Os mais de cem anos de emigração italiana de massa, iniciada em 1875, nem sempre foram pautados por recepções amigáveis pelas populações nativas dos países que os acolheram.
Os italianos eram quase sempre emigrantes indesejados nos países onde se instalaram, principalmente naqueles países europeus vizinhos da Itália, e mesmo nos Estados Unidos, onde tiveram que formar quistos para conseguir viver um pouco melhor e com mais segurança, nas cidades para onde foram destinados.
A imprensa publicava diariamente artigos dizendo que os emigrantes italianos se contentavam com pouco, favorecendo assim a redução dos salários, criando o ressentimento dos trabalhadores americanos.
Os italianos foram bastante explorados como mão de obra desqualificada e de baixo custo. No exterior eram considerados pouco polidos, ignorantes, sujos, indisciplinados, uma linhagem de criminosos e mafiosos, enfim, uma raça muito atrasada do ponto de vista dos costumes e tradições.
Os jornais estrangeiros europeus e norteamericanos publicavam diariamente artigos que expunham e denegriam a imagem dos emigrantes italianos. Escolhiam sempre eventuais fatos e ocorrências em que o malfeitor era sempre de nacionalidade italiana.
O jornal The New York Times do dia 18 de dezembro de 1880, publicou um editorial com o título "Imigrantes indesejados" no qual a emigração italiana era descrita como "infeliz, promiscuía, escória suja e preguiçosa".
Os jornais estrangeiros assim refletiam o medo dos habitantes locais, pela concorrência dos emigrantes italianos, em todos os ramos do trabalho.
Os grandes jornais norteamericanos sempre insistiam em perseguir e denegrir a imagem dos emigrantes italianos e o fizeram por muitos anos.
No dia 17 de abril de 1921, nas páginas do referido jornal. foi publicado um artigo em reclamava que "os italianos estavam chegando em grande número" e que "este número será limitado apenas à capacidade do navio". Descrevia que "nas ruas das cidades do sul italiano, em Nápoles em particular, as ruas eram sujas e repletas de crianças, em números somente comparáveis a certas cidades da Índia".
No período de cem anos deixaram a Itália quase 30 milhões de homens, mulheres e crianças, em busca de um emprego e de uma vida melhor. Dizia-se pejorativamente nos meios políticos italianos contrários a emigração, como o setor agrário em especial, que aqueles que emigravam eram indivíduos aventureiros sonhadores que "partiam em busca da cucagna", mas, na verdade ela nada mais era do que um simples emprego ou um pedaço de terra para viver.
Muitos retornaram depois de uma experiência de alguns anos em novos países, mas, a grande maioria dos emigrantes saiu para nunca mais voltar.
A principal causa desse grande êxodo sempre foi a extrema pobreza em estavam vivendo, a angustiosa pressão social que a cada dia aumentava e a falta de perspectiva em um futuro melhor para os seus filhos.
A grande emigração definitiva não atingiu por igual maneira as diversas regiões da Itália. Ela afetou em especial as zonas rurais do sul e do norte do país.
Mais tarde, por motivos políticos internos, milhares tiveram que abandonar o país.
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário