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sábado, 6 de setembro de 2025

A Jornada de Giovanni Bianconi

 

A Jornada de Giovanni Bianconi

Natural da província de Treviso, na região do Vêneto, Giovanni Bianconi cresceu em um ambiente marcado pelo esforço da terra e pelo peso da tradição. As colinas verdejantes, salpicadas de vinhedos e oliveiras, eram cenário de histórias contadas por seus pais e vizinhos, relatos que falavam de terras longínquas onde o trabalho árduo era recompensado com fartura e dignidade. Para Giovanni, essas narrativas plantaram uma semente de esperança e inquietação. Ele sonhava com a possibilidade de oferecer à sua família um futuro que não estivesse limitado pela escassez ou pelas dificuldades enfrentadas na Itália de sua época. Foi em 1895, após um período de reflexão e planejamento, que Giovanni decidiu transformar sonho em realidade. Motivado pelas promessas de prosperidade do outro lado do Atlântico, ele tomou a difícil decisão de vender sua pequena propriedade rural, fruto de anos de trabalho e herança de seus antepassados. A venda representava mais do que a troca de um bem material; era a ruptura com suas raízes e com a segurança, em nome de uma aposta no desconhecido. Ao lado de sua esposa, Maria, uma mulher resiliente que compartilhava tanto de suas esperanças quanto de suas apreensões, e de seus dois filhos pequenos, Giovanni iniciou a jornada rumo ao Brasil. O destino era a Colônia Alfredo Chaves, no Rio Grande do Sul, uma terra ainda em formação, habitada por outros imigrantes que, como eles, buscavam recomeçar. A travessia não foi fácil. Enfrentaram o desafio da longa viagem de navio, marcada por enjoos, saudades e a incerteza do que os aguardava. Mas, em meio às dificuldades, havia um sentimento compartilhado de determinação e coragem. Giovanni acreditava que, com esforço e união, poderiam construir uma vida melhor. Ele levava consigo não apenas suas ferramentas e pertences mais preciosos, mas também a memória de sua terra natal e a promessa de que faria valer o sacrifício por um futuro mais próspero para sua família. Ao desembarcar em terras brasileiras, o céu parecia imenso e o horizonte, infinito. Era um novo capítulo, repleto de desafios e oportunidades, e Giovanni estava decidido a escrever nele a história de sua redenção.

O Chamado da Nova Terra

A inspiração para a grande mudança na vida de Giovanni veio de cartas repletas de detalhes vívidos e emocionantes enviadas por seu tio Marco Bianconi, um homem corajoso que havia deixado a Itália um ano antes. Marco se estabelecera na Colônia Dona Isabel, no coração do Rio Grande do Sul, e suas palavras eram uma mescla de advertência e esperança. Ele descrevia a vida no Brasil como um campo aberto de possibilidades, mas não deixava de alertar sobre os inúmeros desafios: o trabalho extenuante, as dificuldades de adaptação ao clima e à cultura, e as saudades que pareciam nunca cessar. Nas entrelinhas, no entanto, havia algo que capturava o espírito de Giovanni: a promessa de que, com esforço e determinação, era possível construir uma vida melhor, livre das restrições impostas pela pobreza e pela rigidez das oportunidades na Itália. Marco contava sobre as vastas terras que, com suor e persistência, podiam ser transformadas em campos férteis; sobre os vizinhos, uma comunidade solidária de imigrantes unidos pela mesma ambição de prosperar; e sobre a liberdade de sonhar com um futuro onde o trabalho fosse recompensado.

Essas cartas se tornaram leituras recorrentes nas noites de inverno na modesta casa de Giovanni. Ele as lia em voz alta para Maria, sua esposa, e discutia cada detalhe com ela. As palavras de Marco ressoavam fundo, acendendo uma chama de esperança e de ousadia que Giovanni já sentia pulsar dentro de si. Ele sabia que a decisão não seria fácil, mas acreditava que o sacrifício de abandonar a terra natal poderia valer a pena, principalmente por seus filhos. Determinando-se a mudar o curso de sua vida, Giovanni começou a planejar cada passo. Reuniu o pouco dinheiro que possuía ao vender sua pequena propriedade e alguns pertences pessoais, bens que haviam sido acumulados com dificuldade ao longo dos anos. Para ele, cada item vendido era um pedaço de sua história, mas também um ingresso para uma nova jornada. Ele encarava o processo não como uma perda, mas como um investimento no futuro de sua família. A cada moeda contada, Giovanni sentia que estava mais próximo de alcançar a promessa de um recomeço, por mais incerto que fosse.

No dia da despedida, a pequena vila de Giovanni tornou-se um mosaico de emoções profundas e contraditórias. O sol daquela manhã parecia brilhar com um vigor especial, como se quisesse eternizar a memória daquele momento. A casa simples onde ele e sua família viveram por tantos anos estava cercada por vizinhos, amigos e familiares, todos reunidos para um último adeus. Havia uma mistura de alegria por sua coragem e tristeza pela iminente separação.

O som das conversas era intercalado por silêncios carregados de significado. As mulheres da vila, com lenços nos cabelos e mãos calejadas, entregavam pequenos presentes – pães, frutas secas e até medalhas religiosas – como gestos de proteção para a longa jornada. Os homens, tentando esconder a emoção, ofereciam palavras de encorajamento, palmadinhas firmes nas costas e abraços que diziam mais do que qualquer frase. As crianças, alheias à complexidade do momento, brincavam entre si, mas ocasionalmente paravam para olhar a mala de Giovanni e Maria, imaginando o que significava partir para terras tão distantes. Para eles, o conceito de "Brasil" parecia tão distante quanto uma história de conto de fadas. Giovanni, apesar da firmeza de sua decisão, não conseguia evitar um nó na garganta enquanto se despedia de cada pessoa querida. Seu coração pesava ao ver os rostos daqueles que talvez nunca mais encontrasse. Já Maria, com os olhos marejados, mantinha-se ao lado dos filhos pequenos, oferecendo-lhes um sorriso encorajador enquanto, em seu íntimo, lutava contra as dúvidas e o medo do desconhecido. As lágrimas nos olhos dos que ficaram para trás misturavam-se com palavras de esperança. “Vá com Deus, Giovanni!”, disse um velho amigo. 

“Que as terras novas te acolham e que você volte um dia para nos contar sobre as riquezas do outro lado do oceano.”

Embora a tristeza fosse palpável, havia também uma corrente de esperança que percorria o grupo. A promessa de melhores condições de vida dava forças a Giovanni e Maria para enfrentar o desconhecido. Eles sabiam que não apenas deixavam para trás uma vila, mas carregavam consigo as expectativas de todos que ficavam, de todos que também sonhavam com um futuro mais próspero, mas que não podiam ou não tinham a coragem de partir. Quando finalmente chegaram à carroça que os levaria ao porto, Giovanni virou-se para olhar uma última vez sua terra natal. Aquele momento parecia congelar no tempo, uma despedida não apenas de um lugar, mas de uma fase inteira de suas vidas. Com o coração dividido entre a dor da separação e a força de suas convicções, ele apertou a mão de Maria, e juntos embarcaram rumo ao futuro que haviam decidido construir.

A Travessia do Atlântico

A viagem de navio até o Brasil foi, para Giovanni e sua família, um verdadeiro teste de resistência física, emocional e espiritual. Durante os quarenta longos dias de travessia, eles enfrentaram a rotina extenuante de um convés lotado, compartilhando o espaço com centenas de outros emigrantes que, como eles, haviam deixado para trás tudo o que conheciam em busca de um futuro incerto. O ambiente era marcado por uma mistura de ansiedade, esperança e um constante esforço para lidar com as condições desafiadoras a bordo. Os dias começavam com o som de passos apressados e vozes misturadas em diferentes dialetos italianos. Homens e mulheres tentavam se organizar em espaços apertados, cuidando de suas famílias e dos poucos pertences que carregavam. Muitos viajantes trouxeram caixas e sacos cheios de ferramentas, convencidos pelos rumores de que o Brasil era uma terra desprovida de madeira, onde seria necessário construir tudo do zero. Entre eles, Giovanni mantinha uma presença firme, frequentemente encorajando os companheiros de viagem com palavras otimistas e gestos solidários, mesmo enquanto enfrentava suas próprias preocupações. O ar no navio era denso, carregado com o cheiro de sal, comida simples e o esforço humano. Maria, com a paciência e a força de quem sabia o peso de sua missão, dedicava-se a cuidar das crianças. Ela improvisava brincadeiras para distraí-las, contava histórias sobre a nova vida que os aguardava e fazia o possível para transformar o ambiente austero do navio em um lar temporário. Ao mesmo tempo, ocupava-se em preparar as refeições com os escassos suprimentos disponíveis, esforçando-se para manter a família alimentada e saudável.

As noites eram tanto um alívio quanto um desafio. Sob o céu estrelado e o balanço do navio, Giovanni se permitia breves momentos de introspecção. Ele se sentava próximo às amuradas, contemplando a vastidão do oceano e permitindo que seus pensamentos vagassem entre as memórias da Itália e as expectativas do Brasil. Naqueles momentos de solidão, sentia o peso da responsabilidade que carregava, mas também uma profunda determinação de honrar o sacrifício de sua família e de tantos outros que compartilhavam a mesma jornada. Ao longo da viagem, a convivência com os outros emigrantes criou laços inesperados. Trocas de histórias e experiências ajudavam a aliviar o fardo da travessia, e a solidariedade se tornou uma constante. Quando algum passageiro adoecia, os demais se uniam para oferecer apoio e conforto. Giovanni, com seu espírito colaborativo, tornou-se um ponto de referência para muitos, sempre disposto a ajudar ou a ouvir. Apesar das dificuldades – os enjoos, o cansaço e a saudade que parecia pesar mais a cada dia –, a promessa de uma nova vida continuava a alimentar suas esperanças. Giovanni e Maria encontravam forças um no outro, compartilhando sorrisos encorajadores e trocando palavras de fé. Para eles, cada dia que passava não era apenas uma superação, mas um passo a mais em direção ao futuro que sonhavam construir.

A Caminhada até Alfredo Chaves

Ao chegarem ao porto de Porto Alegre, a família Bianconi enfrentou uma nova etapa desafiadora da viagem. Embora já tivessem deixado para trás o oceano, a jornada até a Colônia Alfredo Chaves ainda não estava concluída. Sem muitos recursos, eles precisaram economizar ao máximo, mas contavam com a vantagem de que, no final do século XIX, parte do trajeto poderia ser feita por trem — um avanço significativo para quem vinha do interior da Itália. Giovanni e Maria embarcaram no trem que os levaria pelas linhas férreas recém-estabelecidas, cortando paisagens ondulantes e pequenas vilas ainda em formação. O barulho constante das rodas nos trilhos e o movimento ritmado do trem ofereciam um alívio temporário às pernas cansadas, enquanto a família contemplava a vastidão daquele Brasil rural, tão diferente do que conheciam. Porém, ao desembarcarem na estação mais próxima da Colônia Alfredo Chaves, a realidade voltou a se impor. O restante do trajeto era feito por estradas de terra irregulares, muitas vezes apenas caminhos estreitos rodeados por mata fechada e vegetação densa. Sem transporte e com poucos recursos, Giovanni liderou a pequena caravana familiar a pé, carregando o pouco que possuíam e desbravando o caminho com a ajuda de uma foice para abrir passagem entre os arbustos e galhos baixos.

Maria, sempre atenta, cuidava das crianças com um carinho que disfarçava a exaustão, preparando refeições simples e racionando os suprimentos durante as paradas para descanso. O ritmo era lento e pesado, mas a determinação os mantinha firmes. A cada passo, a promessa de um futuro melhor se renovava, mesmo diante das dificuldades que só tornavam a chegada mais desejada.


A Luta pela Sobrevivência

O terreno montanhoso que receberam era coberto por uma densa vegetação, mas Giovanni não se intimidou. Com ferramentas básicas, ele começou a desmatar e preparar o solo para o cultivo. Maria, por sua vez, cuidava da criação de porcos e galinhas, além de garantir que a casa permanecesse organizada.

Os primeiros anos foram marcados por trabalho árduo e poucas recompensas imediatas. No entanto, a união entre os colonos ajudou Giovanni a superar os desafios. Em mutirões, abriam caminhos e se apoiavam mutuamente, criando uma comunidade forte e resiliente.

O Legado de Giovanni Bianconi

Com o tempo, a terra começou a dar frutos, e a família Bianconi conseguiu prosperar. Giovanni plantou milho e feijão, enquanto Maria administrava a casa e cuidava dos filhos. A saudade da Itália era constante, mas a satisfação de construir algo duradouro em solo brasileiro crescia a cada conquista.

Giovanni viveu para ver Alfredo Chaves se desenvolver e, anos depois, tornar-se Veranópolis. Sua determinação e trabalho árduo deixaram um legado não apenas para sua família, mas para a história da imigração italiana no Rio Grande do Sul. Seu nome permanece como símbolo de coragem e resiliência, um exemplo vivo de que a esperança pode transformar o desconhecido em um lar.

domingo, 29 de junho de 2025

Oltre al Mar


Oltre el Mar


El ano el zera el 1885. Vittorio Mancoretti, un omo de costitussion robusta e con i òci scuri e profondi che ghe rifletéa tanto la duresa de la vita quanto l’ostinassion de chi no el se rende mai, lu el zera nassesto e cressiuto ´nte la pìcola e quasi smentegà frasion de San Daniele, ancorà tra le montagne del Friuli. Sta frasion, un posto ndove el vento portava stòrie de generassion segnà dal lavoro duro e da la rassegnassion davanti a na tera ingrata. Vittorio lu el zera el primo fiol de na famèia de povare contadin, ndove l’ùnica eredità la zera el saver come cavar fora da na tera àrida quel poco che bastava par viver.

Fin da bòcia, el gavea capìo che el sorgere del sol portava el peso del lavoro, e che le sere le zera fate de speranse tase, spesso desmentegà da le promesse de na Itàlia unificà da poco. A trentasinque ani, i so spale i zera zà storte da i stessi gesti ripetù: arar, piantar, recòier – na dansa infinita che tornava indrio sol strachesa.

La seca, na compagna crudèle de le rese, e la povartà, sempre drìo l’ángolo, gavea trasformà la vita de i Mancoretti in un siclo amaro de scarsità. La pìcia tòla de tera eredità, stufa de ani de sfrutamento, no la zera bona de mantegner la so dona Bianca, na fèmena forte con i òci asuri scolorì dal tempo, e i so do fiòi picinin, Matteo, de sete ani, e Rosa, che gavea solo quatro ani. Matteo el gavea zà scominsià a dar na man al pare ´ntei campi, ma el so spìrito el zera ancora pien de l’inocensa de i zoghi. Rosa, invece, dèbole e spesso malà, la nessesitava cure che tante volte zera pì de quel che i podèa far.

Vittorio el sentiva el peso de le so responsabilità come na catena che lo tegneva legà a un destino che pareva no el dovesse mai cambiàr. Ogni zorno passà su quela tera la ghe siapava via un toco de forsa, ma mai la so determinassion. Drento de lu, ghe brusava na scinsa viva – na inquietudine che lo portava a vardar oltre le montagne de Valdorsi, soniando na vita ndove el lavoro no fusse sol sopravivensa, ma na promessa de qualcosa de pì.

Le notìssie de na tera nova, rica e generosa ´ntel sud del Brasile, le ghe rivà pian pian dai vissini che i gavea recevù lètare, le lètare de parenti oramai emigrà. Lori i parlava de foreste vaste, fiumi impetuosi e promesse de tère pròpie, lontan dai paroni che i ghe siapava tuto. Vittorio, al scomìnsio el zera sètico, no el podeva pì ignorar la misèria cressente drìo la so casa.

Bianca, pì pràtica del marìo, la ghe dise con decision: “Se restemo qua, morìmo. Se partìmo, almanco gavemo na speransa.” Con el cuor pesante, Vittorio el decise de vender tuto quel che i gavea — el vècio aratro, ´na vaca magra e fin anca l’anelo de matrimónio de so mòie.

El Vapor Umberto I

El viaio fin al porto de Zenova el ze stà ´na vera odissea, pien de dificoltà e sacrifíssi. La famèia la ghe passà per strade de tera e piera, viaiando par ziorni su na careta piena de robe, dopo su vagoncini de treno streti, e finalmente a piè, traversando paeseti e coline con le poche robe ben incartà. Quando lori i ze rivà al porto, l'ambiente el zera un misto de paura e spetative, pien de vose in dialeti diversi, caregà de speransa e disperassion. Lori i ghe mete insieme a dessene de altri emigranti, tuti direti al Brasile, formando ´na massa de visi ansiosi e òci persi.

L’Umberto I, ancorà el zera poderoso davanti de lori, el pareva na sità che flotuava, con le so siminiere enormi e i ponti stracariche de zente. Par chi che no gavea mai visto el mar, la vision del colosso de fero la zera tanto fassinante quanto spaventosa. Ma el odor de òlio e sal, mescolà al frastuono dei passegieri che zera zà imbarcà, creava ´na sensassion de sofegamento prima ancora de metarse su el vapor.

Ntele profonde caneve del vapor, scuro, ùmido e abafà, le condission le zera ancora pì opressive. Famèie intere le zera messe su rete che pendeva dal teto, e altri ghe inventava leti con strasse e valise. Traversar l'Atlántico el zera un vero tormento: la fame la rodeva el stómego, le malatie le se spargeva come fogo, e la nostalgia dei cari lassà drìo la pareva pesar ogni dì de pì con ogni onda che el vapor incontrava. Matteo, el putel de sete ani, lu el zera un ragio de sol in meso a la oscurità de le caneve. Con la so energia infinita, l’organizzava zoghi e divertimenti, tirando fora i sorisi dai altri putini e alivando, anca solo par un momento, el peso del via. Rosa, la so sorela pì pìcola, però, la zera delicà e, dì dopo dì, la pareva consumarse, cavando làgreme  soto dai so genitori.

Una sera particolarmente lunga, mentre el vapor el sgaiava soto un cielo sensa stele, Vittorio, el patriarca, el stava sul ponte, tenendo per man Bianca, la so mòier. El vardava el mar scuro come par catar risposte ´ntela vastità sconossùa. El peso de la so decision ghe scraseva el peto. E se gavea fato un sbaglio irreparabile? E se la so busca de na vita mèio la condenava la so famèia a la misèria o, pedo, a la morte? Ma Bianca, con la so forsa incrolà e el so sguardo calmo, la ghe strense la man e la sussurò: “Tieni fede, amor mio. La tera che catemo sarà la promessa de un novo scomìnsio. Basta che resistemo.” Ste parole le rimbombava nel cuor de Vittorio, na scintila de speransa in meso a ´na oscurità che pareva infinita.

I Primi Ani in Colónia

Quando lori i ze sbarcà al porto de Rio Grande, i Mancoretti i ga sentì ´na mescola de alìvio e incertessa. La longa traversia del Atlántico l’era finita, ma el vero viàio el gaveva ancora da scominsiar. I ze stà mandà a la Colónia Conde d’Eu, incastrà tra le coste verde de la Serra Gaúcha. Quando i ze rivà al destino, dopo settimane di soferensa, i ga trovà na tera vastìssima, ma de na belessa selvàdega: pien de boschi fiti e abità solo dal silénsio de le àlbari e dal canto lontan de l’osei.

I primi zorni, el tempo el gaveva sempre nove dificoltà. La famèia la ga costruì un riparo improvisà con tronchi e foie, un baraco bruto che apena li protegeva da le piove sensa fine e dal fredo de le noti. Ma par i Mancoretti, quel rifùgio semplice el rapresentava el primo passo par un casa. Vittorio, con la manara in man, el passava le matine a tirar zo àlbari gigantesche e a combater con i rovi, mentre Bianca, con maestria e pasiensa, la netava poche de tera par piantar verze e legumi.

Le dificoltà le pareva insuperàbili. La magnà la zera poca, i brassi no bastava par tuto el laoro e la solitudine la pesava come un peso invisìbile. Rosa, ancora dèbole dopo e viàio, la se ga piasa ´na febre forte che presto ghe tirava via le forse. Sensa mèdighi o medegini, Bianca la curava la putina con impachi de erbe e la recitava orassion tute le sere. Miracolosamente, Rosa la se ga salvà, ma quei zorni de paura i ghe lassà segni profondi su tuti i cuori de la famèia.

La zera la solidarietà de i altri colóni che ga portà un poco de alìvio e speransa. I novi rivà i ga capì presto che sopraviver el zera possìbile solo con l’impegno de tuti. Con le faede, òmini e femene i lavorava insieme par far sentieri in meso al bosco, tirar su case semplici e spartir el poco sibo che i gaveva. Vittorio, con la so calma determinassion e un talento natural par comandar, el ze diventà un punto de riferimento par la comunità. La so vose calma e ferma, pien de forsa, la zera come un àncora in meso ai temporai de la vita.

Ogni àlbaro che cascava, ogni toco de tera lavorà, i Mancoretti i se sentiva un poco pì visin al sònio che i li ga portà in quele tere lontan. Tra sudor e làgreme, i ga scominsià a far del isolamento ´na casa e de l’insertessa ´na nova speransa.

El Fiorir de la Speransa

Dopo sinque ani de lota contìnua contro la tera, el tempo e le pròprie insertezze, la vita dei Mancoretti la ga scominsià a cambiar forma. Le tere, prima un’estension selvàdega de bosco fito, adesso le mostrava file ordinate de formento dorà, pianti de fasòi verdi e filari de viti carghi de uve suculente. L’odor de la tera fèrtil, conquistà con sudor e perseveransa, el stava come un ricordo de quel che el sforso umano el podea otener.

Vittorio, instancàbil, el ga dedicà ogni minuto dei so zorni a costruir un casa digna par la so famèia. La nova casa de legno, tirà su co tavole robuste taià con le so pròprie man, el zera un sìmbolo de vitòria. Ntela stansa granda, el ga apeso con reverensa el crussifisso che i gaveva portà da l’Itàlia, un ricordo de fede e speransa che li ga sostenù durante i ani pì difïssili. La casa, benché semplice, la gaveva un calor umano che nissuna vila podéa replicar.

Matteo, adesso un toso forte e curioso, el zera diventà el brasso destro del pare ´ntei campi. Ma, mentre le so man calose continuava a lavorar la tera, la so mente la soniava pì in grando. El voleva pì de ´na vita de laoro agrìcolo; el soniava de far na scola par i putini de la colónia, par un futuro ndove i podesse scrivar, leser e soniar come che el fasea. Rosa, invese, la se ga trasformà da ´na putela dèbole in ´na zovane piena de vita. La so salute adesso la sbocèava, e la so vose, melodiosa e pien de emossion, la conquistava i cuori dei coloni durante le messe ntela capela improvisà, un pìcolo baraco decorà con fiori e devossion.

In autuno del 1890, la prima vendemia de vin de la famèia Mancoretti la zera stà racolta, segnando un momento de grande sodisfassion. L’odor dolse del mosto el ga invaso la casa, e i barili, sistemà ´ntel cantonier pena costruì, i simbolisava pì che duro laoro: i zera la promessa de un futuro pròspero. Par selebrar, la famèia la ga organisà ´na festa al’ària verza. Soto le viti novare, iluminà da lusi improvisà, i vissin i se ga radunà par spartir cibo, mùsica e stòrie.

Vittorio, con le man segnà da la tera e el viso iluminà da ´na gioia contenuda, el ga alsà un goto de vin ancora zòvene e el ga parlà con na vose ferma che ispirava tuti: “Sta tera, che ogni zorno la pareva sfidar a noialtri, adesso lei la acolse. La ga dato a noialtri nova vita, ma semo sta pròprio noialtri a plasmarla con le nostre pròprie man. Che la prosperi par i nostri fiòi, nipoti e par tuti quei che qua costruirà i so soni.”

Quele parole le ga rissonà tra i presenti, no solo come un brìndisi, ma come un manifesto. La lota no la zera finida, ma quela sera, soto el cielo pien de stele, i Mancoretti e i so vissin i se ga permesso de soniar. I no zera solo sopravivendo; i zera metendo radise profonde, sòlide come quele dei filari de viti che scominssiava a dar fruti.

El Crepùscolo de Vittorio

Ani dopo, Vittorio Mancoretti, oramai un omo vècio con i cavei argentà e le man segnà dal tempo, el se sedea su la so veranda granda de legno, costruì con el stesso zelo che el gavea dedicà ai campi. La veranda, ombrà da le viti che da tanto tempo le gavea messo radisi profonde in sta tera fèrtil, la ghe dava ´na vista spessiale sui campi che lui e Bianca i gaveva trasformà in na pìcola prosperità. I formenti dorà i ondeava con el vento come un mar calmo, e i filari de viti i pareva reverir el ciel.

Vittorio el pasava longhi minuti a variar la paisage, perso in pensieri. No el zera solo l’orgòlio par le racolte abondanti o par la casa sòlida che gavea ospità generassion de Mancoretti. Zera un orgòlio pì profondo, quasi spiritual, par la coraio de aver sfidà l’inserto e trasformà un futuro dubitoso in na stòria de trionfo. A fianco a lui, la carega de Bianca la restava vuota da che la gavea lassà sto mondo, ma la so presensa se sentiva ancora in ogni detàio de la vita che i gavea costruì insieme.

La famèia Mancoretti la gavea diventà un sìmbolo de resistensa ´ntela colònia. I so vini, adesso stimà anca ´ntele sità visin, i zera pì de ´na semplise bevanda; i zera ´na testimoniansa de la perseveransa de un pòpolo che no gavea mai se lassà vinser da le adversità. Matteo, oramai un omo con la so pròpria famèia, el gavea realisà el sònio de far la prima scola de la comunità. Rosa, da parte so, la incantava tuti con la so guida ´ntele celebrassion religiose, trasformando la pìcola capela improvisà in un spasso de fede e cultura che univa i coloni.

Nte le sere ciare, quando le stele le brilava come fari nel cielo, Vittorio el se perdeva spesso ´nte le memòrie de l’Itàlia che el gavea lassà. El se ricordava de la pìcola vila sircondà da montagne, del suon dei campanèi de la cesa e dei campi de formento. Ma la nostalgia, prima dolorosa, adesso la veniva con un soriso sereno. No gavea pì rimorsi, solo la securansa che la so resolussion la zera sta giusta.

´Ntel quel tempo,” el pensava, “mi go cambià la comodità con el risco, l’abitudine con la sfida. E la libartà, sta tera generosa, la ga ricambià con radisi che mai gavea pensà potesse andar cussì profonde.” Qualche volta, el susurava al vento, come se parlasse con Bianca: “Gavemo fato. No solo par noialtri, ma par tuti quei che i ze vegnesti dopo.”

Con el suon lontan dei risi dei so nipoti che i se divertia tra i filari de viti, Vittorio el serava i òci par un momento, sentìndose in pase. El savea che gavea cumprì el so dover, e che el làssito dei Mancoretti no el zera solo la tera che gavea lavorà, ma anca i soni che gavea piantà e le vite che gavea tocà. ´Ntel cuor de la Serra Gaúcha, soto un cielo che pareva pì iluminà che mai, la stòria de Vittorio la diventava parte de sta tera che el gavea tanto amà.

Nota Stòrica del Autor

La stòria de la famèia Mancoretti la ze ´na fission inspirà dai tanti raconti dei primi emigranti italiani che i ze rivà in Brasil verso la fine del XIX sècolo. Come Vittorio e Bianca, sentinai de miliaia de famèie le gavea lassà le so tere natie, specialmente da le region del Véneto, Lombardia e Trentino-Alto Adige, in serca de ´na vita mèio. Lori i scampava da la misèria, da le crisi economiche e da la mancà de prospetive che assediava l’Itàlia dopo l’unificassion, trovando ´ntel Brasil un novo casolare, anca se pien de sfidi.

Le colónie italiane ´ntel Rio Grande do Sul, come Caxias, Dona Isabel (desso Bento Gonçalves) e Conde d’Eu (incò Garibaldi), le ze sta fondà in meso a la selva vèrgine de la Serra Gaúcha. I primi ani de sti emigranti i zera trio segnà da ´na isolassion profunda, condission de laoro adversàrie e la mancà de infrastruture de base, come strade, mèdici e scuole. Tanti i ga afrontà malatie, pèrdite personai e ´na nostalgia profonda, ma, contemporaneamente, lori i ga costruì comunità vive e resistenti, che le ga formà l’identità culturae e económica de sta region.

El personaggio de Vittorio el rapresenta lo spìrito de guida e perseveransa che el ga cressesto tra i coloni, mentre Bianca la simbolegia la forsa e la fede che sosteneva tante famèie. Matteo e Rosa i ze el riflesso de le generassion sussessive, che le soniava e laorava par ingrandir i orizonti conquistà dai so genitori.

L’inclusion del vin come parte del làssito de la famèia Mancoretti la rende onoransa a l’introdussion de la viticultura dai italiani in Brasil, un fato che el ga trasformà la Serra Gaúcha in uno dei prinsipai sentri vinìcoli del paese. Anca incò, le feste de la vendémia e le celebrassion comunitàrie le ze riche de tradission portà da l’Itàlia, pien de mùsica, balo e gratitùdine par la tera che i li gavea acolti.

Sta stòria la ze un ode a la resistensa umana, al poder dei soni e a la forsa de ´na eredità che la va oltre i confini. Che i Mancoretti i sia uno spècio par tuti quei che, in momenti difìssili, i ga avuo el coraio de ripartir e de metar radisi in tere lontan, trasformando l’incògnito in casa.

Luiz C. B. Piazzetta

sexta-feira, 9 de maio de 2025

I Imigranti Taliani ´ntel Brasil

 



I Imigranti Taliani ´ntel Brasil



Da l'època coloniae, la presenssa dei taliani la se fa notar ´ntela stòria del Brasil. Durante le spedission marìtime portoghesi, tanti taliani i ga svolso ruoli de rilievo come navigatori, e ´ntele mission gesuìtiche del Rio Grande do Sul, i se ga destacà come architetti. Però, l’arivo pì forte dei taliani in Brasil el ga scominsià a consolidarse ´ntel sècolo XIX, specialmente dopo l’implementassion del proieto de imigrassion europea da parte de D. João VI.
Ntela seconda metà del sècolo XIX, el mondo el ga assistì a un dei pì grandi flussi migratori mai registrà: sirca 10 milion de europei i ze parti rumo a le Amèriche. Tra el 1875 e el 1900, pì o meno 803 mila imigranti europei i ze rivà al continente americano tramite i porti brasilian. De questi, 577 mila i zera taliani. In ogni mile imigranti europei che sercava l’Amèrica, 57 i ga scelto el Brasil, spargendose soratuto ´ntei stati de São Paulo e Rio Grande do Sul.
L’imigrassion italiana par el Brasil la seguiva do formati: quela spontánea e l´organisà. L’imigrassion spontánea la ga scominsià ´nte la prima metà del sècolo XIX e la zera composta da individui o famèie isolà che vegniva a tentar la fortuna ´nte le sità brasilian. Tra sti pionieri, se trovava preti, mùsici, architeti, sarti, artisti plàstici e pìcoli industriai.
Da l’altra parte, l’imigrassion organisà la ze stà in do fasi distinte. Ntel 1845, ze stà sancita na lege che prevedeva sussidi governativi par finanssiar la vegnuda dei imigranti, con el scopo de mèter in pràtica el sistema de parsseria ´ntei cafesai e introdur manodòpera bianca lìbara come complemento al lavoro schiavisà.
La seconda tapa de sto prossesso la ze stà segnada da la creassion de istitussion come l’Associassion Aussiliadora da Colonisassion e Imigrassion par la Provìncia de São Paulo, ´ntel 1871, e la Società Promotora da Imigrassion a São Paulo, fondà nel 1866. Ste organisassion, con el suporto del governo, le ofriva inssentivi come bilieti gratis, rissesion ´ntei porti, sozorni temporanei e trasporto fin a le fasende de cafè. I nùmari i impressiona: tra el 1874 e el 1889, 320.373 taliani i ze rivà in Brasil, e quasi metà se ga stabilì a São Paulo.
I imigranti i zera atraì da agenti contratà da le sossietà promotrissi, che dipinseva un quadro idealisà del Brasil, ritratandolo come un vero "paese de la cucagna" (paese de la fartura). Però, la traversia par l’Atlántico la zera longa e sfidante, variando da 14 a 30 zorni, e segnalà da sovrafolamento e la ricorensa de epidemie sui navi.
Quando i sbarcava in Brasil, i novi rivà i passava par quarantene ´ntele ospitalità gestide dal governo. Da lì, i seguiva do strade prinssipai: tanti i se dirigeva ai cafesai paulisti, ndove i rimpiasava el lavoro schiavisà, mentre altri i sercava ´ntele colónie del Rio Grande do Sul el sònio de libartà e indipendensa. 

Nota de l’Autore 

Sto raconto el ze un omaio a tuti quei taliani che, ndando contra la speransa e ´nte la famèia, i ga traversà l’Atlàntico par sercar un futuro novo in Brasil. La stòria de i migranti taliani ´ntel Brasil no el ze solo ´na pàgina de laoro duro e de sfide, ma anca de resiliensa, creatività e determinassion. Da i paron sui cafesai paulisti ai pionieri ´nte le colònie del Rio Grande do Sul, sta gente la ga trasformà teritori sconossù ´nte tere de fartura, portando con se la loro cultura, la lèngoa l´amor par la tradission. Ntel raconto se cata anca i sentimenti de chi che el ga lassà drio ´na vita nota par infrontar lo sconossù e de chi che, nonostante i sacrifìssi, lo ga trovà ´ntel amor de la so comunità la forsa de resìster. La mea memòria la va a quei òmeni e done che, ndando oltre le aversità, i ga construito un ponte tra do mondi, un lassà che, anca a distansa de sècoli, el contìnua a parlar de coraio, forsa e dignità.




sábado, 26 de abril de 2025

Da le Tere Vècie de Vicenza: Na Stòria de Superassion e Speransa ´ntel Brasile


Da le Tere Vècie de Vicenza: Na Stòria de Superassion e Speransa ´ntel Brasile


Nte la Colònia Dona Isabel, ntel 1885, Pietro Ferranesi, de 42 ani, lu el zera un òmo de poche parole e tanta determinassion. Quando el ze rivà al porto del Rio de Janeiro, con el so mòier Caterina e i tre fiòi picolini, no gaveva gnanca idea de quel che i li aspetava ´ntela Colonia Dona Isabel, che se catava ´ntel cor del Rio Grande do Sul. La so strada fin là la ghe volèa qualcossa de setimane de viàio in altra nave, fin al porto de Rio Grande. Dopo qualche zorni de aspeta, un´altra olta in barcheti a vapor el doveva traversar la Lagoa dos Patos fin la capitale, Porto Alegre, sensa desbarcar, e da sto posto, con el stesso barco, salìr su par el fiume Caí par sei o sete ore fin a Montenegro, el punto pì vissino del destino: la Colónia Dona Isabel, che incòi la ze Bento Gonçalves. Una volta rivà a Montenegro, dopo un zorno de riposo, lori i continuava a piè o in groppa de mulo fin al posto ndove se trovava la colónia tanto sonià.

El viàio traverso l'oceano, la ga durà 40 zorni a bordo dela grande nave a vapor Giulio Cesare, la zera stà duro, pien de malatie e insertesse, ma quel el zera sol el prinsìpio de uns sfìda ancora pì grande.

Quando el ga leso la lètara de so zio Giovanni Ferranesi, che el se gaveva sistemà in Brasile ani prima, Pietro el gaveva alimentà la speransa de na vita miliore. "Ghe ze tere fèrtili qua, ma ghe vole coràio. Vegni, la colónia la ga bisogno de zente lavoradora come voi", che diseva la lètara. Sta promessa la gaveva dà forsa al spìrito de Pietro, anca quando el ga vendù el so toco de terren drio Vicenza e el ze partì par lo sconossuo, lassando drio amighi, parenti e la so tera cara ndove el ga nassesto.

Dopo el desbarco a Montenegro, la strada fin la Colónia Isabel la zera stà na odissea. Sensa risorse, la famèia la ga dovù caminar su par strade strete e fangose, inseme ad altri poari emigranti che i gaveva lo stesso destin. Par quasi do zorni, Pietro e Caterina i ga dovù tagiar la foresta con el manarin par far strada. La note, i piantava acampamenti improvisà soto i àlbari giganteschi, ndove Caterina, anca straca morta, la preparava pasti con el poco che i gaveva.

Finalmente, i ze rivà ´ntela colònia e i ga trovà Giovanni e la so famèia, che i ghe ga dà un abrasso con le làgrime su l’oci. Ma la gioia del rivar la ze stà sparì presto con la dura realtà: el teren destinà a lori el zera montagnoso e pien de foresta spessa. “Ghe vol pì de forsa fìsica par far de sta tera na casa,” che pensava Pietro.

I primi mesi i ze stà brutai. Pietro el ga scominsià a taiar àlbari, a construir na cabana rudimentària e a piantar sorse e fasòi. Caterina la se ocupava dei fiòi e lei ancora aiutava el marì ´ntela fatica. La foresta la pareva magnar la picola radura che i gaveva fato, ma Pietro, con l´ aiuta de Giovanni, el continuava a libarar la tera.

Le dificultà le ze stà tante: malatie come la febre tifoide le meteva a risco i fiòi, e la nostalgia de la Itàlia la pesava su el cor. Pietro el soniava speso con i campi verdi de la so tera natal, ma quando vardava i fiòi che i zocava intorno a la cabana la ghe dava bruta forsa.

Do ani dopo, Pietro el ga vardà i fruti del so lavor. Le sorze le ze cressù alte, e i porseleti che el alsava i ghe dava sustento e scambio con la comunità. El ga imparà dai vissini a piantar ua, na tradission che lori i gaveva portà da la Italia. El primo vin, anca se rudimentar, la ze stà un motivo de orgòio par la famèia.

La pìcola colónia la gaveva scominsià a prosperar, e Pietro el ze diventà un leader de la comunità taliana. El ga organisà lavori in comun par far nove strade e el ga costruì, inseme ai vissini, na cesa che la ze diventà el cuor spiritual de la colónia.

Nel 1895, un dessénio dopo el so rivar, la Colónia Dona Isabel la gaveva siapà forma. Pietro e Caterina i gaveva trasformà un peso de foresta vèrgine in una colónia produtiva. I fiòi, che ormai i zera zòveni, i li aiutava ´ntel lavor e i soniava de ingrandir i vigneti de la famèia.

Pietro el saveva che no el saria mai tornà in Itàlia, ma el capiva che el so vero legado no el se catava ´ntela tera che el gaveva lassà, ma in quela che el gaveva costruì par el futuro de la so famèia.
Ntela piassa sentral de la colónia, un marco de piera la ga portà ´na frase de Pietro par render omàio a i pionieri:

“La tera no ze nostra; semo noi che femo parte de lei, e con el nostro sudor la diventa na casa.”
I Ferranesi, come tanti altri emigranti, i gaveva trovà in Brasile no solo na nova vita, ma un propòsito che el ze andà oltre le generassion.

Nota de l'Autore

"Da le Tere Vècie de Vicenza: Na Stòria de Suprassion e Speransa ´ntel Brasile" la ze un romanso inspirà da le dificoltà e i sòni de tanti taliani che i ga lassià le so radise par sercar na vita nova ´nte le terre brasiliane al fin del Ottocento. Anca se i eventi, i personagi e le situassion ghe ze inventà, le emossion e le sfide descrite le rapresenta la realtà de tanti emigranti.

Sto libro el vole ricordar la forza, la determinassion e la speransa de quei che i ga traversà l’osseano, lassando drio le sue tera, ma portando con lori la cultura, la tradission e l’amor par la famèia. Ghe voleva coraio par afrontar un destino sconossùo, ma sto coraio el ze el vero protagonista de sta stòria.

Pietro Ferranesi e la so famèia, anca se invéntai, i xe sìmboli de quei che, con sudor e sacrifìssio, i ga trasformà foreste in vigne, lontan de i paeseti de Vicenza che lori i gaveva lassà. La so stòria la parla de sopravivensa, perseveransa e comunion, ndove ogni conquista la ze stà condivisa con chi che ga partissipà a sto viaio de vida.

Me auguro che sto libro el trasporte chi che lese a un tempo de grande resiliensa e transformassion. Che el possa inspirar riflession sul peso de le radise e sul valore de costruir un futuro.

Con i pensieri e gratitudene a tuti quei che i ga fato sta stòria possìbile,

Dotor Piazzetta



quinta-feira, 6 de março de 2025

Emigração Italiana: Discussão e Resumo



Emigração Italiana: Discussão e Resumo


Resumo de Tese Acadêmica

Autor: Dr. Luiz Carlos Piazzetta 


A emigração italiana para o Brasil no século XIX e início do século XX foi um fenômeno histórico de grande relevância para ambos os países. As causas da emigração incluíam motivos econômicos e sociais, como a pobreza e a falta de oportunidades na Itália, bem como a busca por melhores condições de vida e trabalho em um país que oferecesse mais oportunidades. A facilidade de entrada no Brasil foi um fator importante na escolha dos italianos pelo país. Além disso, a abertura de terras para colonização e a oferta de incentivos pelo governo brasileiro atraíram muitos imigrantes italianos para o país, especialmente para as colônias agrícolas no interior do Rio Grande do Sul. As viagens marítimas eram um grande desafio para os imigrantes italianos, que muitas vezes enfrentavam condições precárias a bordo, com falta de higiene e acomodações inadequadas. Além disso, as epidemias a bordo eram uma grande ameaça à saúde dos passageiros, tornando a viagem ainda mais perigosa. As leis e resoluções do parlamento italiano em relação à emigração foram temas de grande debate na época. Muitos autores italianos e brasileiros escreveram sobre o tema, discutindo a política migratória italiana e as consequências da emigração para o país de origem e para o Brasil. Autores como Altiva Palhano, no Paraná, Rovilio Costa, Luzzatto e De Boni, no Rio Grande do Sul, são alguns exemplos de estudiosos que se dedicaram ao tema da emigração italiana para o Brasil. Suas obras trazem valiosas informações sobre o processo migratório e as consequências sociais, econômicas e culturais para os imigrantes e para o país de destino. Em resumo, a emigração italiana para o Brasil foi um importante fenômeno histórico que marcou a história de ambos os países. As causas da emigração, as condições das viagens, as leis e resoluções do parlamento italiano e as consequências sociais e econômicas da emigração são temas relevantes que ainda são discutidos e estudados atualmente.

Resumo 

O presente trabalho teve como objetivo principal analisar a emigração italiana para o Brasil, com ênfase na imigração para o estado do Rio Grande do Sul, durante o século XIX e início do XX. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em fontes primárias e secundárias, abordando temas como as causas que levaram os italianos a emigrar, as condições econômicas da Itália e as oportunidades oferecidas pelos países americanos, as condições de viagem marítima e a chegada dos imigrantes ao Brasil. Foi possível perceber que a emigração italiana foi motivada por diversos fatores, como a superpopulação, as dificuldades econômicas e as guerras. Além disso, a emigração foi favorecida pelas facilidades oferecidas pelos países americanos, que precisavam de mão de obra para suas economias em expansão. O Brasil, em particular, tinha uma grande necessidade de trabalhadores para a agricultura, o que tornou o país um destino atrativo para os imigrantes italianos. As viagens marítimas dos imigrantes foram marcadas por condições precárias, com superlotação, falta de higiene e riscos à saúde dos passageiros. Muitos imigrantes morreram a bordo ou foram impedidos de desembarcar devido a doenças contagiosas. Mesmo assim, a emigração italiana continuou a crescer, e muitos imigrantes conseguiram se estabelecer no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, onde foram fundadas diversas colônias italianas. Ao longo do trabalho, foram apresentados diversos decretos parlamentares italianos relacionados à emigração, bem como artigos e livros que tratavam do tema. Essas fontes demonstraram a preocupação do governo italiano em relação à emigração, e como ela afetava a economia e a sociedade italiana. Além disso, também foram analisados trabalhos de historiadores brasileiros e italianos que trataram da emigração italiana para o Brasil, enriquecendo a discussão sobre o tema. Em síntese, a emigração italiana para o Brasil, e em especial para o Rio Grande do Sul, foi um fenômeno marcante na história do país e deixou marcas profundas na cultura e na sociedade brasileiras. O trabalho realizado permitiu uma análise aprofundada desse tema, demonstrando a complexidade e a importância desse processo migratório, bem como as condições desafiadoras enfrentadas pelos imigrantes durante a viagem e a sua chegada ao Brasil

Conclusão 

Em conclusão, a imigração italiana para o Brasil no final do século XIX e início do século XX foi um processo histórico complexo, que envolveu diversas motivações, dificuldades e desafios. A migração em massa dos italianos para o Brasil foi impulsionada pelas condições econômicas precárias e pelas políticas de estímulo à emigração implementadas pelo governo italiano. Os italianos que chegaram ao Brasil enfrentaram uma série de dificuldades, incluindo as condições precárias a bordo dos navios, a falta de infraestrutura nas colônias agrícolas e a discriminação por parte dos brasileiros. No entanto, a presença dos italianos no Brasil contribuiu significativamente para a construção do país, tanto na economia quanto na cultura. A imigração italiana no Brasil deixou um legado duradouro, que pode ser observado até os dias atuais, na presença da cultura italiana no país, nas instituições sociais e nas práticas agrícolas e comerciais. Este legado é uma prova da capacidade dos imigrantes italianos de se adaptar e contribuir para a sociedade em que se estabeleceram. Portanto, é importante que o estudo da imigração italiana no Brasil seja valorizado e aprofundado, a fim de compreender melhor a história e a identidade do país, bem como para promover a tolerância e a integração entre os povos.



sábado, 22 de fevereiro de 2025

La Polenta: Oro del Campo e Pan dei Poareti

 


La Polenta: Oro del Campo e Pan dei Poareti

Drento de el cuor Véneto, 'ndove le coline se scomìssia e se smissia con el celo e l'olor de tera fresca riempie i sensi, ghe ze na stòria che bate drento ogni caliera de rame. Ze la stòria de la polenta, el magnar semplice che el ga nutrìo generasioni e formà l’identità de un pòpolo.

Nel sècolo XIX, i tempi difìssili ga castigà le provìncie vénete. Le guerre de indipendensa ga lassà segni de destrussion; i campi i zera sfiniti, la fame la zera sempre presente, e el laor intei campi el dava pena quel che bastea per sopravivare. In quel contesto, el mìlio, portà de le terre lontane de l’Amèrica, el se ga diventà la base de l’alimentassion de le famèie contadine.

La farina de mìlio, económica e abondante, la diventava polenta – un piato tanto versàtile quanto necessàrio. Al’inìsio, el zera na consolassion par el stómego vodo. Con l’aqua e el sal, a fogo dimorà, se formava na massa calda e dorada che empieniva no solo la tola, ma anca el cuor de le famèie che sercava conforto ´ntela so testura ferma e ´ntel so gusto neutro. I pì, la polenta la zera el centro de ogni pasto. Ntle case dei pì richi, la zera conpagnada de formai, carni o sughi de pomodoro. Par i poareti, però, la regnava da sola, servida drio la tola de legno. A volte la zera brustolà – taià a fete e messa sula siapa del fogon o in padela, a formar na crosta crocante che rendeva la so simplissità un vero conforto.

Ma el mìlio che rivava de i campi no el zera sempre sano. Spesso, el zera vècio, mufà, o no bon par el consumo prolongà. El risultato el zera devastante: la mancansa de vitamine, spessialmente la niassina, la portava a la pelagra, na malatia che segnava la pele, la mente e la dignità de chi che ne sofriva. Ntele provìncie pì colpite, come Vicensa, Treviso e Verona, i ze stà creà ospedali sciamai pelagrosari par curar i malati. La polenta, che salvava vite calmando la fame, la ze diventà anca sìmbolo de fragilità quando la zera l’ùnico sostegno. Par tanti contadini, sto piato el rapresentava sia la sopravivensa che la precarietà de la vita. El zera l’oro de i campi, ma un oro che no ghe dava richessa, ma solo la forsa par sopravivare un altro zorno.

Ntele sere frede d’inverno, le famèie lore se radunava atorno al fogolaro, ´ndove la caliera de rame o fero la cusinava pian pianin. Le mare le fasea girare la massa con na grande cuciara de legno, mentre lore contava ai fiòi stòrie de tempi miliori, da quando el Véneto era siori. Anca in meso a la scarsità, ghe zera na sorta de reverensa verso la polenta – la zera un legame con la tera, con la tradission, con el sforso de ogni zorno. Con el passar del tempo, con le condission de vita che ze miliorà e con le tècniche agrìcołe pì avansà, la polenta la ze passà da èsser na obligassion a na scelta. La ze diventà protagonista de le celebrassion e de le feste, sìmbolo de resiliensa e memòria coletiva. Anche incòi, la ze compagnà de piati sofisticà come carne de cassa, funghi e pesse, ma la porta ancora con sè l’ánima úmile de le so origini. La polenta no ze solo un magnar. La ze na narativa viva de la lota e de la speransa del pòpolo véneto. Ogni cuciarà la conta stòrie de guere e de pace, de fame e de abondansza, de làcrime e de sorisi atorno a na tola.

Ntele man de chi che la prepara, ghe ze ben pì che tècnica; ghe ze un gesto ancestral, un eco de chi che ze vegnù prima, un ricordo che, anca ´ntei momenti pì scuri, la simplissità de un piato la ze bona par regalar la forsa a na nassion.

La polenta, tanto semplice quanto dorada, la ze ben pì che un magnar; la ze na stòria viva che passa de generassion in generassion ´ntel Véneto. 



domingo, 16 de fevereiro de 2025

La Polenta


 

La Polenta


Nata da la farina de mìlio portà sècoli prima da le Amèriche, la ze diventà el sostegno indispensàbile de un pópolo che gavea da afrontar le adversità del sècolo XIX, in tempi de guerre, fame e misèria. Ntei campi sfinì e sule tole poarete de le famèie contadine, la polenta regnava come pan de i poareti, preparà con aqua e sal, cusinà pian pianin inte le caliere de rame o fero che portava el peso de la tradission. Gialla o bianca, secondo la provìnsia, lei ocupava el sentro de i pasti, a volte servida ferma, taiada su un panaro in tole de legno; brustolà, con na crosta crocante che portava conforto ´ntei zorni duri; o compagnà, quando se podea, de formai, carni o sughi semplici, anca pena mescolà con qualche verdure del orto.

Tutavia, la so presenssa contìnua ´ntele tole poarete portava un paradosso crudele. Par i pì poareti, la polenta la zera l’ùnico magnar disponibile, e, consumada sensa variassion o complementi, la ze diventà anca un peso. El mílio, spesso el zera mufà o vècio, no el gavea le sostanse necessàrie, e la mancansa de vitamine, spessialmente la niassina, la gavea portà la pelagra. Sta malatia devastante, segnalà da lesioni ´ntela pele, problemi mentali e fìsici, la colpì forte le provìncie del Veneto, come Vicensa, Treviso e Verona, portando miliaia de persone ´ntei pelagrosari, ospedali par curar chi che ne sofriva. No obstante, la polenta restava quel che empieniva i stomeghi vodi e dava forsa ai corpi strachi de chi laorava ´ntei campi.

Atorno al fogolaro, ndove la caliera cusinava pian pianin, le mare le girava la grande cuciara de legno con man calose, mentre le contava stòrie de tempi miliori. La polenta zera ben pì che un magnar; la zera sìmbolo de resiliensa e identità, un legame che univa el presente duro con el passato de tradission, mantenendo viva la forsa del pópolo. Ogni pasto el zera un ato de resistensa, un rito che confermava el legame con la tera e la speransa che zorni miliori vegnisse.

Con el passar de i ani, con le condission de vita miliorà e con na diversità alimentare pì grande, la polenta la ze passà da èsser solo na necessità a diventar un orgòglio. Incòi lei risplende sule tole festive, compagnà de piati rafinà come carni de cassa, funghi e pesse, ma lei porta ancora con sé la dignità del so passato.

Pì che un magnar, la polenta la ze sìmbolo de la forsa e de la lota de un pópolo che, anca davanti a le pì grandi adversità, el ga trovà in ela un filo de speransa. In ogni cuciarada ghe ze la memòria de chi che ze vignesto prima, un testimónio de superassion e de la simplissità che se trasforma in fortesa. Da i tempi in cui la zera solo sopravivensa ai zorni in cui la ze selebrà, la polenta ze na stòria che rimbomba in ogni famèia véneta, na prova che la resiliensa nasse anca da le cose pì semplici.