A Visão dos Americanos sobre os Imigrantes Italianos
Por muitos anos, os preconceitos e a exploração dos italianos foram muito difundidos, muitas vezes resultando em desordens e violência. A novidade e a diversidade frequentemente causam turbulências sociais, gerando medo, preconceito e fechamento.
Embora os americanos admirassem a Itália como berço das artes, não estavam prontos para receber os italianos em busca de uma casa e de trabalho. Em algumas situações, como no Brasil, a chegada dos italianos foi bem recebida para preencher o vazio deixado pela abolição da escravidão em 1888. Os trabalhadores das plantações de café enviavam dinheiro para casa para sustentar suas famílias ou para convidá-las a se juntarem a eles. No entanto, esse fluxo migratório não era bem visto em todos os lugares.
Em 1902, o ministro das Relações Exteriores Giulio Prinetti reconheceu a difícil situação dos emigrantes italianos e emitiu um decreto contra a exploração deles como escravos, inicialmente causando tensões entre Itália e Brasil. Em resposta, o Brasil distribuiu folhetos que descreviam as boas condições de trabalho dos emigrantes italianos para mitigar os conflitos.
Nos Estados Unidos, em 1885, foi promulgada a Alien Contract Labor Law para impedir a exploração dos migrantes através de contratos de trabalho ilegais. No entanto, muitas agências de emigração aproveitaram-se das dificuldades dos migrantes para lucrar, levando à promulgação de uma lei de emigração em 1888 para combater esses abusos.
Em 1901, o crescente número de viagens migratórias exigiu um controle mais rigoroso, levando à criação de um comissariado para a regulamentação das licenças das embarcações e dos custos dos bilhetes, com inspeções e estruturas de acolhimento adequadas.
Nos anos 20, o fascismo reduziu as migrações da Itália, mas as partidas transformaram-se em migrações familiares. Dois decretos, o Emergency Quota Act de 1921 e o Immigration Act de 1924, restringiram ainda mais a imigração nos Estados Unidos, impondo quotas limitadas e preferindo migrantes do Norte da Europa. Essa legislação refletia preconceitos culturais e intelectuais contra os migrantes do Sul e do Leste da Europa.
As novas leis alimentaram o descontentamento entre os americanos, reforçando a discriminação e o antitalianismo. Esse fenômeno manifestou-se em eventos brutais como o linchamento de New Orleans em 1891, onde uma multidão matou 11 italianos, e o julgamento injusto e a execução de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti entre 1920 e 1927.
Esses exemplos ilustram os preconceitos e a intolerância que os migrantes italianos enfrentaram na América. O aumento drástico da população italiana, de 90 sicilianos para 10.000 entre 1879 e 1892, contribuiu para uma visão negativa e dificuldades de integração. Bairros superlotados e degradados pioraram ainda mais a percepção.
A chegada da máfia reforçou o sentimento de desprezo. Em New Orleans, com uma significativa população italiana, o conflito entre grupos mafiosos locais culminou no linchamento de 1891, causando tensões entre os EUA e a Itália. Palavras de desprezo e discriminação eram comuns também na imprensa, como testemunham artigos do New York Times dos primeiros anos do século XX.
Americanos e italianos eram vítimas de um sistema que explorava seus sofrimentos para lucrar, sem responder às necessidades do povo. A desumanização dos imigrantes era evidente: "Oito vezes em dez, um imigrante que chega a este país tem um trabalho à espera, mesmo que não haja trabalho para os americanos. Pude constatar muitas vezes a grande injustiça cometida contra os trabalhadores americanos em favor dos estrangeiros. Vi, na chegada, os imigrantes italianos serem recebidos por um patrão que os alinhava, os chutava, os chicoteava como gado e, finalmente, os conduzia como rebanho ao matadouro, até os bairros de destino onde trabalhavam por salários muito baixos. O patrão geralmente cobra de dois a cinco dólares por cada italiano e de dois a três dólares da empresa que os contrata".