O vapor Sirio, de propriedade da companhia Navigazione Generale Italiana, zarpou do porto de Gênova no dia 2 de Agosto de 1906 para mais uma viagem transatlântica rumo ao Brasil, Uruguai e Argentina, levando uma grande quantidade de emigrantes italianos. A bordo estavam 1.418 passageiros, na grande maioria emigrantes, que lotavam a terceira classe, com os seus 1.290 lugares, localizada nos porões da embarcação, abaixo da linha d’água.
No dia 04 do mesmo mês ao passar por Cabo Palos, uma porção de terra pertencentes à Espanha, vizinha da Isla Hormiga, local cartografado desde muitos séculos, conhecido pelos seus perigosos baixios, bateu nas rochas submersas, seguindo-se uma forte explosão das suas caldeiras. Mais tarde veio a afundar completamente.
Toda a cena foi presenciada pelo comandante do vapor francês Marie Louise, que navegava muito próximo e rapidamente ajudou no salvamento dos náufragos, que foram jogados violentamente ao mar, devido a violência do impacto.
De acordo com declarações de sobreviventes, muitos passageiros, na maioria mulheres e crianças, ficaram presos em uma parte do barco que se inundou rapidamente, e com a forte pressão da água do mar que entrava, não conseguiram mais sair e nem serem socorridos. Morrem afogados.
Os barcos salva vidas que conseguiram ser jogados ao mar, se encheram rapidamente e também não foram suficientes para recolher o grande número de náufragos que sobreviveram ao impacto das explosões. Cerca de vinte e cinco ou trinta homens conseguiram se salvar, nadando até alguns destroços flutuantes da embarcação e foram retirados do mar no dia seguinte.
Declarações de sobreviventes dão conta que passado os primeiros momentos de espanto, logo após o grande impacto da embarcação com as rochas, os passageiros foram tomados de pânico, gritando desesperadamente, correndo enlouquecidos pelo navio, rapidamente se instalando uma confusão generalizada que tomou conta do barco, impedindo os trabalhos de salvamento.
Além do vapor francês também se aproximaram outros barcos, como o Jovem Miguel, que ao encostar no navio naufragado, conseguiu salvar trezentas pessoas.
As vítimas chegaram a um total de 500 passageiros e entre eles estava o bispo de São Paulo Don José de Camargo Barros.
No Cabo Palos, vizinho ao local do acidente, hoje um parque de preservação marinha, foi construído um museu para lembrar aquele naufrágio, onde estão expostos alguns objetos pessoais e equipamentos do navio.
Uma canção, por sinal muito triste, ainda é cantada até hoje nos encontros culturais nas antigas colônias italianas do Rio Grande do Sul, dedicada ao naufrágio do Sirio e a grande perda de vidas humanas.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS