domingo, 20 de maio de 2018

A Colônia Nova Itália e a Emigração Italiana no Paraná




Após o grande fracasso da Colônia Alexandra, o número de emigrantes italianos, e particularmente os vênetos, continuava aumentando nas terras do Paraná. Os recém-chegados eram recebidos no porto de Paranaguá e depois levados para os barracões para imigrantes na vizinha cidade de Morretes, onde ali eram instalados sem qualquer conforto, amontoados em grande promiscuidade e precárias condições higiênicas.

Ali em Morretes tinha sido criada a Colônia Nova Itália, inaugurada em 22 de Abril de 1877, a qual, por sua vez, também teve uma vida curta e muito atribulada, com descontentamento, revoltas e alguns desmandos administrativos, que muito caracterizaram a história desta colônia e também em outras iniciativas colonizadoras similares do período.

O ritmo dos trabalhos, para a colocação definitiva dessa grande massa de imigrantes que chegava, era muito lento e a organização administrativa deixava muito a desejar. Em Janeiro de 1878 ainda se encontravam nos barracões mais de 800 famílias, portanto há aproximadamente 9 meses, na espera do seu lote de terra para trabalhar. No mês de Março do mesmo ano viviam 3000 pessoas naqueles barracões esperando a sua colocação.

Em um artigo publicado no mês de Março de 1878, no jornal Dezenove de Dezembro, já se referiam que na Colônia Nova Itália: 

"existem mais de trezentos lotes já demarcados, cento e poucos estão ocupados e os restantes tem casas construídas já há seis meses, mas, ainda sem teto, quase todas danificadas por estarem expostas ao tempo e por terem sido construídas com péssimo material, adquirido a preço exorbitante. Não existe uma estrada para os lotes e os colonos os recusam pois são invadidos pelas águas durante as cheias dos rios ou estes localizados em terreno muito montanhoso. Os colonos estão quase na miséria, sem roupas, sem casas habitáveis, sem sementes para as suas primeiras plantações. Estão completamente desencorajados, ainda mais que muitos lotes distribuídos são ruins e pantanosos". 


As condições sanitárias continuavam ainda muito precárias como podemos aquilatar no comunicado ao Ministério feito pela presidência que advertia:


"Situada em uma localidade pouco salubre, circundada por terrenos pantanosos e baixos, sujeitos à inundações do Rio Nhundiaquara, muito frequentes naquela zona, acarretando, como está acontecendo atualmente, febre tifoide, malária e outras enfermidades graves".



Em Março do mesmo ano, proveniente do Rio de Janeiro, chegaram alguns navios e com eles muitos doentes com febre amarela. Já no dia 20 de Março a cidade de Antonina foi atingida por uma epidemia desta terrível doença, que apesar dos esforços para contê-la rapidamente atingiu Morretes e Paranaguá, e a notícia das primeiras mortes.


A Colônia Nova Itália foi bastante atingida pela epidemia de febre amarela e as mortes foram muitas. Porém, outras doenças graves ceifavam a vida dos primeiros imigrantes ali instalados: anemia por verminoses que atingiam especialmente as crianças, as doenças transmitidas por mosquitos que infestavam aquela zona e por outros parasitos menos conhecidos, como o bicho-de-pé, que tornavam um inferno a vida daqueles pioneiros.

O descontentamento era muito grande entre os colonos. Alguns procuravam meios para retornarem a seus países, mas, sem encontrarem muita ajuda. Finalmente no mês de Julho o governo do Paraná resolveu reassentar parte dos habitantes da Colônia Nova Itália, para aquelas colônias recém criadas, localizadas ao redor de Curitiba, a capital do Estado.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

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