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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Destinos Entrelaçados: A Jornada da Emigração



 

Destinos Entrelaçados: A Jornada da Emigração




No silêncio das partidas, nas lágrimas contidas, 
Ecos da emigração, histórias compartilhadas. 
Destinos entrelaçados, memórias enterradas, 
No cerne da saudade, nas almas divididas.

De terras longínquas, à procura de novos céus, 
Partem os sonhadores, com coragem e anseio, 
Deixando para trás lares, risos e enseio, 
Em busca de horizontes onde reinventar os seus.

No abraço da incerteza, do idioma e da cultura, 
O emigrante se forja, na força e na ternura, 
No coração, a pátria, como estrela-guia segura.

Em cada esquina, uma esquina da pátria esquecida, 
Em cada prato, um sabor da terra nascida, 
A emigração, um poema épico de vida costurada, 
Onde herança e esperança, na diáspora, são tecidas.



quinta-feira, 27 de abril de 2023

A Jornada Épica dos Imigrantes Italianos: Desbravando Novos Mundos





𝐀 𝐄𝐌𝐈𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐈𝐓𝐀𝐋𝐈𝐀𝐍𝐀


"Digam à eles que deixamos os patrões na Itália e agora somos donos de nossas vidas, temos quanto queremos para comer e beber, além de bons ares, e isto significa muito para mim. Eu também não queria estar mais na Itália, sob aqueles patrões velhacos. Aqui, para encontrar autoridade, são necessárias seis horas de viagem". Trecho de carta de um imigrante italiano na Colônia Caxias, Rio Grande do Sul, enviada para seus familiares na Itália. 





A emigração italiana iniciou em um momento delicado. Por volta de 1860 a 1870, a Itália acabara de concluir a luta pela unificação política, período conhecido como Risorgimento que se caracterizou por muita agitação, lutas armadas e mudanças na política. Sua economia era em grande parte agrária e sofria com o avanço, cada vez mais agressivo, do capitalismo. É nesse contexto que devemos entender o que foi esse verdadeiro êxodo que no curso de alguns anos despovoou a zona rural do país. Foi sem dúvida uma emigração que visou a sobrevivência. Entre 1850 e 1920, mais de um milhão e meio de imigrantes vieram para o Brasil, especialmente São Paulo, para trabalhar como agricultores nas fazendas de café. Alguns fazendeiros notaram que a escravidão estava condenada, e vários experimentos foram realizados com mão de obra provinda da Europa desde os anos 1840 e 1850. Essas experiências foram quase sempre abandonadas devido à resistência dos imigrantes ao grau de exploração que lhes era imposto. A imigração italiana foi de importância decisiva para a história do Brasil. Ela não apenas contribuiu para o progresso econômico do país, mas também para importantes mudanças sociais e culturais. A unificação da Itália e as transformações capitalistas prejudicaram substancialmente os mais pobres da população, forçando-os a emigrar. Muitos trabalhadores rurais ou mesmo pequenos proprietários de terras não conseguiam mais sobreviver com o produto do cultivo de suas terras. Isso ocorria porque eles não podiam competir com os grandes proprietários de terras que forneciam produtos a preços mais baixos no mercado. Além disso, os pequenos proprietários pagavam taxas muito altas de impostos sobre a terra, sem recursos financeiros para tomar empréstimos, o que os tornava cada vez mais endividados. Para os fazendeiros de café do Brasil, o trabalho escravo era a base da produção agrícola e a sua extinção prejudicava muito seus interesses econômicos. 
Com a desintegração do sistema escravagista, a elite cafeeira de São Paulo encorajou a imigração principalmente a partir da Lei do Ventre Livre de 1871. A escassez de escravos já era um problema desde 1850, com a proibição do tráfico de escravos, a Lei Eusébio de Queirós.  
Para os fazendeiros de café do Brasil, o trabalho escravo era a força que movia toda a produção agrícola. A imigração italiana foi fundamental para suprir a demanda de mão de obra após a abolição da escravidão. As leis provinciais de 30 de março de 1871 e 26 de abril de 1872 ajudaram os fazendeiros paulistas a atrair trabalhadores imigrantes, autorizando um apoio financeiro de até 900 contos para as despesas de viagem dos imigrantes. Assim, a imigração subsidiada para São Paulo começou. A miséria que arruinou o campo italiano e a coragem de deixar o país revelaram que o ato de emigrar não apenas implicava em "fazer a América", ou "fare la cucagna", como muitas vezes se dizia. Os emigrantes não eram, em geral, aventureiros em busca de riqueza fácil, mas sim partiam do seu país como forma de se defender contra as condições cruéis impostas pela solidificação do capitalismo no campo italiano. Muitos desses pobres imigrantes diziam: "me vao in Mèrica par magnar" ou "eu vou para a América para poder comer". A imigração representou para a Itália uma solução para a crise de desemprego que assolava o país desde 1870. Em São Paulo e em outros estados do sudeste, a imigração apareceu como uma solução para a desagregação do trabalho escravo nas fazendas. Nos estados do sul, iniciando pelo Rio Grande do Sul, a imigração foi a solução encontrada para povoar grandes extensões de terras, em zonas parcamente habitadas mais próximas de outros países, e, simultaneamente, colonizar a vasta região isolada e ainda coberta de florestas, criando polos de produção agrícola nas colônias criadas, capazes de suprir de alimentos os centros maiores, escoando a produção pela farta rede fluvial vizinha. O lento desenvolvimento industrial na Itália também favoreceu a emigração. Segundo Candeloro, "a emigração foi crucial para o desenvolvimento socioeconômico (...) no período que viu o lançamento do noroeste industrializado da Itália, e continuou como uma condição para o desenvolvimento econômico devido ao desequilíbrio estabelecido entre o norte e o sul do país". 
No início do século XIX, a economia italiana era essencialmente agrícola. Muitas regiões italianas ainda apresentavam características semi-feudais e feudais no período da unificação por volta de 1870. O norte do país era mais industrializado, a agricultura capitalista havia moldado a região, ao contrário do sul, onde a agricultura ainda mostrava vestígios de servidão. A burguesia industrial e comercial, mesmo após a unificação italiana, tinha pouca participação na classe política porque era composta de grandes e médios proprietários de terras. Levou vários anos para o grupo alcançar o controle econômico e político burguês do país, deixando o estado para a fase de acumulação essencialmente industrial. Em áreas com aspectos feudais predominantes, a emigração ocorreu em grande escala. Essas características limitavam qualquer mudança estrutural e a única saída para a população excedente era emigrar. 
Na região do Vêneto a produção rural dependia do trabalho de toda a família. A mão de obra era basicamente dividida em dois grupos: aqueles que trabalhavam para si mesmos, ou seja, os pequenos proprietários de terra, locatários ou meeiros, e aqueles que trabalhavam como empregados. Dentro deste último grupo estavam os braccianti ou trabalhadores braçais, que podiam ser fixos, vinculados à propriedade por meio de um contrato anual, ou temporários diaristas, que trabalhavam apenas em momentos de grande necessidade de mão de obra e recebendo um pagamento diário. Os braccianti, pelo excesso disponível eram os trabalhadores rurais mais explorados. Os pequenos proprietários de terra, locatários ou meeiros vênetos formaram o primeiro contingente de imigrantes. Eles foram os primeiros a deixar a Itália devido às precárias condições de vida. A região do Vêneto durante a fase inicial do grande êxodo pode ser descrita da seguinte forma: o campo era dividido em pequenos lotes com fileiras de árvores onde se agarram às videiras, enquanto os espaços entre elas eram de 8 a 12 metros de largura, eram quase sempre arados e plantados com cereais. O campo reflete fielmente em sua aparência externa o regime de produção imposto pelas condições sociais da região. Ele fornece aos proprietários milho e vinho, aos trabalhadores milho e muito pouco combustível para alimentar os dois animais que, no entanto, precisam arar e fertilizar o solo já tão esgotado. 
O camponês vêneto que possuía terras era praticamente autossuficiente. O trabalho agrícola quase sempre estava associado à indústria doméstica de tecidos ou artigos de vime e palha. A pequena propriedade lhes deu uma ilusão de independência, mas não aconteceu muito progresso depois da unificação, antes pelo contrário viram as suas economias minguarem. As famílias vênetas viviam em pequenos lotes de terra que lhes pertenciam. Eram em média compostas por doze a quinze pessoas, geralmente com dois ou três homens, suas esposas e filhos capazes de trabalhar. O pai era a autoridade máxima e quando ele não podia mais manter o controle, era substituído por seu filho mais velho. Todos se mantinham juntos enquanto a propriedade conseguia fornecer os recursos necessários para a sobrevivência de todos. Eles se alimentavam diariamente principalmente de polenta de farinha de milho, às vezes misturada com algum tipo de verdura. Os pequenos proprietários que eram responsáveis por até seis pessoas tinham em média uma mesa um pouco mais farta, com ovos, vegetais, mesmo assim, raramente comiam carne, quando comiam era de porco, galinhas, peixe, a carne bovina era usada para festas ou quando estavam doentes. 
A emigração italiana representou uma solução para a crise de desemprego que assolou o país desde 1870. Na verdade, as condições de vida dos pequenos agricultores, locatários e meeiros eram praticamente as mesmas condições dos pobres braccianti. Muitos eram forçados a deixar suas terras e trabalhar em outras propriedades para conseguir levar o sustento para a família. Entre eles, era comum a divisão da terra quando os filhos se casavam e isso era repetido geração após geração, retalhando a propriedade em lotes cada vez menores tornando-os assim produtivamente deficitários, não suprindo mais as necessidades das famílias. Este foi um dos principais motivos para o enfraquecimento das famílias e consequente empobrecimento. Até 1885, grandes regiões do Vêneto, onde primeiro se começou a emigrar, tais como Belluno, Treviso, Udine e Vicenza, que eram predominantemente compostas por montanhas e colinas. Em Udine, havia um proprietário para cada dois residentes, um para cada três em Belluno, um para cada quatro em Vicenza, e as propriedades eram insuficientes para sustentar uma família. 
Algumas regiões italianas, especialmente o Vêneto, destacaram-se por serem os principais fornecedores de mão-de-obra para São Paulo, Espírito Santo e para os estados do sul do país. Essa situação era agravada pela falta de melhorias técnicas na agricultura, com métodos de cultivo antiquados já de muito ultrapassados os altos impostos, a variação do clima, as catástrofes naturais, como a devastação das florestas que prejudicavam o sistema fluvial, levando a inundações nas planícies e avalanches nas zonas elevadas. Nas regiões montanhosas e de colinas, a falta de chuvas abalou a já escassa produção agrícola, que sempre fora de subsistência. Agravando o quadro pintado no período de 1873 a 1895, o panorama internacional foi marcado pela crise agrária ou "grande depressão" em todos os países da Europa. Essa crise precipitou a transição do antigo capitalismo individualista de livre concorrência para o capitalismo monopolista imperialista. Este foi um período de amargas lutas pelos mercados consumidores muito disputados, que afetaram a Itália em um cenário dramático de sua unificação política. A agricultura foi duramente afetada pela concorrência de produtos semelhantes importados de outros países que chegavam a preços muito abaixo dos praticados no país como o trigo americano e russo que, apesar do frete, era oferecido a preços muito abaixo do custo de produção na Itália. Assim, como decorrência a produção de trigo declinou, levando consigo o cultivo de outras commodities da agricultura italiana, como milho, arroz e oleaginosas. Portanto, os produtores agrícolas perderam seu lugar no mercado e sua única alternativa foi deixar o campo, afetados por competidores mais poderosos. O jornal L'Amico del Popolo, em 1882, publicou um artigo observando que mais de 20.000 pequenos proprietários haviam desaparecido da Itália naqueles anos, e certamente todos teriam emigrado para a América. Os emigrantes vênetos não deixaram a Itália com a esperança de retornar, como aqueles do sul. Eles foram obrigados a abandonar tudo o que possuíam, animais, utensílios domésticos. Partiam após a colheita do trigo no outono, entre setembro e novembro. Portanto, o primeiro contingente de trabalhadores que chegou a São Paulo foi composto por esses imigrantes. O sistema de assentamento no Brasil igualou todos os imigrantes a um único padrão, as características peculiares do primeiro contingente de imigrantes foram esquecidas. Nos contratos de trabalho, não foram considerados aspectos individuais. O sistema de assentamento acabou com as diferenças externas entre os inquilinos, os meeiros e outros, mas não com a organização interna das famílias, seus hábitos culturais, valores para os camponeses. Os imigrantes italianos assentados nas colônias do sul do país, criadas especialmente para recebê-los eram predominantemente vênetos, lombardos e tiroleses e experimentaram outro tipo de imigração, diferente daqueles que foram para o sudeste do país. No sul do Brasil, imediatamente após a chegada, os imigrantes puderam adquirir por preços bem baixos os seus lotes de terra, por financiamento do próprio governo, com prestações durando vários anos contados após um período de carência de dez anos. Eram áreas enormes, a maioria delas cobertas de mata virgem, da qual tiraram a madeira para a construção de suas casas, cercas, galpões e lenha para os fogões. Na Itália eles jamais poderiam ter sonhado com esta fartura de espaço, com áreas que variavam de 25 a 50 hectares cada uma, no início da colonização. Assim, desde a chegada eles puderam trabalhar nas suas próprias terras, não precisando mais dividir com ninguém o resultado das suas colheitas. Agora não eram mais empregados, não obedeciam mais a um patrão, como tinham feito durante todas as suas vidas, gerações após gerações, no país natal. O sonho da propriedade, um dos fortes motivos que os impulsionou abandonarem a Itália, estava sendo realizado em terras gaúchas. Essa foi, sem dúvida, a grande diferença ocorrida com o processo de imigração italiana implantada no sudeste do país.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS






sábado, 8 de abril de 2023

As Histórias de Vida dos Imigrantes Italianos no Brasil: Um Olhar Pessoal Sobre uma Jornada Coletiva

 





Introdução

A imigração italiana para o Brasil a partir do século XIX teve um impacto significativo na sociedade e economia brasileiras. Milhares de italianos deixaram suas vilas onde nasceram e cresceram em busca de uma vida melhor no Brasil, mas muitos enfrentaram dificuldades ao chegar na nova pátria, tais como saudades dos entes queridos que ficaram na Itália, a sensação de perda que dava lugar à depressões e alcoolismo, incapacidade de se acostumar com a comida brasileira, mal tratamento por parte dos patrões donos das fazendas, ou o isolamento nas colônias situadas no interior da mata, longe da civilização, barreiras culturais e linguísticas. Na verdade os imigrantes, logo nos primeiros dias no novo país, perceberam com tristeza que tinham sido enganados e que a vida no Brasil seria bastante difícil para eles, muito diferente do que a maioria estava esperando. Neste texto, vamos explorar as motivações e experiências dos imigrantes italianos e discutir como as diferenças culturais e linguísticas afetaram sua integração na sociedade brasileira. 

Motivações para a imigração italiana para o Brasil

As razões pelas quais os italianos emigraram para o Brasil foram diversas e complexas. Na grande maioria dos casos, a emigração foi motivada pela pobreza, escassez de terras e condições de vida difíceis na Itália. Além disso, o crescimento populacional no século XIX levou a um aumento da demanda por terras e empregos, o que incentivou muitos italianos a emigrarem para o exterior em busca de melhores  oportunidades. As guerras pela unificação do país e a formação do novo reino da Itália, com o consequente aumento dos impostos e criação de novas taxas levaram à uma fuga do campo, o aumento do desemprego nas cidades e o empobrecimento cada vez maior da população.

Outras razões para a imigração incluem as perseguições política e religiosa. Alguns imigrantes italianos foram atraídos para o Brasil por causa da promessa de liberdade religiosa e política, bem como da possibilidade de escapar da pobreza e do desemprego na Itália. Alguns também foram atraídos pelos programas de colonização oferecidos pelo governo brasileiro, que ofereciam terras e oportunidades de trabalho para os imigrantes. A possibilidade de emigrar gratuitamente provocou uma grande debandada da população mais pobre e sem trabalho nas pequenas vilas e aqueles marginalizados ou subempregados nas cidades maiores.

Experiências dos imigrantes italianos no Brasil

Ao chegar no Brasil, os imigrantes italianos enfrentaram muitas dificuldades. Eles frequentemente se depararam com barreiras linguísticas e culturais que dificultavam a comunicação com a população local. Muitos também não tinham experiência com as condições climáticas do Brasil e não estavam acostumados com as diferenças culturais, incluindo as tradições alimentares e de vestuário. Além disso, os imigrantes italianos frequentemente enfrentaram discriminação e até racismo nas fazendas do interior de São Paulo onde uma grande parte deles foi parar. Eles eram frequentemente vistos como estrangeiros e eram submetidos a preconceitos e estereótipos negativos por fazendeiros acostumados até então a mão de obra escrava. Essa hostilidade muitas vezes se manifestava em forma de violência verbal e até física.

No entanto, os imigrantes italianos também tiveram sucesso em encontrar oportunidades no Brasil. Com o tempo muitos conseguiram estabelecer suas próprias terras ou empresas e se tornaram bem-sucedidos como empresários e empreendedores. Outros encontraram trabalho nas indústrias têxtil, de mineração e agrícola.




Integração dos imigrantes italianos na sociedade brasileira

A integração dos imigrantes italianos na sociedade brasileira foi um processo gradual e complexo. Em muitos casos, os italianos mantiveram suas tradições culturais e linguísticas, mas também foram influenciados pela cultura brasileira, especialmente nos estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Passaram a morar em pequenas cidades do interior e muitos deles se casaram com brasileiros e tiveram a vida no Brasil, criando uma nova identidade cultural e linguística. No Rio Grande do Sul em especial, os imigrantes italianos estavam isolados em colônias italianas localizadas no meio da mata e se casavam quase que somente entre eles, mantendo assim até agora a língua, o modo de viver e a cultura dos seus antepassados.

No entanto, a integração dos imigrantes italianos na sociedade brasileira não foi sempre fácil. A discriminação e o racismo muitas vezes persistiram, e os italianos continuaram a ser vistos como estrangeiros. A língua italiana também não era muito difundida no Brasil, o que dificultava a comunicação entre os imigrantes italianos e a população local. Os italianos que chegaram nos primeiros vinte anos a maioria era composta por analfabetos, que quando muito sabiam assinar o nome e poucos deles tinha conhecimento da língua italiana. Só se comunicavam em seus inúmeros dialetos locais, muitas vezes incompreensíveis entre eles.

Para ajudar a superar essas barreiras, muitos imigrantes italianos criaram organizações de mútuo socorro e associações culturais para promover a cultura e a língua italiana no Brasil. Essas organizações ajudaram a manter a cultura e a língua italianas vivas no país e também ajudaram os imigrantes a se integrarem na sociedade brasileira. No Rio Grande do Sul, por necessidade, chegaram a criar uma nova língua para poder se comunicar entre eles mesmos nas colônias. A grande maioria dos imigrantes não sabia falar italiano, somente os diversos dialetos das zonas de origem na Itália, muitas vezes incompreensíveis para eles. A essa nova língua foi dado o nome de talian, que é uma mistura de dialeto veneto, que é a base dessa língua, com o dialeto lombardo e alguma coisa de trentino e friulano. A esses dialetos se somaram palavras italianas aportuguesadas e ainda hoje, se bem que com menor  difusão, permanece em uso pelos seus descendentes.

Conclusão

A imigração italiana para o Brasil a partir do século XIX foi um evento significativo na história brasileira e teve um impacto duradouro na sociedade e economia brasileiras. Os imigrantes italianos que deixaram o país em busca de uma vida melhor enfrentaram muitas dificuldades ao chegar no Brasil, incluindo barreiras culturais e linguísticas. A imigração  foi um exemplo da coragem e determinação daquele povo pobre, a maioria  analfabeto, mas jamais ignorante. Suas histórias são um testemunho da resiliência humana e do espírito de perseverança que continua a inspirar pessoas em todo o mundo. A história da imigração italiana para o Brasil é um exemplo da diversidade cultural do país. Os imigrantes italianos trouxeram consigo uma rica herança cultural, que se integrou à cultura brasileira. A música, a culinária, a arte e outras expressões culturais italianas deixaram uma marca duradoura na sociedade brasileira e continuam a ser celebradas e apreciadas até hoje. As gerações subsequentes de seus descendentes continuam a contribuir para a sociedade brasileira, mantendo viva a cultura e a tradição italiana. Isso demonstra como a imigração tem um impacto duradouro nas sociedades que a recebem e como a diversidade cultural é uma
força enriquecedora. 

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS