni filho do ferreiro) deu lugar a Giovanni Ferrari. A terminação -i se referiria a "grupos familiares".

O -i nos sobrenomes italianos representa, em princípio, a terminação do genitivo masculino singular latino utilizado pelos notários na redação de seus documentos. Denominações que parecem aplicar-se mais a grupos familiares, ou, talvez, até mesmo a pessoas ou clãs que viviam na mesma casa ou próximos.

No entanto, existem inúmeras exceções, como Paoli, considerado por alguns autores apenas uma adaptação de Pauli do latim notarial.

A finalização -i predomina no Norte, contrastando com o Centro e o Sul da Itália, onde os sobrenomes frequentemente apresentam distintas terminações vocálicas (o, a, u). Por vezes, essas terminações também são acentuadas, refletindo origens linguísticas que se entrelaçam com narrativas bastante diversas.

Ao analisar os 100 sobrenomes mais comuns em cada uma das 20 regiões italianas, observa-se que somente 847 deles apresentam a terminação -i. Outras terminações incluem 526 com -o, 233 com -a, 151 com -e, 60 com -n, 44 com -r, 41 com -s, 28 com -u, e 70 terminam com diferentes letras.



quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Sobrenomes Italianos Inspirados no Ato de Comer e em Ingredientes Alimentícios



O sobrenome Mangia e suas variações têm raízes em apelidos atribuídos, com significados que variam do humorístico ao desdenhoso, todos relacionados à ação de "comer". O verbo "mangiare" originou diversos sobrenomes italianos, muitas vezes ligados ao hábito alimentar que refletia a posição econômica da família. Contudo, o ato de comer muitas vezes assume uma conotação constrangedora.

Em sentido literal, "mangiare" pode ser interpretado como uma pessoa que se alimenta abundantemente, incapaz de medir a quantidade ingerida. Por exemplo, "Mangia = come", usado com tom brincalhão. Outros incluem "Mangione/i" para quem tem grande apetite, e "Mangiarotti" para os amantes da comida. "Mangiullo/i," derivado de apelidos que expressam o comportamento glutão dos primeiros portadores do sobrenome.

Sobrenomes como "Mangialardo/i" indicam consumo de banha de porco, sugerindo riqueza ou excesso alimentar. "Mangiatordi" sugere alguém entregue a exageros alimentares. "Mangiapane" ou "Mangialavori" refletem características do chefe de família, como preguiça ou mudança frequente de ocupação. "Mangiamela/e/i" destaca a produção ou consumo de alimentos específicos, frequentemente com uma conotação depreciativa.

Sobrenomes zombeteiros, como Pappa, Pappóne, Pappacena, têm origens em "pappare," referindo-se ao excesso alimentar ou à gula. Figurativamente, "pappare" também relaciona-se à obtenção de grandes lucros ilícitos, gerando sobrenomes que fazem alusão à desonestidade, como Pappalardo e Pappone.

Palavras como pità, pite e picà, significando picar ou mordiscar, originam sobrenomes como Pitta, Pittaluga e Piccaluga, associados àqueles que degustam uvas ou colhem dos vinhedos. Pittamiglio e Piccamiglio referem-se a quem come ou se apropria de mijo.

Associando comer ao abdômen, originam-se sobrenomes como Panza, Pancia, Panzóne, Panzini, Pancini, entre outros, indicando barriga de grávida, barrigudo ou comilão.


A conexão entre comer e o abdômen, origem de muitos sobrenomes italianos, é evidente em apelidos relacionados à palavra "panza" (barriga) e suas variações dialetais. Exemplos incluem sobrenomes como Panza, Pansa, Pancia, Panzetta, Panzóne, Pancera, Panzuti, Panzotazuto, Panzini, Panzino, Pansini, Pansino, Pancini, Pancino, Pancin, Panzacchi, Pansardi, Panzarella, Pansarella, Panzarino, Panzera, Pansera, Pancièra, Panzavuota (barriga vazia, raro).

Esses sobrenomes, por vezes, retratam características físicas, como ser barrigudo, ou o comportamento relacionado ao consumo de alimentos. Em sua diversidade, esses apelidos proporcionam um vislumbre das nuances culturais e sociais presentes nas tradições de nomenclatura italiana, onde o cotidiano e as peculiaridades humanas se entrelaçam de maneira única. Assim, os sobrenomes não são apenas etiquetas, mas narrativas que ecoam através das gerações, preservando a rica tapeçaria da história familiar.