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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Além do Horizonte: A Saga de uma Família Calabresa na Emigração para a Argentina"






Rosalia nasceu na tranquila localidade de Spineto, aninhada nas colinas verdes do município de Belmonte Calabro, na Calábria. O sol dourado e os fortes ventos soprados do Tirreno acariciavam as oliveiras que pontilhavam a paisagem, testemunhando o início da vida de uma criança destinada a enfrentar desafios extraordinários.
O ano era 1885, e desde cedo, a vida de Rosalia estava entrelaçada com as histórias de emigração que fluíam como o vento pelas vielas de sua vila. Seu pai, Giuseppe, cultivava uma pequena parcela de terra herdada de gerações passadas, mas as colheitas eram magras, e a promessa de uma vida melhor pairava sobre a mente da família.
Rosalia cresceu sob o aroma picante de ervas frescas e o calor da cozinha de sua mãe, Maria. A família era modesta, mas a resiliência e a esperança eram ingredientes fundamentais em suas refeições diárias. Conforme os anos passavam, a ideia de emigrar para uma terra distante começou a ganhar força na mente de Giuseppe e Maria.
Foi no início do século XX, em 1907, que a vida de Rosalia, então já uma mulher casada, tomou um rumo decisivo. O marido, Domenico, havia recebido uma carta de chamada de um tio que emigrara alguns anos antes, descrevendo oportunidades e sonhos que aguardavam do outro lado do oceano. A família decidiu embarcar no paquete Ravenna, com destino à distante Argentina. O sonho de uma vida melhor para os filhos e netos estava entrelaçado com o murmúrio das ondas do Mediterrâneo.
O que deveria ser uma jornada cheia de esperança transformou-se em tragédia durante a primavera daquele ano. Uma epidemia de sarampo varreu o navio, como uma tempestade silenciosa e mortal. Rosalia, então uma jovem de 22 anos, estava grávida e testemunhou a crueldade do destino quando cerca de um terço das crianças a bordo adoeceu.
Ela viu a angústia nos olhos dos pais que perderam seus filhos para a doença, enquanto a própria Rosalia lutava para manter a saúde de seu bebê por nascer. Entre os 80 falecimentos ocorridos durante a travessia, 65 eram de recém-nascidos e crianças inocentes, uma dor profunda que ecoou através das águas do Atlântico.
Rosalia deu à luz uma filha a bordo, entre lágrimas e suspiros. O choro do bebê misturou-se ao lamento triste que pairava sobre o navio. Essa pequena alma, nascida no meio da tormenta, simbolizava tanto a perda quanto a esperança. A despedida de sua vila natal foi marcada pela dor, mas Rosalia estava determinada a honrar a memória dos que partiram.
A chegada à Argentina trouxe um novo capítulo para Rosalia. Ela enfrentou as adversidades da emigração, construindo uma nova vida em uma terra estrangeira. As memórias daquele trágico episódio nunca a deixaram, mas, com o tempo, ela encontrou força para transformar a dor em resiliência.
Rosalia, a imigrante italiana de Spineto, deixou um legado de coragem e esperança para as gerações que seguiram. Sua história é uma ode àqueles que enfrentaram os desafios da emigração, carregando consigo a bagagem de sonhos e a saudade da terra natal, mas sempre avançando em direção a um futuro incerto, guiados pela promessa de uma vida melhor.




domingo, 10 de dezembro de 2023

Tra Due Mondi: Un Viaggio Epico di Sopravvivenza in Brasile


 


Antonio Calzolar, un emiliano di 33 anni originario di Marzabotto (BO), intraprese un viaggio epico nel 1897 quando si imbarcò a Genova verso il Brasile con sua moglie Sofia Ferraro e i loro cinque figli. Accanto a Antonio, c'era suo fratello Lorenzo e la sua famiglia. Dopo un lungo viaggio di quasi due mesi, finalmente sbarcarono a Vitória, nel cuore dello stato brasiliano dell'Espírito Santo.

Da Vitória, presero il treno diretto a Cachoeiro de Itapemirim, una pittoresca cittadina a sud di Vitória. Dopo alcuni giorni trascorsi presso una Hospedaria de Imigrantes, furono assunti per lavorare nella Fazenda Arcobaleno, situata nel comune di Cachoeiro de Itapemirim. La vita lì non era facile; adulti e bambini si trovavano a lavorare duramente in cambio di modesti salari o piccole razioni di cibo, spesso costituite principalmente da farina di mais.

Insoddisfatti di questa dura realtà, i Calzolar presero una decisione coraggiosa: interruppero il loro contratto di lavoro e si trasferirono nel distretto di Castelo, sempre nell'Espírito Santo. Qui vissero per due anni, affrontando nuove sfide e costruendo il loro destino lontano dalle difficoltà della Fazenda Arcobaleno.

A partire dal 1901, la fortuna sorrise loro quando trovarono lavoro nella fazenda Guatambu. Questa fazenda, successivamente acquisita dal governo dell'Espírito Santo, si trasformò in una colonia di immigranti. Le due famiglie Calzolar, finalmente, videro realizzarsi il loro sogno di diventare proprietari di pezzi di terra, una conquista che avevano cercato per generazioni.

Con il passare degli anni, i figli di Antonio si sposarono con altri immigrati italiani o con i loro discendenti, creando legami duraturi che ancoravano la famiglia nelle terre brasiliane. I Calzolar si stabilirono in diverse città dello stato, tra cui Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Venda Nova do Imigrante, Alegre, Marechal Floriano, e persino nella capitale dell'Espírito Santo, Vitória.

La storia dei Calzolar è un racconto di perseveranza, coraggio e successo. Antonio e Sofia Calzolar, ormai ottantenni, si spensero a breve distanza l'uno dall'altro nel 1949, lasciando dietro di loro una discendenza radicata nelle terre che avevano contribuito a plasmare. La loro storia continua a risuonare attraverso le generazioni, un tributo vivente alla forza e alla resilienza di coloro che hanno forgiato un nuovo destino in terre lontane.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





sábado, 18 de novembro de 2023

Italianos Emigrados no Brasil: Uma Epopeia de Desafios e Resiliência dos Pioneiros


 


Antes de embarcar, a maioria dos imigrantes italianos enfrentava extensos dias que duravam muitas horas, cruzando as terras do país até alcançar os portos de Gênova ou Nápoles, principais pontos de partida para o Brasil. Deixavam suas aldeias e cidades natais para embarcar em trens, um meio de transporte ainda pouco utilizado pela maioria. Aqueles que se aventuravam nessa jornada partiam sem garantias, impulsionados apenas pela necessidade de buscar uma nova existência. Ao deixarem a Itália, a maioria desses emigrantes estava totalmente alheia ao destino que os aguardava no Brasil, descobrindo o caminho apenas ao chegar aos portos de Santos ou Rio de Janeiro.
Nos primeiros anos da emigração, durante o período de recrutamento agressivo de mão de obra, os bilhetes fornecidos pelo governo brasileiro às famílias dos imigrantes italianos eram limitados à terceira classe e, geralmente, destinados aos porões dos navios. Esses espaços, caracterizados por pouca ventilação, iluminação precária e umidade, frequentemente estavam superlotados, pois as companhias de navegação, ávidas por obter maiores lucros, burlavam as leis transportando um número de passageiros além do permitido. Após alguns dias de viagem, o odor proveniente dos porões tornava-se insuportável; uma mistura de odores de corpos pouco lavados e excrementos humanos tornava o ar irrespirável.
Nas primeiras décadas da emigração, antes da imensa onda de deslocamentos em massa, a travessia ocorria em velhos veleiros, levando cerca de 60 dias para chegar ao Brasil. Com a introdução posterior dos navios a vapor, mais rápidos e independentes dos ventos, o percurso foi reduzido para um intervalo de 20 a 30 dias.
Devido ao grande número de passageiros confinados, as condições higiênicas nesses navios eram deprimentes, favorecendo o surgimento de epidemias de doenças infecciosas como piolhos, tracoma, cólera, tuberculose e sarampo. A falta de meios para tratar os doentes resultava na perda de muitas vidas antes de chegarem ao destino final.
Dadas as condições lotadas nos porões, que se tornavam verdadeiros microcosmos de sobrevivência, e na persistente tentativa de conter a propagação de doenças, a prática de reter os corpos dos falecidos até a chegada ao Brasil para um funeral adequado era impraticável. Além disso, naquela época, ainda não havia câmaras frigoríficas a bordo. Em substituição a esse ritual póstumo, uma breve, mas comovente, cerimônia religiosa precedia a delicada procedimento de envolver os corpos em sacos de pano habilmente confeccionados com lençóis, amarrados com cordas e uma grande pedra atada aos pés do falecido. Esse gesto, por sua vez, representava não apenas uma despedida apressada, mas também uma dura realidade imposta pelas adversas condições da viagem, culminando no solene lançamento ao mar, assistido por familiares e amigos. Essa prática, mais do que um ato fúnebre, tornava-se uma dolorosa metáfora das dificuldades e dos sacrifícios enfrentados pelos imigrantes italianos durante sua travessia para o desconhecido.
Os imigrantes italianos enfrentavam dias de sofrimento devido a doenças, à perda de entes queridos e à saudade de tudo e todos deixados para trás. Para amenizar a dor e passar o tempo, era comum entoar canções tradicionais italianas. A chegada ao Brasil, para aqueles que conseguiram superar tantas adversidades e condições precárias, representava um alívio. A beleza da exuberante natureza tropical ainda preservada naquele período encantava os imigrantes, mesmo que intrigados pela presença de homens e mulheres de pele escura, geralmente empregados no porto, uma raridade na Europa daquela época. Após a extenuante viagem marítima entre a Itália e o Brasil, ao desembarcarem em Santos ou no Rio, os imigrantes italianos eram encaminhados para uma Casa do Imigrante para aguardar o prosseguimento de suas viagens para os locais de trabalho. Após alguns dias, eram designados para as fazendas que os haviam contratado, mas muitas vezes embarcavam em outros navios costeiros para trajetos ainda mais longos em direção ao destino. Alguns imigrantes seguiam para os portos de Paranaguá, no Paraná, enquanto outros se dirigiam a Desterro, em Santa Catarina. Aqueles com destino às plantações de café do Espírito Santo ou de Minas Gerais viajavam até o porto de Vitória e depois de trem para os destinos. No entanto, em determinados períodos, a maioria dos imigrantes optava por se dirigir ao movimentado porto de Rio Grande, localizado no estado do Rio Grande do Sul. Ao chegarem a esse destino, eram acomodados em modestos barracões coletivos, às vezes por períodos superiores a um mês, aguardando ansiosamente a chegada das lanchas fluviais que os levariam pelos intrincados cursos dos rios Caí e Jacuí. O destino final estava próximo das prósperas colônias Caxias, Dona Isabel e Conde D’Eu, através do primeiro rio, e da remota colônia Silveira Martins, situada no coração do estado, através do segundo. Dos portos fluviais onde desembarcavam, a jornada ainda não havia alcançado sua conclusão.
Deixando esses pontos de chegada, os imigrantes enfrentavam a necessidade de percorrer longas distâncias a pé ou em carroças, abrindo caminho através da densa floresta, ainda intocada. Nesse ambiente, a sinfonia dos cantos de milhares de pássaros se misturava aos sons imponentes e por vezes assustadores das tropas de bugios, cujo alvoroço era desencadeado pelo constante movimento da caravana.
Após horas, e às vezes dias, de trilhas sinuosas, os viajantes finalmente superavam as longas elevações, alcançando a sede das colônias. Lá, esperavam em barracões temporários, ansiosos pela atribuição de suas respectivas parcelas de terra, encerrando assim mais uma fase dessa árdua jornada rumo à construção de uma nova vida.
Essa fase adicional da viagem não apenas testava, mas aprofundava ainda mais a resiliência desses corajosos imigrantes, desafiando-os tanto na perigosa travessia fluvial quanto na difícil adaptação a uma vida completamente nova em um território estrangeiro.


Texto: Dr. Luiz Carlos Piazzetta 
Erechim RS



terça-feira, 31 de outubro de 2023

Entre Fronteiras: Uma Jornada pela Emigração Italiana ao Longo de Quase Dois Séculos

 



A emigração italiana representa um amplo movimento de saída da população italiana, visando à expatriação. Inicialmente concentrado no norte da Itália, o fenômeno expandiu-se, a partir de 1880, também para o sul do país, abrangendo consistentes deslocamentos internos dentro das próprias fronteiras geográficas.
A trajetória da emigração italiana se desenha ao longo de três períodos distintos de êxodo. O primeiro, denominado "grande emigração", teve início em 1861, após a unificação da Itália, e encerrou-se nas décadas de 1920, com o advento do fascismo. Já o segundo, marcado por intensa emigração internacional e reconhecido como "migração europeia", ocorreu do pós-Segunda Guerra Mundial, de 1945 até a década de 1970. Entre 1861 e 1985,  aproximadamente 20 milhões de italianos deixaram o país, sem perspectiva de retorno. Os descendentes, chamados de "oriundi italianos", podem deter cidadania italiana, além da do país de nascimento, embora poucos solicitem enquanto residem fora da Itália. Estima-se que entre 60 e 80 milhões de oriundi italianos estejam dispersos pelo mundo.
Uma terceira onda migratória, conhecida como "nova emigração", teve início no início do século XXI, impulsionada pelas dificuldades originadas na grande recessão, a crise econômica global que teve início em 2007. Este terceiro fenômeno migratório, embora numericamente inferior aos dois anteriores, impacta principalmente os jovens, muitos deles graduados, sendo caracterizado como uma "fuga de cérebros". De acordo com o registro de italianos residentes no exterior, o número de cidadãos italianos vivendo fora da Itália aumentou de 3.106.251 em 2006 para 5.806.068 em 2021, representando um crescimento significativo de 87%.




sexta-feira, 11 de agosto de 2023

A Pobreza e a Fome: Dois dos Principais Motivos para a Emigração Italiana




 

As razões por trás da emigração italiana: fatores econômicos, políticos e sociais que levaram muitos italianos a deixarem sua terra natal em busca de novas oportunidades no Brasil. 

A emigração italiana foi um fenômeno bastante significativo que ocorreu nos últimos 25 anos do século XIX e início do XX. Como um verdadeiro êxodo dos tempos modernos, milhões de italianos, homens, mulheres e crianças deixaram sua terra natal em busca de novas oportunidades em países estrangeiros, incluindo o Brasil. 
As razões por trás da emigração italiana, que levaram toda essa gente a abandonar o seu país, foram diversas e complexas, envolvendo fatores econômicos, políticos e sociais. 
Uma das principais causas para que acontecesse a emigração italiana foi a pobreza e a falta de oportunidades econômicas na Itália. O país enfrentou muitos desafios econômicos ao longo do século XIX, incluindo a quebra de safras, calamidades naturais, aluviões nas zonas de montanha e enchentes nas planícies, irregularidade do clima com períodos prolongados de estiagem seguidos por enchentes catastróficas nas planícies, desemprego no campo, baixa remuneração pelo trabalho dos trabalhadores agrícolas, descontentamento pelos baixos salários nas fábricas, aumento de impostos e da inflação. 
A escassez de terras cultiváveis para todos e a má distribuição de recursos naturais também foram fatores que contribuíram decisivamente para estimular essa multidão para a emigração. Muitos italianos simplesmente não tinham a oportunidade de cultivar suas próprias terras e sustentar suas famílias. As terras agricultáveis eram de propriedade particular, muitas vezes de pequenos proprietários rurais que contratavam mão de obra ou permitiam que outros cultivassem as suas terras em regime de "mezzadria", uma forma de meeiro, ou seja uma grande parte do que era colhido devia ser entregue ao dono da propriedade. Isso descontentava aqueles pequenos trabalhadores rurais, cujas famílias  por séculos nunca tinham sido proprietários da terra onde trabalhavam. Ansiavam por serem donos da sua terra, de não precisarem mais dividir a safra com o senhor da propriedade. 
A emigração também foi impulsionada por fatores políticos e sociais. A Itália desde meados do século XVIII passou por um período de invasões estrangeiras, por diversas guerras de libertação e um processo turbulento de unificação do país no século XIX, o que aumentou as tensões sociais e instabilidade política, que causaram o aumento do empobrecimento da população e a fuga do campo. 
A unificação da Itália também levou à formação de um estado centralizador, concentrando poder e recursos em algumas regiões do norte italiano, como por exemplo o Piemonte. As regiões mais pobres, tais como o Vêneto e diversas províncias das regiões meridionais do país, muitas vezes foram deixadas para trás. 
A emigração também foi influenciada por questões religiosas. Muitos italianos, especialmente os do norte, como os do Vêneto e províncias do sul do país, eram católicos e sentiam-se marginalizados pelo estado italiano secular. Com a unificação e criação do novo país, as terras de propriedade do Vaticano, que correspondiam praticamente a quase todo o centro da Itália, saíram da esfera política da igreja passando para o novo reino.
A instabilidade política também foi um fator importante na emigração italiana. O país enfrentou muitos conflitos internos ao longo do século XIX, como as três guerras de libertação que além de criarem prejuízos e instabilidade social, durante anos fizeram com que uma grande parte da juventude fosse convocada para o serviço militar obrigatório, retirando os preciosos braços dos serviços do campo. 
As tensões sociais e políticas foram exacerbadas pela fome e doenças, que assolaram a Itália durante o século XIX, sobretudo a região do Vêneto onde a pelagra, uma doença carencial, era endêmica pela má alimentação da sua população. A falta de infraestrutura e serviços públicos eficazes também contribuiu para a pobreza e a desigualdade. Com a unificação foi criado o reino da Itália, porém ainda não havia um sentimento de nacionalidade, ou seja, para o país ainda faltava muito para de fato ser uma nação. Quando o movimento migratório tomou corpo, a Itália existia como país somente há alguns poucos anos e o povo ainda não se sentia italiano, poucos se expressavam na língua oficial do novo país.
A emigração italiana para o Brasil começou no final do século XIX e início do século XX. Muitos italianos foram atraídos pelas oportunidades econômicas que o rico Brasil Império oferecia, incluindo a possibilidade de trabalhar na agricultura, e poder se tornar proprietário da terra que cultivavam. Era o coroamento do antigo sonho da propriedade acalentada pela maioria daqueles pobres agricultores. Isso foi a realidade para os que optaram em emigrar para as recém inauguradas colônias italianas do Rio Grande do Sul e um pouco mais tarde para o Paraná e Santa Catarina.  Também se fascinaram pelo clima tropical e pela promessa de uma vida melhor na América, como então era chamado o Brasil. 
A emigração italiana para o Brasil também foi influenciada pela política do governo brasileiro de importar mão de obra  estrangeira para trabalhar na agricultura e na incipiente indústria nacional, principalmente devido a abolição da escravidão e consequente diminuição da mão de obra barata. 
O governo brasileiro viu a emigração italiana como uma forma de estimular o desenvolvimento econômico do país, preencher os vazios demográficos do sul e atrair novos investimentos. 
A emigração italiana para o Brasil foi impulsionada principalmente por italianos das regiões norte e nordeste, incluindo Piemonte, Lombardia e Veneto, mas, em grande número, também do sul da Itália, incluindo a Sicília, a Calábria e a Campania, locais que contribuíram com a maioria dos imigrantes. 
Os italianos que emigraram para o Brasil por diversas vezes tiveram que enfrentar muitos desafios, desde a decisão de emigrar, a longa travessia do desconhecido oceano e os primeiros anos na nova pátria, muitas vezes, como no Rio Grande do Sul, reunidos em colônias situadas no meio de extensas florestas, longe de qualquer conforto da civilização. A maioria desses imigrantes não falava português e nem italiano, somente os seus dialetos regionais e tiveram que aprender uma nova língua para se comunicar e se adaptar à vida no país. No Rio grande do Sul chegaram literalmente a criar uma nova língua para se comunicar entre eles - o talian. Os primeiros imigrantes não conheciam ainda a língua italiana, baseada no dialeto toscano, do centro do país, e só falavam os seus dialetos que muitas vezes eram bastante diferentes entre si. Quando aqui chegaram os primeiros imigrantes "italianos" a Itália como país existia há bem poucos anos e a nova língua era praticamente desconhecida. Com a unificação e criação do reino da Itália, estava formado o país Itália, mas, ainda não tinham sido criados os italianos. Não havia então um sentimento nacional de cidadania.
Os italianos que emigraram para o Brasil sem contratos previamente assinados também enfrentaram dificuldades na obtenção de trabalho e na adaptação às novas condições de trabalho. A maioria dos que se dirigiram para os estados do centro do país trabalhava em condições precárias nas plantações de café e algodão, em menor número na incipiente indústria têxtil em São Paulo. Os que foram designados para povoar as novas colônias criadas no sul do país tiveram que lutar contra a adversidade e o isolamento. Essas colônias no Rio Grande do Sul estavam localizadas distantes de centros povoadas, escondidas no meio da densa floresta sem estradas. 
A emigração italiana também teve um impacto significativo na Itália. A perda de mão de obra nos campos e a saída de trabalhadores jovens deixaram a Itália em uma posição difícil, mas, por outro lado, a emigração  também permitiu o desenvolvimento do país com as remessas de dinheiro que os emigrantes mandavam do exterior. Com a diminuição significativa do número de bocas para alimentar, as famílias começaram a ter melhores condições de vida.
A emigração italiana também teve um impacto na sociedade italiana. Muitas comunidades ficaram desfalcadas, com a perda de membros importantes e influentes. 
No Brasil a imigração italiana também teve um impacto importante na cultura e na sociedade brasileira. A chegada de milhares de italianos trouxe novas tradições, costumes e alimentos para o Brasil, com o tempo a culinária italiana se tornou popular em todo o país. 
A imigração italiana também levou à formação de comunidades italianas no Brasil, que muitas vezes se estabeleceram em áreas rurais e urbanas. Essas comunidades ajudaram os imigrantes a se adaptarem à vida no Brasil e a preservar sua cultura e tradições. 
A emigração italiana para os Estados Unidos foi impulsionada principalmente por razões econômicas, enquanto a emigração para a Argentina foi influenciada pela disponibilidade de terras para cultivo e pela falta de restrições à imigração. 
A emigração italiana para o Brasil atingiu seu pico na década de 1910, quando cerca de 1,5 milhão de italianos emigraram para o país e continuou até a década de 1970, embora em números muito menores e teve um impacto duradouro no país, tanto em termos de cultura quanto de desenvolvimento econômico. 
A presença italiana no Brasil é evidente em muitas áreas, incluindo a arquitetura, a culinária, a música e a arte. 
Hoje milhões de brasileiros têm ascendência italiana e mantêm ainda fortes laços com suas raízes italianas. 
A emigração italiana para o Brasil foi um exemplo da busca de novas oportunidades por parte dos imigrantes, apesar dos muitos desafios e dificuldades que enfrentaram. 
Ela também é um lembrete da importância da imigração para o desenvolvimento econômico, cultural e social de um país.

Dissertação
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS



domingo, 28 de maio de 2023

Migrantes Transcontinentais: Um Estudo Sobre a Experiência dos Italianos na Romênia

 



Esta história é hoje praticamente desconhecida, esquecida pelas novas gerações de italianos, habituados ao conforto e a riqueza atual, conquistados especialmente após a década de 1960, com o grande desenvolvimento industrial do norte e nordeste do país. Se torna bastante difícil para eles acreditarem hoje, que no desenvolvido e rico nordeste italiano, o conhecido Triveneto, ainda no início do século XX, a pátria italiana não tinha dinheiro suficiente para pagar salários e a salvação estava na hoje pobre Romênia! 
O território romeno atual, desde tempos pré-históricos, sempre foi habitado por diferentes grupos de pessoas. A Romênia é um país do sudeste europeu, mais conhecido pela região florestal da Transilvânia, cercada pelos Montes Cárpatos. Como país, foi fundado em 24 de janeiro de 1859 com a união da Moldávia Ocidental com a Valáquia e já em 1877 declarou independência do Império Otomano, após a guerra entre a Turquia e a Rússia, reconhecida pelo Tratado de Berlim de 1878. 
Entre meados do século XIX e início do século XX, muitos italianos emigraram para a Romênia quando ela era então um país independente, rico em recursos e pouco povoado, ansioso para aproveitar ao máximo o seu potencial econômico. Os italianos que para lá seguiam era composto principalmente por pedreiros, carpinteiros, lenhadores, pintores, operários de fábricas, operários da construção civil e mineiros, além de outros, como os artesãos. Começando como uma migração sazonal - quando então eles eram conhecidos em italiano como “rondini”, ou andorinhas, que vão e voltam anualmente - quando no início da primavera até o final do outono, com os seus campos já estavam plantados, milhares de camponeses e artesãos “italianos”, se dirigiam para esse país, para aproveitar ganhar algum dinheiro extra, com o progresso daquele país. De uma migração temporária ou mesmo quase sazonal, logo se transformando em um deslocamento definitivo. Entre a segunda metade do século XIX e a Primeira Guerra Mundial, 130.000 italianos foram para a Romênia, principalmente saindo do Friuli, Veneto e Trentino, especialmente aqueles que trabalhavam com pedra e madeira. Antes de 1821 já aconteceram as primeiras partidas de italianos - que, na verdade, eram tiroleses - para a Romênia, sendo encaminhadas, principalmente, para a região da Transilvânia. Eram formadas por algumas famílias de Val di Fassa e Val di Fiemme, no Trentino, levados para os Montes Apuseni, na Transilvânia, para trabalhar como lenhadores e marceneiros. Por outro lado, alguns empresários italianos conseguiram contratos para a construção da grande ferrovia Transiberiana e já em 1845, um número significativo de engenheiros estavam empregados na companhia ferroviária romena.
Havia uma canção que os emigrantes italianos cantavam onde uma estrofe dizia: 


Andiamo in Transilvania
a menar la carioleta
che l’Italia povereta
no’ l’ha bezzi da pagar.



Em 1892, o ministro italiano em Bucareste, Francesco Curtopassi, escreveu que "as localidades de Frisono, Forgaria, Castelnuovo del Friuli, Forni di Sotto forneceram à Romênia um número tão grande de trabalhadores que se poderia pensar que elas ficaram desabitadas". Segundo alguns autores, no final do século XIX cerca de 10 a 15% dos emigrantes que partiram do Veneto foram para a Romênia trabalhar na construção civil, na construção dos estradas-de-ferro, nas atividades florestais ou nas minas. O número de emigrantes italianos na Romênia quase decuplicou em três décadas. A emigração continuou entre as duas guerras mundiais e algumas estimativas calculam a presença na Romênia de cerca de 60.000 italianos com muitos deles renunciando a cidadania italiana e permanecendo nas cidades romenas. Outros voltaram para a Itália. Sua presença ainda é sentida hoje em Bucareste, Brasov, Falticeni, Roman, Tulcea, Iasi, Ploiesti, Arad, Calafat, Sulina, Turnu Severin, Bacau, Neamt, Cluj, Bistrita, Suceava e muitas outras. Com a queda do comunismo, o governo romeno concedeu às pequenas comunidades a condição de minoria linguística e o direito de serem representadas na Câmara dos Deputados por seu próprio parlamentar. Ainda hoje a Romênia exerce um forte atrativo, principalmente para os empresários do Vêneto, Trentino e Friuli, que deslocaram suas atividades produtivas para cidades romenas como Timisoara, rebatizada de "Trevisoara”, uma referência ao grande número de empresas trevisanas naquele país e o concorrido fluxo diário de empresários vênetos, que contam até com uma linha aérea direta entre Treviso e aquela cidade.




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





terça-feira, 16 de maio de 2023

A Pobreza Rural na Itália do Século XIX e a Emigração Para as Américas: Uma Análise do Censo Agrário de 1880

 




"E eu deixo a minha casa, deixo o país e vou para a América para capinar. Parto para fazer fortuna e há um mês não vejo mais terra: só céu e mar. E deixo minha casa, a bela Itália, para ir tão longe, em terra estrangeira. E sob um outro céu e uma outra estrela levo os garotos e a mulher. E lá começa a melancolia pensando no campo onde nasci, naquela velha e santa mãe e em todas as coisas queridas do passado...” Assim escreveu um emigrante italiano.


O escritor e pesquisador italiano Delisio Villa, em seu livro Storia Dimenticata afirma que “Il 1860 è proprio l’anno zero della nostra emigrazione. Nel 1860 inizia la lunga marcia degli italiani alla ricerca di nuovi spazi, in Europa ed in America.” Traduzindo, "O ano de 1860 é realmente o ano zero de nossa emigração. Em 1860 começa a longa marcha dos italianos em busca de novos espaços, na Europa e na América." Esse grande êxodo ou longa marcha durou quase um século, sem que ninguém fizesse esforços concretos para contê-la, parece até que as autoridades de então a estimulava e considerando-a como uma espécie de válvula de pressão, para aliviar a crescente tensão social que ameaçava explodir no país com uma grande guerra civil. Nesse período, mais de trinta milhões de italianos, homens, mulheres e crianças, por conta própria e sem ajuda do estado, foram obrigados a abandonar o seu país para conseguir sobreviver.

No relatório do Censo Agrário, realizado por uma comissão parlamentar especial designada pelo governo italiano em 1880 chegaram a importantes conclusões. O objetivo principal desse censo era coletar informações sobre a distribuição da propriedade da terra na Itália, bem como obter dados sobre a produção agrícola, a situação econômica dos agricultores e outras questões relacionadas à agricultura. O resultado do censo foi usado mais tarde para a formulação de políticas agrárias pelo governo italiano. Entre os principais resultados apurados pelo censo temos:
      • A concentração da propriedade da terra estava nas mãos de poucos proprietários, com cerca de 3% da população possuindo mais da metade da terra cultivável;
      • A presença de uma grande quantidade de pequenas propriedades, mas muitas delas eram insuficientes para sustentar as famílias dos agricultores;
      • A predominância da produção de cereais, em detrimento de outras culturas agrícolas;
      • A existência de muitas terras abandonadas e improdutivas, especialmente no sul da Itália;
      • A presença de um grande número de trabalhadores agrícolas assalariados, que viviam em condições de pobreza e insegurança;
      • A falta de investimentos na modernização da agricultura, com pouca utilização de tecnologia e técnicas agrícolas avançadas;
      • A necessidade de intervenção do Estado para resolver os problemas estruturais da agricultura italiana, através da implementação de reformas agrárias e incentivos para o desenvolvimento da produção agrícola.
Assim, o relator dessa comissão parlamentar descreveu a situação da Itália:

"Nos vales dos Alpes e dos Apeninos, e também nas planícies, especialmente na Itália Meridional, e até mesmo em algumas províncias entre as mais bem cultivadas da alta Itália, surgem casebres onde em um único quarto esfumaçado e sem ar e luz vivem juntos homens, cabras, porcos e galinhas. E tais casebres se contam talvez em centenas de milhares". 

Seguem mais alguns trechos do relatório do referido censo de 1880:

      1. "O sistema de propriedade, com todas as suas complicações, apresenta-se como o mais característico e o mais difundido aspecto do nosso agro. Em torno dele gira toda a economia camponesa, da qual, por sua vez, depende todo o resto das atividades sociais e econômicas do país."
      2. "A grande maioria dos proprietários é formada por pequenos proprietários, que possuem terras insuficientes para suas necessidades e que, para compensar a falta de extensão, têm que se dedicar a trabalhos alheios à agricultura."
      3. "O estado de abandono e descuido em que se encontram muitas terras é uma consequência direta da incapacidade do proprietário de mantê-las e cultivá-las adequadamente."
      4. "O analfabetismo, especialmente nas áreas rurais, é um grande obstáculo para o desenvolvimento da agricultura, já que impede a adoção de novas técnicas e práticas mais eficientes."
      5. "O êxodo rural, que vem ocorrendo em larga escala nas últimas décadas, agrava ainda mais a situação, já que muitas terras ficam abandonadas e não cultivadas, enquanto a população urbana cresce rapidamente."
De acordo com o mesmo Censo Agrário Italiano de 1880, as condições das moradias dos agricultores eram bastante precárias. O relatório apontou que muitas das casas eram pequenas, escuras, úmidas e mal ventiladas, o que levava a problemas de saúde e higiene para os moradores. Além disso, muitas moradias  eram compartilhadas por várias famílias, aumentando a superlotação e as condições insalubres. O documento também menciona que a falta de acesso a água potável e sistemas de saneamento básico eram comuns em muitas áreas rurais da Itália na época.
O Censo Agrário Italiano de 1880 também  constatou que a saúde dos camponeses era bastante precária. As condições sanitárias eram ruins e a mortalidade infantil era alta. Além disso, muitas famílias tinham dificuldades em obter assistência médica adequada, devido à falta de recursos financeiros e à falta de médicos e hospitais nas áreas rurais. A situação era ainda pior para as famílias mais pobres, que muitas vezes viviam em condições insalubres e não tinham acesso a alimentos nutritivos e água potável.

O Censo Agrário de 1880 aborda a questão da pelagra na Itália, que contribuiu para o empobrecimento das populações rurais de muitas regiões, especialmente no Vêneto: 

"A Pelagra ou Mal do Pellegrino é uma doença desconhecida nos países do norte da Europa e da América. Na Itália, é uma das enfermidades mais frequentes e mais cruéis que afetam os camponeses. [...] As causas da Pelagra foram estudadas com grande cuidado pelos médicos. Alguns a atribuem a uma alimentação insuficiente, outros a um regime alimentar inadequado, outros ainda a uma disposição especial do organismo, a influências atmosféricas, e a muitos outros fatores. [...] A Pelagra ataca especialmente os camponeses, que são obrigados a viver em casas úmidas, mal ventiladas e sujas, e que são privados de alimentos nutritivos e variados."

"Os camponeses afetados pela Pelagra tornam-se pálidos, magros e fracos. A pele, especialmente nas partes expostas do corpo, torna-se áspera e descama, como se tivesse sido queimada pelo sol. A seguir, a pele começa a escurecer e a descamar, e o doente sofre com dores e coceiras insuportáveis. Gradualmente, a doença se espalha para outras partes do corpo, como os lábios e as gengivas, causando lesões profundas e dolorosas. A Pelagra pode levar à morte em casos graves." O relatório continua:

"O remédio mais eficaz contra a Pelagra é uma alimentação saudável e nutritiva, especialmente rica em proteínas e vitaminas. No entanto, isso é difícil de conseguir para muitos camponeses, que são pobres e mal alimentados. É necessário, portanto, que o Estado e as autoridades locais intervenham para melhorar as condições de vida dos camponeses, fornecendo-lhes habitações mais saudáveis, promovendo uma agricultura mais moderna e produtiva, e educando-os sobre os princípios básicos de higiene e nutrição."


A literatura que temos disponível sobre as causas internas da onda migratória transoceânica do período 1880-1914 é vasta: podemos resumir esquematicamente o fato de que o fluxo foi determinado por motivos tanto de ordem demográfica (diminuição do índice de mortalidade e estabilização do índice de natalidade após 1870), quanto de ordem econômica (entre estes últimos, o primeiro lugar é assumido, sem dúvida, pela depressão agrícola dos anos 80, que provocou uma crise de disponibilidade alimentar). Mas foi sobretudo a impossibilidade, para os camponeses, de conseguirem dinheiro vivo que impulsionou massas inteiras a atravessar o oceano. Todos esses fenômenos, juntamente com a taxa sobre a farinha, cujo não pagamento podia comportar o confisco da propriedade, resultaram em uma sangria do mundo rural italiano. Entre os anos de 1875 e 1881, foram confiscadas 61.831 pequenas propriedades na Itália pela falta de pagamento da taxa sobre a farinha. Já entre os anos de 1884 e 1901, foram confiscadas 215.759 propriedades. Esse foi um dos fatores que levou a uma grande onda migratória italiana para outros países, principalmente para a América. A "taxa sobre a farinha" era um imposto cobrado sobre a moagem do trigo na Itália. Ela foi introduzida no início do século XIX, durante a ocupação napoleônica da Itália, e depois foi mantida pelos governos italianos que se seguiram. O objetivo inicial da taxa era arrecadar dinheiro para financiar as guerras napoleônicas, mas ela acabou sendo mantida como uma fonte de receita para o governo. A taxa era cobrada dos donos dos moinhos, que eram obrigados a pagar uma quantia em dinheiro para cada saco de farinha que produziam. A taxa era especialmente pesada para os pequenos proprietários de terras e para os camponeses pobres, que tinham que pagar uma grande parte de sua produção em dinheiro para o governo cobrada diretamente no moinho. A falta de pagamento da taxa sobre a farinha poderia levar à apreensão e confisco das propriedades dos camponeses, o que contribuiu para a crescente concentração fundiária na Itália e para a emigração em massa de camponeses italianos para outros países. Os camponeses perdiam suas terras devido à falta de pagamento da taxa sobre a farinha. Esta taxa era cobrada sobre a moagem do trigo e os proprietários de moinhos eram os responsáveis por pagá-la. Porém, muitas vezes, os proprietários de moinhos não repassavam a taxa cobrada dos camponeses que entregavam seu trigo para ser moído. Isso acontecia principalmente nas regiões mais pobres da Itália, onde os camponeses não tinham condições financeiras de arcar com os custos da taxa. Quando o governo descobria que a taxa não havia sido paga, ele poderia confiscar as terras do camponês para cobrir a dívida. Isso acabou levando a uma crescente concentração fundiária na Itália, com um pequeno número de grandes proprietários de terras detendo a maior parte das terras aráveis do país. A perda de suas terras tornou-se uma das principais razões pelas quais os camponeses italianos emigraram em massa para outros países, como o Brasil, Argentina e Estados Unidos, em busca de melhores condições de vida e oportunidades econômicas.


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS





quinta-feira, 4 de maio de 2023

A Migração dos Lombardos: A Chegada dos Imigrantes Italianos ao Brasil com o Vapor Rivadavia

 




Vapor Rivadavia


Saída: Porto de Havre em 17.03.1877

  Capitão: Billard  

Chegada: Porto do Rio de Janeiro 10.04.1877 


Lista do Vapor francês "Rivadavia" 

Nomes 

Idade

Sexo

Nacionalidade

Profissão

Tonni, Paolo 

45 

Masc.

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Tonni, Teresa 

40 

italiana (Lombardia) 

Tonni, Luca 

Masc.

italiana (Lombardia) 

Tonni, Rosa 

italiana (Lombardia) 

Sabaini, Domenico 

67 

italiana (Lombardia) 

agricultor

Sabaini, Giovanni 

88 

italiana (Lombardia) 

agricultor

Costa, Andrea 

52 

italiana (Lombardia) 

agricultor

Costa, Francesca 

41 

italiana (Lombardia) 

agricultor

Costa, Giovanni 

italiana (Lombardia) 

10 

Costa, Serafina 

2 meses 

italiana (Lombardia) 

11 

Bono, Giovanni 

47 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

12 

Bono, Lucia 

50 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

13 

Vannelli, Andrea 

29 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

14 

Vannelli, Antonia 

60, viuva 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

15 

Vannelli, Giuseppe 

26 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

16 

Vannelli, Albina 

21 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

17 

Signoretti, Luigi 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

18 

Signoretti, Minari 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

19 

Caldana, Battisto 

60, viuvo 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

20 

Caldana, Giovanni 

27 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

21 

Caldana, Maria 

25 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

22 

Caldana, Angelo 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

23 

Caldana, Catterina 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

24 

Caldana, Antonia Catterina 

16 

italiana (Lombardia) 

25 

Caldana, Giovanni 

italiana (Lombardia) 

26 

Caldana, Antonia 

italiana (Lombardia) 

27 

Caldana, Gio Batta 

italiana (Lombardia) 

(Faleceu em Havre) 

28 

Carrara, Luigia 

viuva 

italiana (Lombardia) 

29 

Carrara, Angelo 

21 

italiana (Lombardia) 

30 

Carrara, Carlo 

31 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

31 

Carrara, Regina 

30 

italiana (Lombardia) 

32 

Carrara, Vittoria 

30 

italiana (Lombardia) 

33 

Carrara, Rosa 

italiana (Lombardia) 

34 

Carrara, Clara 

italiana (Lombardia) 

35 

Carrara, Giuseppe 

12 meses 

italiana (Lombardia) 

36 

Cassago, Sante

24 

italiana (Lombardia) 

agricultor 
(neto família Carrara)

37 

Cassago, Pietro 

22 

italiana (Lombardia) 

38 

Visentini, Fedele 

41 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

39 

Visentini, Marianna 

40 

italiana (Lombardia) 

40 

Visentini, Battisto 

15 

italiana (Lombardia) 

41 

Visentini, Maddalena 

12 

italiana (Lombardia) 

42 

Visentini, Luigi 

10 

italiana (Lombardia) 

43 

Visentini, Domenico 

italiana (Lombardia) 

44 

Visentini, Santa 

italiana (Lombardia) 

45 

Visentini, Angela 

italiana (Lombardia) 

46 

Balzanelli, Francesco 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

47 

Balzanelli, Margherita 

35 

italiana (Lombardia) 

48 

Balzanelli, Maria 

13 

italiana (Lombardia) 

49 

Balzanelli, Lucilla 

11 

italiana (Lombardia) 

50 

Balzanelli, Amadio 

4 meses 

italiana (Lombardia) 

Página 2 - FT= 0033 

Corradini, Simeone 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Corradini, Erminia 

33 

italiana (Lombardia) 

Corradini, Luigia 

11 

italiana (Lombardia) 

Corradini, Luigi 

italiana (Lombardia) 

Corradini, Assunta 

1 mes 

italiana (Lombardia) 

Stori, Giuseppe 

24 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Stori, Maria 

22 

italiana (Lombardia) 

Stori, Benedetto 

italiana (Lombardia) 

Stori, Fiorinda 

italiana (Lombardia) 

10 

Grassi, Giacomo 

37 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

11 

Grassi, Luigia 

35 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

12 

Grassi, Giuseppe 

italiana (Lombardia) 

13 

Grassi, Angelo 

italiana (Lombardia) 

14 

Grassi, Cesira 

italiana (Lombardia) 

15 

Grassi, Francesco 

18 meses 

italiana (Lombardia) 

16 

Cartelli, Antonio 

39 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

17 

Cartelli, Candida 

22 

italiana (Lombardia) 

18 

Cartelli, Cleonice 

italiana (Lombardia) 

19 

Margaritti, Giovanni 

32 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

20 

Margaritti, Carolina 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

21 

Margaritti, Angela 

12 

italiana (Lombardia) 

22 

Zani, Giovanni 

33 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

23 

Bortoluzzi, Bartolomeo 

39 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

24 

Bortoluzzi, Antonia 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

25 

Bortoluzzi, Antonio 

10 

italiana (Lombardia) 

26 

Bortoluzzi, Giovanni 

italiana (Lombardia) 

27 

Bortoluzzi, Giuseppe 

italiana (Lombardia) 

28 

Castelletti, Battisto 

33 

italiana (Lombardia) 

agricultor 
(primo da família Bortoluzzi) 

29 

Vigarani, Luigi 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

30 

Vigarani, Felicita 

27 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

31 

Vigarani, Brigida 

italiana (Lombardia) 

32 

Vigarani, Zelinda 

italiana (Lombardia) 

33 

Vigarani, Teresa 

3 meses 

italiana (Lombardia) 

34 

Canavesi, Luigi 

39 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

35 

Cestaro, Patrizio 

65 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

36 

Cestaro, Maria 

63 

italiana (Lombardia) 

37 

Cestaro, Alessandro 

27 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

38 

Cestaro, Angela 

24 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

39 

Cestaro, Arsenio 

italiana (Lombardia) 

40 

Cestaro, Maria 

1 mes 

italiana (Lombardia) 

41 

Magri, Eurico 

21 

italiana (Lombardia) 

agricultor
(neto da familia Cestaro) 

42 

Furgheri, Gregorio 

50 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

43 

Furgheri, Luigia 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

44 

Furgheri, Luigi 

italiana (Lombardia) 

45 

Furgheri, Michele 

15 

italiana (Lombardia) 

46 

Furgheri, Vittoria 

4 meses 

italiana (Lombardia) 

47 

Nandi, Luigi 

29 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

48 

Nandi, Verona 

26 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

49 

Nandi, Ferdinando 

italiana (Lombardia) 

50 

Cagnola, Francesco 

28 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Página 3 - FT= 0034 

Cavazzoni, Antonio 

34 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Cavazzoni, Osanna 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

Carboni, Giuseppe 

35 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Carboni, Clementina 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

Carboni, Prima 

italiana (Lombardia) 

Carboni, Marcello 

italiana (Lombardia) 

Frasi, Andrea 

35 

italiana (Lombardia) 

agricultor 
(primo da familia Carboni) 

Brocca, Luigi 

25 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Fornasa, Bernardo 

74 - viuvo 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

10 

Fornasa, Giacomo 

51 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

11 

Fornasa, Clementina 

45 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

12 

Fornasa, Maddalena 

16 

italiana (Lombardia) 

13 

Fornasa, Luigi 

13 

italiana (Lombardia) 

14 

Folchini, Giovanni 

64 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

15 

Folchini, Lucia 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

16 

Folchini, Andrea 

17 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

17 

Folchini, Abele 

15 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

18 

Folchini, Angelo 

14 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

19 

Folchini, Regina 

12 

italiana (Lombardia) 

20 

Folchini, Battisto 

10 

italiana (Lombardia) 

21 

Franchi, Giovanni 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

22 

Lummi, Luigi 

23 

italiana (Lombardia) 

agricultor 
(neto Folchini) 

23 

Pasetto, Michel Angelo 

39 

italiana (Lombardia) 

(não veio, ficou com sua criança Marianna)

24 

Pasetto, Maria 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

25 

Pasetto, Bortolo 

13 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

26 

Pasetto, Arpalice 

italiana (Lombardia) 

27 

Pasetto, Marianna 

italiana (Lombardia) 

(não veio) 

28 

Araldi, Pietro 

35 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

29 

Araldi, Maria 

32 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

30 

Araldi, Catterina 

italiana (Lombardia) 

31 

Araldi, Matilde 

italiana (Lombardia) 

32 

Manfredini, Giuseppe 

47 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

33 

Manfredini, Teresa 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

34 

Manfredini, Francesco 

13 

italiana (Lombardia) 

35 

Manfredini, Serafina 

11 

italiana (Lombardia) 

36 

Manfredini, Francesco 

italiana (Lombardia) 

37 

Manfredini, Maria 

italiana (Lombardia) 

38 

Dalla Pegorara, Luigi 

49 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

39 

Dalla Pegorara, Marianna 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

40 

Dalla Pegorara, Vittorio 

13 

italiana (Lombardia) 

41 

Dalla Pegorara, Giuseppe 

italiana (Lombardia) 

42 

Dalla Pegorara, Gaetano 

italiana (Lombardia) 

43 

Dalla Pegorara, Giambattista 

8 meses 

italiana (Lombardia) 

44 

Molon, Giovanni 

39 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

45 

Molon, Pierina 

37 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

46 

Castagneti, Sebastiano 

32 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

47 

Castagneti, Vincenza 

28 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

48 

Castagneti, Luigi 

italiana (Lombardia) 

49 

Castagneti, Amalia 

italiana (Lombardia) 

50 

Castagneti, Pasquina 

10 meses 

italiana (Lombardia) 


Cipriani, Domenico 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Cipriani, Francesca 

33 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

Cipriani, Arcangelo 

12 

italiana (Lombardia) 

Cipriani, Elisabetta 

10 

italiana (Lombardia) 

Margotto Popini, Rosa 

54 - viuva 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

Margotto Popini, Domenico 

34 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Margotto Popini, Luigia 

29 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

Margotto Popini, Luigia 

17 

italiana (Lombardia) 

Margotto Popini, Agostino 

7 meses 

italiana (Lombardia) 

10 

Margotto, Ambrozio 

33 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Margotto, Lucia 

26 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

12 

Margotto, Luigi 

italiana (Lombardia) 

13 

Margotto, Teresina 

5 meses 

italiana (Lombardia) 

14 

Moserle, Domenico 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

15 

Moserle, Angela 

26 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

16 

Moserle, Anna 

2 meses 

italiana (Lombardia) 

(faleceu em Havre) 

17 

Turossi, Giovanni 

26 

italiana (Lombardia) 

agricultor 
(neto familia Moserle)

18 

Turossi, Lucia 

17 meses 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

19 

Perdona, Alessandro 

51 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

20 

Perdona, Maria 

42 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

21 

Perdona, Angelo 

22 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

22 

Perdona, Clementina 

18 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

23 

Perdona, Angelo 

14 

italiana (Lombardia) 

24 

Perdona, Bortolo 

11 

italiana (Lombardia) 

25 

Perdona, Pietro 

italiana (Lombardia) 

26 

Perdona, Teresina 

italiana (Lombardia) 

27 

Chicrico Colato, Lucia 

62 - viuva 

italiana (Lombardia) 

28 

Chicrico Colato, Rocco 

33 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

29 

Chicrico Colato, Chiara 

29 

italiana (Lombardia) 

30 

Chicrico Colato, Emilia 

italiana (Lombardia) 

31 

Chicrico Colato, Fortunata 

12 meses 

italiana (Lombardia) 

32 

Businaro, Antonio 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

33 

Businaro, Maddalena 

47 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

34 

Moretto, Pietro 

23 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

35 

Burato, Angelo 

46 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

36 

Burato, Candida 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

37 

Burato, Silvio 

italiana (Lombardia) 

38 

Ferrari, Pietro 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

39 

Ferrari, Angela 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

40 

Ferrari, Marcellina 

italiana (Lombardia) 

41 

Ferrari, Albino 

italiana (Lombardia) 

42 

Zanella, Lucia 

50 - viuva 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

43 

Zanella, Carlo 

24 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

44 

Zanella, Giuseppe 

22 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

45 

Zanella, Maria 

16 

italiana (Lombardia) 

46 

Zanella, Luigi 

14 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

47 

Padovani, Luigi 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

48 

Padovani, Maria 

37 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

49 

Padovani, Giovanni 

14 

italiana (Lombardia) 

Página 5 - FT= 0036 

Mudolon, Cunigo-Orsola 

59 - viuva 

italiana (Lombardia) 

Mudolon, Giovanni 

35

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Mudolon, Luigia 

28 

italiana (Lombardia) 

Mudolon, Luigi 

italiana (Lombardia) 

Mudolon, Ferdinando 

italiana (Lombardia) 

Mudolon, Maria 

12 meses 

italiana (Lombardia) 

Tanchella, Gio-Batta 

54 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Tanchella, Paola 

50 

italiana (Lombardia) 

Tanchella, Enrico 

14 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

10 

Tanchella, Napoleone 

11 

italiana (Lombardia) 

11 

Scrimin, Pietro 

52 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

12 

Scrimin, Valentino 

42 - viuvo 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

13 

Scrimin, Giovanni 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

14 

Scrimin, Angela 

37 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

15 

Scrimin, Gaetano 

14 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

16 

Scrimin, Angelo 

italiana (Lombardia) 

17 

Scrimin, Angelo 

italiana (Lombardia) 

18 

Scrimin, Giovanna 

italiana (Lombardia) 

19 

Baggio, Luigi 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

20 

Baggio, Francesca 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

21 

Baggio, Antonio 

italiana (Lombardia) 

22 

Parise, Giovanni 

34 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

23 

Parise, Elisabetta 

34 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

24 

Parise, Giovanna 

16 

italiana (Lombardia) 

25 

Parise, Maria 

14 

italiana (Lombardia) 

26 

Parise, Rosa 

12 

italiana (Lombardia) 

27 

Parise, Urbano 

italiana (Lombardia) 

28 

Parise, Bortolo 

italiana (Lombardia) 

29 

Parise, Andrea 

italiana (Lombardia) 

30 

Bresan, Gio-Fortunato 

32 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

31 

Bresan, Prudenza 

31 

italiana (Lombardia) 

32 

Bresan, Andrea 

italiana (Lombardia) 

33 

Bresan, Antonio 

italiana (Lombardia) 

34 

Bresan, Catterina 

italiana (Lombardia) 

35 

Bresan, Maria 

italiana (Lombardia) 

36 

Bardini, Domenico 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

37 

Bardini, Anna 

39 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

38 

Bardini, Maria 

12 

italiana (Lombardia) 

39 

Bardini, Silvestro 

italiana (Lombardia) 

40 

Bardini, Catterina 

italiana (Lombardia) 

41 

Bardini, Antonio 

11 meses 

italiana (Lombardia) 

42 

Martinelli, Giambattista 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

43 

Martinelli, Margherita 

33 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

44 

Martinelli, Rosa 

italiana (Lombardia) 

45 

Martinelli, Giovanni 

italiana (Lombardia) 

46 

Martinelli, Francesco 

italiana (Lombardia) 

47 

Manarin, Giovanni 

34 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

48 

Manarin, Teresa 

29 

italiana (Lombardia) 

49 

Manarin, Domenico 

italiana (Lombardia) 

50 

Manarin, Luigia 

12 meses 

italiana (Lombardia) 

Página 6 - FT= 0037 

Marza, Marco

57 - viuvo 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Marza, Letizia

13 

italiana (Lombardia) 

Marza, Antonio

10 

italiana (Lombardia) 

Lodigiani, Francesco 

35 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Lodigiani, Maria 

30 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

Lodigiani, Fiorinda 

italiana (Lombardia) 

Berti, Pietro 

64 - viuvo 

austríaco (Tirol) 

agricultor 

Berti, Giuseppe 

26 

austríaco (Tirol) 

agricultor 

Berti, Angelo 

20 

austríaco (Tirol) 

agricultor 

10 

Berti, Benedetto 

26 

austríaco (Tirol) 

agricultor 

11 

Berlanda, Antonio 

28 

austríaco (Tirol) 

agricultor 
(primo familia Berti)

12 

Berlanda, Giuseppe 

18 

austríaco (Tirol) 

agricultor 

13 

Brolese, Angelo 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

14 

Brolese, Maria 

38 

italiana (Lombardia) 

15 

Brolese, Teresa 

10 

italiana (Lombardia) 

16 

Brolese, Giuseppe 

italiana (Lombardia) 

17 

Brolese, Angela 

italiana (Lombardia) 

18 

Brolese, Luigi 

italiana (Lombardia) 

19 

Brolese, Maria 

12 meses 

italiana (Lombardia) 

20 

Minato, David 

42 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

21 

Minato, Candida 

40 

italiana (Lombardia) 

22 

Minato, Maria 

19 

italiana (Lombardia) 

23 

Minato, Cristiano 

17 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

24 

Minato, Leandro 

15 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

25 

Minato, Federico 

14 

italiana (Lombardia) 

26 

Minato, Angelo 

12 

italiana (Lombardia) 

27 

Minato, Brigida 

10 

italiana (Lombardia) 

28 

Minato, Agostino 

italiana (Lombardia) 

29 

Minato, Abramo 

italiana (Lombardia) 

30 

Minato, Abele 

italiana (Lombardia) 

31 

Pelizzer, Antonio 

23 

italiana (Lombardia) 

agricultor 
(primo da família Minato)

32 

Fragran, Basilio 

32 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

33 

Fragran, Angela 

27 

italiana (Lombardia) 

34 

Fragran, Lucindo 

6 meses 

italiana (Lombardia) 

35 

Busani, Giacomo 

49 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

36 

Busani, Lucia 

52 

italiana (Lombardia) 

37 

Busani, Luigia 

14 

italiana (Lombardia) 

38 

Busani, Emilia 

11 

italiana (Lombardia) 

39 

Ghiraldo, Santo 

38 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

40 

Ghiraldo, Carolina 

37 

italiana (Lombardia) 

agricultora 

41 

Ghiraldo, Arpalice 

13 

italiana (Lombardia) 

42 

Ghiraldo, Trauquillo 

10 

italiana (Lombardia) 

43 

Ghiraldo, Maria 

italiana (Lombardia) 

44 

Ghiraldo, Marino 

italiana (Lombardia) 

45 

Manfredi, Eurico 

36 

italiana (Lombardia) 

agricultor
(primo da familia Coradini) 

46 

Battain, Giovanni 

40 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

47 

Battain, Adrianna 

30 

italiana (Lombardia) 

48 

Battain, Maria Giovanna 

italiana (Lombardia) 

49 

Battain, Michele 

12 meses 

italiana (Lombardia) 

50 

Echarlod, Auguste 

43 

italiana (Lombardia) 

agricultor 

Página 7 - FT= 0038 

Echarlot, Felicite 

29 

italiana (Lombardia) 

Echarlot, Pierre 

italiana (Lombardia) 

Echarlot, Valery 

italiana (Lombardia) 

Echarlot, Samuel 

italiana (Lombardia) 

Echarlot, Marie Ch... 

1 mes 

italiana (Lombardia) 

Echarlot, Carlo 

88 - solteiro 

italiana (Lombardia) 

Porto de saída: Havre - Saída: 17.03.1877 - Capitão: Billard - Porto de Chegada: Rio de Janeiro em 10.04.1877