Na Itália, em tempos antigos, os romanos tinham um hábito, que punham em prática quando uma cidade sofria alguma calamidade, de mandarem partir os jovens nascidos nos meses de março e abril, consagrados ao deus Marte. Era o modo usado para se salvar do massacre mandando-os para o exílio através da emigração, com o dever de continuar em um novo local, a vida de um povo ameaçado pela destruição. A última dessas extraordinárias emigrações que chegaram ao conhecimento aconteceu em Roma no ano 194 a.C. quando o exército romano foi derrotado por Anibal, na batalha do lago Trasimeno, e a notícia quando chegou em Roma transtornou a grande cidade.
Era com esse hábito que as antigas população italianas procuravam se salvar. Para isso sacrificavam aos deuses um punhado de jovens. Os sacrificavam mas, ao mesmo tempo os mantinha a salvo. O preço que esses jovens deviam pagar era deixar a sua terra, as suas famílias e andarem para longe.
Na grande emigração do século XIX podemos vislumbrar traços daquele antigo costume romano: a Itália estava em perigo e muitos foram mandados para longe. Diferente da antiga tradição, essa emigração foi um êxodo anônimo, uma viagem confusa e sem contar com a intervenção do Parlamento para guiar os seus passos. Os emigrantes foram os escolhidos para salvar o povo, para afastar a iminente ameaça que se abatia sobre a Itália, que os abandonou, fazendo-os partir e pouco se importando com o seu destino.
A partida desses milhões de italianos no entanto não foi inútil, a emigração salvou realmente a Itália e mudou para melhor os italianos. Realmente, foi do sacrifício desse grande número de emigrantes, da sua saída forçada em direção ao exterior, que foi dada a partida para o renascimento da Itália.