sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Do Vêneto ao Brasil: A Jornada de Vittorio Zanetti


 

Do Vêneto ao Brasil

A Jornada de Vittorio Zanetti


1878 – Província de Treviso, Vêneto, Itália


A pequena vila de San Fior permanecia envolta em um silêncio inquietante nas primeiras horas daquela manhã de outono. Os campos, que deveriam estar cobertos de trigo dourado, eram agora meros traços de terra exaurida, incapazes de sustentar até mesmo as ervas daninhas. Vittorio Zanetti estava em pé na soleira da porta de sua casa de pedra desgastada pelo tempo, observando o horizonte como se pudesse decifrar ali algum indício de esperança. Ele havia passado noites em claro ao lado de Teresa, sua esposa, debatendo-se entre a lealdade ao solo que havia pertencido à sua família por gerações e a cruel realidade que o cercava. A crise econômica não era mais uma ameaça distante, mas uma presença impiedosa em suas vidas. As terras tornaram-se inférteis após anos de exploração intensiva, os impostos corroíam qualquer resquício de lucro, e o mercado local estava saturado, deixando os agricultores em uma luta constante por migalhas. Naquela manhã, Vittorio tomou uma decisão que alteraria para sempre o destino de sua família. Ele passou os dedos calosos pela borda de um velho mapa, cujas margens estavam marcadas por manchas de umidade e anotações feitas à mão. “Brasil”, dizia uma delas, com letras simples, mas carregadas de promessa. Era uma terra distante, quase mítica, que prometia o que a Itália não podia mais oferecer: terras férteis, trabalho honesto e, acima de tudo, um futuro. Teresa, que até então remendava um lenço desfiado, ergueu os olhos com uma mistura de medo e resignação. Ela conhecia aquele olhar no rosto do marido — firme, decidido, inabalável. Pietro, o filho mais velho, com apenas dez anos, ouviu a conversa à distância, sem compreender completamente o peso das palavras. Já Anna, de apenas seis anos, brincava com um pedaço de tecido, alheia à gravidade da situação.

— Nós partiremos antes do inverno — anunciou Vittorio, com a voz embargada, mas firme.

A frase pairou no ar, como se o tempo tivesse parado para ouvi-la. Deixar a Itália não era apenas abandonar um pedaço de terra; era cortar laços com uma história, uma identidade, uma linhagem. Mas era também uma chance de escapar do ciclo de miséria que ameaçava aprisionar seus filhos. A jornada prometia ser dura, e as incertezas eram tantas quanto as estrelas no céu noturno. Mas, naquela casa humilde, uma centelha de esperança começava a iluminar o escuro horizonte. Enquanto Vittorio enrolava o mapa e Teresa recolhia os poucos pertences que poderiam levar, eles não imaginavam que estavam prestes a se tornar parte de uma história maior — uma saga de coragem, sacrifício e reinvenção que ecoaria por gerações.

A despedida no porto de Gênova foi marcada por uma mistura de dor e resignação. Vittorio e sua família avançavam em meio à agitação do cais, os passos firmes contrastando com a incerteza do futuro que os aguardava. Carregavam consigo os poucos pertences que simbolizavam tanto o peso de um passado impregnado de memórias quanto a esperança de um novo começo. Ao redor, o burburinho do porto misturava-se ao som das ondas, enquanto o navio aguardava silencioso, como uma ponte para o desconhecido. O vapor Príncipe de Napoli, ancorado no cais, era imponente em sua estrutura metálica e suas imensas chaminés que lançavam colunas de fumaça negra no céu. O som das máquinas a vapor, combinado ao barulho dos animais embarcados e ao constante movimento de trabalhadores, criava uma cacofonia que parecia amplificar a gravidade do momento. Subir a prancha de embarque foi como cruzar uma fronteira invisível, deixando para trás o mundo conhecido e entrando em uma nova realidade cheia de incertezas. Nos primeiros dias de viagem, o oceano manteve sua superfície relativamente tranquila. As condições climáticas favoreceram o progresso do navio, mas a vida a bordo era tudo menos confortável. No convés inferior, onde estavam os passageiros de terceira classe, o espaço era apertado e abafado, e o ar carregava uma mistura de odores: suor, comida rançosa e o cheiro persistente dos animais confinadosOs dias transcorriam em uma rotina monótona. A maioria dos passageiros tentava ocupar o tempo como podia, alguns rezando, outros cuidando de tarefas simples ou conversando em voz baixa. As crianças exploravam os corredores estreitos e faziam amizades rápidas, enquanto os adultos lidavam com o cansaço físico e emocional.

Foi em uma tarde clara, quando o oceano parecia um espelho refletindo o céu, que um grito cortou a monotonia: havia fogo na estrebaria. O alarme se espalhou rapidamente, e o caos tomou conta do navio. O incêndio havia começado no compartimento onde os bois estavam confinados, e as chamas, alimentadas pelo feno seco, avançavam com rapidez assustadora.

O pânico foi imediato e generalizado. Mães seguravam seus filhos com força, enquanto muitos passageiros, dominados pelo desespero, lançavam objetos ao mar ou caíam de joelhos em oração silenciosa. Homens formaram correntes humanas, passando baldes de água salgada para tentar conter o fogo. O calor era insuportável, e a fumaça densa tornava cada respiração uma luta.

Após o que pareceram horas, mas na verdade foram apenas minutos, as chamas foram finalmente controladas. O incêndio, embora grave, não alcançou as áreas críticas do navio, evitando assim uma tragédia maior. Contudo, o incidente deixou uma marca profunda em todos a bordo. O cheiro de fumaça persistia, e o semblante dos passageiros era agora de apreensão. A jornada que prometia ser um recomeço transformara-se em uma lembrança de sua própria vulnerabilidade.

Os dias seguintes foram mais silenciosos. O Santa Esperanza prosseguia em sua rota, mas a tensão era palpável. O mar, vasto e indiferente, parecia um lembrete constante da precariedade da condição humana. A promessa de um futuro melhor na América permanecia como a única âncora emocional para aqueles que, mesmo diante do perigo, continuavam a olhar para frente.

Tempestades e Calor

No dia seguinte ao Natal, o Santa Esperanza foi engolido por um dos piores temporais de sua jornada. O céu, que começara o dia apenas nublado, escureceu até se tornar uma massa opressiva de nuvens carregadas. Os primeiros ventos chegaram como mensageiros de algo maior, chicoteando o convés e arrancando pedaços das velas de segurança. Quando as primeiras gotas caíram, eram quase morna, mas logo se transformaram em uma torrente gelada que encharcava tudo e todos.

Ondas colossais se erguiam como muralhas líquidas, golpeando a embarcação com força implacável. A cada investida, o Santa Esperanza rangia e gemia, como se a madeira e o metal que o compunham estivessem prestes a ceder. No interior do convés inferior, os passageiros estavam comprimidos uns contra os outros, agarrando-se a qualquer coisa que oferecesse estabilidade. As lâmpadas balançavam violentamente, projetando sombras inquietantes nas paredes já úmidas.

Teresa segurava Pietro e Anna com tanta força que seus braços doíam, mas ela não afrouxava o aperto. Cada vez que o navio inclinava-se perigosamente para um lado, um suspiro coletivo de medo e orações abafadas preenchiam o espaço. A água que invadia pelas frestas trazia um frio penetrante, e o cheiro de sal e óleo enchia o ar. Vittorio, ajoelhado próximo a um pilar de sustentação, murmurava orações inaudíveis, não apenas para sua família, mas para o navio inteiro, como se sua fé pudesse servir de amuleto contra a ira do oceano.

Por trinta horas, o mundo não era nada além de escuridão, vento e o rugido incessante do mar. Finalmente, ao amanhecer, o temporal começou a perder força. As ondas, ainda altas, já não ameaçavam consumir o navio, e os ventos recuaram, deixando apenas um sussurro nas velas rasgadas. O Santa Esperanza emergiu da tempestade como um sobrevivente ferido, seu casco manchado de sal e os mastros inclinados.

Após o caos da tempestade, os dias que se seguiram trouxeram uma calmaria quase surreal. O oceano parecia agora um espelho reluzente sob o sol inclemente. Quando cruzaram a linha do Equador, a mudança no clima foi imediata e brutal. O calor tornava o ar pesado, e os passageiros, já desgastados pela jornada, eram obrigados a suportar temperaturas sufocantes no convés inferior.

A vida a bordo seguia em um ritmo arrastado. Os adultos abanavam-se incessantemente com pedaços de papel, enquanto as crianças, muitas vezes nuas da cintura para cima, procuravam qualquer sombra disponível. As noites, embora ligeiramente mais frescas, eram abafadas pela superlotação. Ainda assim, o calor era suportado com uma dose renovada de esperança. Cada dia os aproximava de seu destino, e as histórias dos que haviam chegado antes deles alimentavam o espírito de resistência.

Finalmente, no dia 11 de janeiro de 1878, um murmúrio percorreu o navio, crescendo até se transformar em um clamor de emoção. No horizonte, emergindo da neblina matinal, estavam as montanhas do Brasil. As formas escuras e onduladas pareciam um sonho depois de semanas encarando apenas o azul interminável do oceano. A bordo, lágrimas e sorrisos se misturavam enquanto os passageiros se apinhavam nos conveses superiores, tentando absorver cada detalhe da paisagem distante.

Para Vittorio e sua família, a visão do litoral era mais do que um marco geográfico; era a promessa de que seus sacrifícios não haviam sido em vão. Embora os desafios que os aguardavam na nova terra permanecessem desconhecidos, naquele momento, sob o céu limpo e o calor tropical, havia apenas um sentimento predominante: esperança.Chegada ao Brasil

O desembarque no Rio de Janeiro foi emocionante. Muitos gritavam "Viva a América!" enquanto deixavam o navio. De lá, Vittorio e sua família seguiram para Santa Catarina e depois ao Rio Grande do Sul. Após uma parada em Porto Alegre, chegaram a Rio Pardo, onde a jornada continuou por terra.

O trajeto até Santa Maria Boca do Monte foi extenuante. As famílias viajaram em carroções, enquanto os homens caminhavam a pé. Durante 15 dias, atravessaram pradarias, florestas e bosques. Alimentavam-se no campo, matavam um novilho por dia e preparavam sopa e pão para sustentar o grupo. As noites eram passadas sob tendas improvisadas.

Um Novo Lar

Chegando à região de Santa Maria, Vittorio e outros três imigrantes de Belluno iniciaram uma exploração cuidadosa das redondezas, determinados a encontrar terras que pudessem transformar em um futuro para suas famílias. A paisagem era vasta e variada, marcada por densas florestas tropicais que se abriam em pradarias ondulantes, rios de águas cristalinas serpenteando pelas colinas e uma fauna que despertava tanto fascínio quanto cautela.

Os dias de busca eram extenuantes. Caminhavam por horas sob o calor sufocante, as botas afundando na lama espessa de trilhas mal definidas. À noite, acampavam sob o dossel das árvores, iluminados apenas pela luz vacilante das fogueiras, enquanto os sons da floresta ao redor — o farfalhar das folhas, o chamado distante de um jaguar — mantinham todos em alerta. A comida era escassa, e as discussões sobre a viabilidade das terras que encontravam às vezes se tornavam tensas. Mas a determinação de cada homem, alimentada pela promessa de um novo começo, nunca vacilava.

Depois de quase uma semana, chegaram a uma propriedade que parecia saída de um sonho. Era uma colônia que combinava todos os elementos que buscavam: bosques densos com madeira de qualidade, pradarias que prometiam pastagens para o gado, plantações já produtivas de milho, arroz e mandioca, além de animais domésticos que poderiam ser integrados rapidamente à rotina das famílias. O mais importante, no entanto, era a presença de um riacho de águas cristalinas que corria com abundância e regularidade, uma garantia de sustento e fertilidade para as terras.

O proprietário, um estancieiro de origem portuguesa, parecia ansioso para vender. As dificuldades econômicas recentes e o desejo de se mudar para uma região mais próspera haviam transformado a propriedade em um fardo para ele. O preço, 5.000 francos, era significativo, mas dentro do alcance dos imigrantes, especialmente com a possibilidade de um pagamento parcial à vista e o restante a prazo.

Quando o acordo foi fechado, os homens apertaram as mãos, uma mistura de alívio e excitação refletida em seus rostos marcados pelo sol e pela fadiga. A propriedade tinha duas casas de madeira, simples, mas sólidas, que poderiam abrigar confortavelmente as quatro famílias enquanto planejavam construções futuras. A extensão de terras férteis parecia quase ilimitada, oferecendo espaço não apenas para o cultivo, mas também para a criação de gado e a construção de um pequeno moinho no futuro, impulsionado pelas águas do riacho.

Vittorio, enquanto explorava os limites da nova terra, sentiu uma rara onda de otimismo. Ele observava os campos de milho com espigas maduras, prontos para a colheita, e as fileiras de mandioca que prometiam uma fonte imediata de alimento. Pela primeira vez desde que haviam deixado Belluno, a sensação de estabilidade parecia tangível.

Mas a sorte sorrir para eles não significava que o trabalho estava terminado. Ao contrário, era apenas o início de um novo tipo de luta. Cada árvore derrubada, cada hectare arado e cada construção erguida seriam marcados pelo esforço coletivo das famílias, cujo futuro dependia não apenas da generosidade da terra, mas também da união e da perseverança de todos.

Enquanto o sol se punha no horizonte, tingindo o céu de laranja e púrpura, Vittorio ficou em pé em uma colina, observando a propriedade que agora era sua. Naquele momento, ele não via apenas terras; ele via a promessa de uma vida que valia a pena ser construída.

Os Primeiros Anos

Apesar da conquista inicial, os primeiros anos na nova terra trouxeram desafios que testaram cada fibra da determinação de Vittorio e sua família. Os 5.000 francos pagos pela propriedade eram apenas o começo de uma série de custos que pareciam intermináveis. Ferramentas, sementes, animais e até itens básicos para a sobrevivência tinham preços exorbitantes, agravados pela distância até o comércio mais próximo. As economias que haviam trazido da Itália logo começaram a se esgotar, e o trabalho pesado tornou-se a única moeda de troca.

Vittorio, no entanto, não era homem de recuar diante das dificuldades. Antes mesmo que o sol surgisse no horizonte, ele já estava nos campos, empunhando sua enxada ou guiando os bois que lentamente aravam a terra dura. Cada sulco aberto era uma promessa de colheita, uma batalha vencida contra a natureza desconhecida e muitas vezes hostil do Brasil. Teresa, por sua vez, tornou-se o eixo da casa, organizando os escassos suprimentos com precisão quase militar e transformando o pouco que tinham em refeições que sustentavam a família e os vizinhos em momentos de necessidade.

Com o tempo, mais casas foram erguidas. As quatro famílias que haviam adquirido a propriedade trabalharam juntas, compartilhando recursos e dividindo o território em parcelas que podiam ser cultivadas de maneira eficiente. Os dias de construção eram exaustivos, marcados pelo som constante de martelos e serrotes, e os troncos derrubados das matas próximas serviam de matéria-prima para as paredes e os telhados. Cada casa erguida era um monumento à colaboração, uma prova de que o esforço conjunto poderia transformar sonhos em realidade.

A decisão de diversificar as culturas foi tanto prática quanto visionária. Além de milho e mandioca, que garantiam a base alimentar, começaram a cultivar uvas, batatas e hortaliças, inspirados nas práticas agrícolas que haviam aprendido no Vêneto. As primeiras fileiras de videiras foram plantadas com cuidado quase cerimonial, e cada safra bem-sucedida era celebrada como um triunfo coletivo. A terra, antes selvagem, começava a devolver os frutos do trabalho árduo, mas o progresso vinha a um custo: jornadas intermináveis e um cansaço que parecia nunca desaparecer.

A adaptação ao Brasil, por sua vez, exigiu mais do que esforço físico. A língua, os costumes locais e o clima tropical muitas vezes pareciam barreiras intransponíveis. As chuvas torrenciais destruíam caminhos e plantações, enquanto o calor do verão tornava o trabalho no campo uma provação constante. Ainda assim, a promessa de um futuro melhor para Pietro e Anna dava a Vittorio e Teresa forças para seguir em frente. Eles sabiam que o sacrifício presente era o preço de uma vida mais digna para seus filhos.

Para Vittorio, havia uma satisfação singular em olhar para os campos cultivados e as casas de madeira, mesmo nos dias mais difíceis. Sentia-se renovado ao pensar que, após anos de incerteza e sofrimento, finalmente possuíam algo que era verdadeiramente seu. Naqueles momentos, ele permitia-se um raro sorriso de orgulho, embora soubesse que ainda havia muito a ser feito.

A cada colheita, a cada videira que crescia, e a cada parede erguida, a família de Vittorio escrevia uma nova página de sua história. A terra não era apenas um lugar para plantar ou viver; era o alicerce de um legado, algo que ele esperava que Pietro e Anna valorizassem e preservassem por gerações.

O Legado de Vittorio Zanetti

Décadas se passaram, e a colônia Calpestre transformou-se em uma comunidade vibrante e próspera, um testemunho vivo da visão e do trabalho incansável dos pioneiros que ali se estabeleceram. O cenário que antes era dominado por densas florestas e pradarias selvagens agora exibia uma paisagem ordenada de vinhedos, campos cultivados e caminhos bem traçados, conectando fazendas e casas que transbordavam de vida e atividade.

Vittorio e Teresa viveram para ver seus filhos crescerem, assumirem responsabilidades e ajudarem a expandir as terras que um dia haviam sido apenas um pedaço isolado de mata desconhecida. Pietro tornou-se o coração prático da família, liderando os esforços para modernizar a produção agrícola e introduzir métodos inovadores de cultivo. Anna, com uma determinação que lembrava a da mãe, fundou uma pequena escola comunitária, onde as crianças da colônia aprendiam a ler, escrever e sonhar além dos limites da terra que cultivavam.

A história de Vittorio e Teresa transformou-se em uma espécie de lenda local, contada de geração em geração ao redor das mesas de jantar e durante as festividades da colônia. Era mais do que uma memória; era um lembrete constante da coragem necessária para cruzar um oceano em busca de um novo começo. Para os mais velhos, era uma fonte de orgulho; para os jovens, um exemplo a ser seguido.

O sacrifício e a resiliência que definiram a jornada dos Zanetti estavam gravados em cada sulco da terra fértil de Santa Maria. As árvores frutíferas que Vittorio plantara décadas antes agora ofereciam sombra e frutos abundantes, enquanto os vinhedos, cultivados com paciência e cuidado, produziam vinhos que haviam se tornado conhecidos além das fronteiras da região.

Hoje, os descendentes de Vittorio Zanetti contemplam as terras que herdaram com um misto de reverência e gratidão. Cada pedaço de solo, cada fileira de plantações, é uma prova tangível do esforço e da visão de um homem que se recusou a aceitar a derrota, mesmo quando enfrentava desafios monumentais. Para eles, o legado de Vittorio não era apenas a terra em si, mas também os valores que ele personificava: trabalho árduo, fé inabalável e a crença de que o futuro sempre pode ser melhor do que o presente.

O sonho de Vittorio — oferecer um futuro digno e próspero à sua família — havia se concretizado de maneiras que ele talvez nunca tivesse imaginado. E enquanto os campos continuavam a florescer sob o sol de Santa Maria, o nome Zanetti permanecia vivo, um símbolo de perseverança e esperança, ecoando no riso das crianças e no som do vento que atravessava os vinhedos.


Nota do Autor

Esta narrativa é uma obra de ficção baseada em eventos históricos reais que marcaram a experiência dos imigrantes italianos no Brasil. A saga de Vittorio Zanetti e sua família reflete os desafios e triunfos vividos por inúmeras famílias que cruzaram o Atlântico em busca de esperança e oportunidades durante o final do século XIX.

Embora o contexto histórico seja autêntico, os nomes dos personagens e alguns detalhes específicos foram alterados ou adaptados para preservar a privacidade das pessoas reais e para permitir uma maior liberdade criativa. Esses ajustes também têm o objetivo de representar, de forma mais ampla, o espírito de coragem, sacrifício e determinação que caracterizou a trajetória dos imigrantes italianos.

A intenção deste relato é homenagear a memória desses pioneiros, que, com trabalho árduo e uma fé inabalável, ajudaram a construir uma nova vida em terras distantes, transformando desafios quase insuperáveis em um legado duradouro. Que esta história sirva como um tributo à sua resiliência e inspire os leitores a valorizar as raízes e os caminhos percorridos por aqueles que vieram antes de nós.

Dr. Luiz C. B. Piazzetta

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