Pietro Tabacchi
e a sua expedição ao Espírito Santo em 1874
Pietro Tabacchi um empresário trentino refugiou-se no Espírito Santo, fugindo dos seus credores na Itália, fixando-se zona norte do Rio de Janeiro, onde em poucos anos montou uma florescente atividade comercial, baseada sobretudo na exportação de madeira, à qual havia acrescentado a compra de grandes extensões de terra.
Em 1873 Pietro Tabacchi celebrou um contrato com o governo do Rio que previa o encaminhamento de certo número de fazendeiros europeus para suas terras, obtendo o financiamento de certa quantia do Ministério da Agricultura.
O empresário teria colocado esses trabalhadores em sua fazenda onde teriam cultivado café. O próprio Tabacchi dirigiu-se ao Trentino onde abordou os emigrantes e com a ajuda de seu conterrâneo Pietro Casagrande conseguiu finalmente reunir um grande grupo de famílias, composto por quase 400 camponeses, um médico e um capelão, além do seu auxiliar Pietro Casagrande que partiram do Porto de Gênova no dia para Vitória, no Espírito Santo, em 3 de janeiro de 1874, a bordo do veleiro La Sofia. Depois de uma travessia que durou 45 dias chegaram ao Brasil.
O contrato que os chefes de família firmaram com Tabacchi estipulava que cada família receberia 12 hectares de terra, as quais seriam pagas em 5 anos a um preço favorável.
O transporte desde as aldeias trentinas até o destino ficou por conta do empresário, assim como a alimentação e hospedagem nos primeiros 6 meses.
Em troca, os agricultores se comprometiam a trabalhar para a Tabacchi por um ano, com remuneração apenas pela alimentação, e por mais três anos a pedido do empresário e com remuneração em dinheiro previamente acordada.
Não deu certo, menos de um mês após o desembarque, os colonos passaram a pleitear a rescisão do contrato com Tabacchi. Em vez das casas prometidas aos imigrantes, ele construiu um enorme galpão e obrigou-os a viver promiscuamente.
Além disso, para alcançar a área agricultável, os trabalhadores tinham que enfrentar uma viagem de seis horas por estradas em condições precárias. Os colonos queriam ir embora para outras terras. A poucos quilômetros da fazenda de Pietro Tabacchi ficava a colônia de S. Leopoldina.
A área de colonização de Tabacchi, inicialmente, localizava-se próximo ao paralelo 20, a poucos quilômetros da cidade portuária de Santa Cruz. Ou seja, era uma área totalmente tropical localizada ao nível do mar. Certamente não oferecia as melhores condições climáticas para as famílias européias.
Seus colonos primeiro se rebelaram, depois alguns pediram proteção do governo, outros fugiram. Tabacchi chegou a publicar anúncio num jornal de Vitória, em maio de 1874, ameaçando levar à Justiça quem contratasse os colonos que ele havia trazido da Itália. O que não impediu que gradativamente os imigrantes, com o apoio do governo, tomassem outro destino. Uns foram para Rio Novo, outros para Santa Leopoldina, alguns fundaram Santa Teresa e, finalmente, um pequeno grupo se deslocou para o Sul do país. Apenas 20 famílias decidiram continuar com Tabacchi.
Depois de alguns meses de contínuas desventuras, com a falência do seu empreendimento, teve que suportar grandes prejuízos financeiros, pois para levar adiante o seu projeto de colonização havia contraído muitas dívidas, fatos que agravaram o seu estado de saúde, morrendo de ataque cardíaco em 1874.