Mostrando postagens com marcador Talian. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Talian. Mostrar todas as postagens

domingo, 24 de janeiro de 2021

A Criação da Língua Italiana e o Surgimento do Talian

Dante Alighieri


Por ocasião da formação do Reino da Itália, o dialeto falado nas diversas partes do território que mais tarde veio se chamar Itália, era a língua usada por todos: o rei, os burgueses, os aristocráticos e principalmente pelo povo comum. No novo reino a língua que usava era somente os diversos dialetos regionais, com suas centenas de variantes. Quando foi proclamada a unidade italiana no ano de 1861, aqueles que conheciam a língua italiana, a língua usada por Dante em suas obras literárias, era a grande minoria da população do reino, aproximadamente 600.000 falantes, em um universo de 25 milhões de habitantes. Uma parte da população usava ainda o latim, os demais usavam uma língua a base do dialeto toscano, que era uma espécie de língua mercantil e de viajantes. Nos atos públicos usavam ainda o dialeto. A língua italiana era  mais usada pelos escritores e poetas. 

Após a unificação italiana também chegou a escola pública e com ela a língua italiana, a qual ainda custou muito tempo para ser usada pelo povo. Este povo a considerava uma língua estrangeira, pois, combatia os dialetos de antiga tradição, uma língua trazida e imposta a força pelos novos patrões. Esta língua usada nas academias, nos tribunais, no parlamento era incompreensível para o grande público, o que contribuiu para isolar os mais cultos do comum homem de rua. 

A Itália ainda não existia de fato, mas, já tinha uma língua oficial. Na verdade quem conseguiu unir os italianos não foram os governantes, a religião, a história ou a força e sim a literatura que já estava presente nas grandes obras de Dante, Boccacio, Machiavelli, Petrarca e mais alguns outros. 


Colônia Caxias no século XIX


Quando à partir de 1875 as primeiras levas de emigrantes italianos partiram para a América, e os Vênetos foram os primeiros a sair, a grande maioria deles compreendia o idioma italiano, mas, muito poucos foram aqueles que falavam. Os que vieram para o Rio Grande do Sul foram assentados nas colônias, localizadas no meio da mata, longe das cidades e sem estradas para  locomoção. Este longo isolamento forçado fez com que eles ficassem por muitos anos por fora do que acontecia no mundo. Sabiam muito pouco do que estava acontecendo no próprio Brasil. As únicas informações que recebiam da Itália era através das poucas cartas trazidas pelos imigrantes que ainda  vinham chegavam. 


Caxias em 1880


No Rio Grande do Sul chegaram mais de 80.000 imigrantes, sendo a maioria formada por vênetos e lombardos e o restante eram os chamados tiroleses, trentinos e friulani. Os provenientes da Emilia Romagna, Liguria, Piemonte e Toscana eram muitos poucos. A língua italiana era usada muito raramente e somente em poucas ocasiões, predominava o dialeto que cada família tinha aprendido e trazido com eles. Com os casamentos que foram acontecendo entre italianos das diversas regiões, um problema surgia para o entendimento na mesma família. Assim, com os vênetos que constituíam a grande maioria, foi surgindo uma nova linguagem dialetal misto, que tinha por base a antiga língua de Veneza, acrescida de palavras dos dialetos da outras regiões. Nascia assim uma linguagem nova que assimilava palavras de todos os grupos de emigrantes que viviam próximos, sempre com o predomínio dos dialetos vênetos falados pela maioria do imigrantes. A essa nova língua foi posteriormente dado o nome de talian, o vêneto sul rio grandense. Esta nova linguagem somente se consolidou por volta do ano de 1925, quando em um jornal da Colônia Caxias, o Stafetta Riograndense, passou a publicar semanalmente e suas páginas a história, escrita em talian, do personagem Nanetto Pipetta, nassùo in Italia e vignudo in Mèrica par catar la cucagna. A partir de então o talian se consolidou e se transformou em uma verdadeira língua, escrita e falada ainda hoje pela maior parte dos descendentes de italianos do sul do Brasil. Essa língua adquiriu status próprio e em vários municípios gaúchos, berços da imigração italiana no estado, foi declarada como a segunda língua oficial da cidade. 



quarta-feira, 19 de junho de 2019

Talian a Língua Vêneto Brasileira



Talian  a Língua Vêneto Brasileira

Língua de imigrantes italianos, muito falada atualmente no Brasil. Os falantes do talian se concentram na Região Sul, distribuindo-se em diferentes cidades de cada Estado, por exemplo: Caxias do sul, Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Veranópolis, Erechim, Carlos Barbosa - no Rio Grande do Sul; Joaçaba, Caçador, Chapecó, Concórdia – em Santa Catarina; Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltrão, Medianeira, Toledo - no Paraná). 

É pela relação com o movimento de imigração de italianos para o Brasil no fim do século XIX e início do XX que podemos compreender a emergência do talian como uma língua. Quando chegavam ao Brasil, os imigrantes eram conduzidos a fazendas ou a áreas ainda não habitadas nem cultivadas. Disso resultavam as colônias de imigrantes, vinculadas ao  processo de colonização dessas áreas. No caso da região sul, de modo geral, dividiam-se essas novas áreas em linhas e travessões e nelas se estabeleciam os imigrantes, aleatoriamente agrupados. Dos imigrantes italianos que se dirigiram ao Sul do país, em finais do século XIX,  95% eram provenientes do Vêneto e da Lombardia. 

Destes, 60% tinham língua e cultura vênetas, o que fez com que formas dessa língua predominassem nas situações de conversa entre eles, resultando no talian. 
Em sua configuração atual, o talian é um amálgama de formas e expressões vinculadas tanto às línguas dos imigrantes como à portuguesa. No entanto, é reconhecida como uma língua que conta com regras próprias, gramaticalmente definidas e com uma ortografia unificada. 

Nela se têm produzido textos em prosa e verso e em seu nome têm sido realizados encontros, como o “I Encontro dos Escritores em Talian”, Porto Alegre, 1989, e a “3a. Reunião de unificação da Grafia do Talian”, Caxias do Sul, 1994. 

Sobre o talian há ainda um dicionário - Dicionário Vèneto Sul-Rio-Grandense/Português – e uma gramática - TALIAN (Vêneto Brasileiro) Noções de Gramática, História e Cultura. O semanário Correio Riograndense mantém uma página dedicada ao talian e emissoras de rádio o divulgam em todo o interior da Região Sul. 



sexta-feira, 10 de maio de 2019

O Talian a nossa Verdadeira Língua


A NOSSA LÍNGUA



Nossos antepassados, aqui chegados no último quarto do século passado, não eram, em sua grande maioria, italianos.
Paradoxal afirmação, quando “sabemos” que as três Colônias da Serra e a quarta de Santa Maria eram constituídas de “italianos”! Disse paradoxal porque a afirmação parece absurda, mas não é. Efetivamente, nossos antepassados não eram italianos. Quase todos os componentes das primeiras levas de imigrantes – pelo menos os adultos -, nasceram em território não italiano. Eram vênetos, lombardos, friulanos, trentinos, piemonteses...
Explico melhor.
O Norte da atual Itália era, na época em que esses imigrantes adultos nasceram, governados por estrangeiros, direta ou indiretamente (o fantoche Reino Lombardo-Vêneto, Império Austro-húngaro). Essa região passou a fazer parte efetiva da Itália, do reino da Itália, tão somente em 1859 (o Piemonte e a maior parte da Lombardia), em 1866 (o Vêneto, o Friuli e o resto da Lombardia), como consequência da Unificação, e em 1918 (o Trentino e a Venécia Júlia), como resultado da Primeira Grande Guerra. Antes dessas datas, essas regiões nunca haviam sido Itália, pelo simples fato que a Itália, como país, jamais havia existido! Portanto, os nossos “velhos”, que nasceram sob outras bandeiras e nacionalidades foram “tornados” italianos. Não o eram de fato! Insisto: eram vênetos, lombardos, friulanos, trentinos, istrianos, ...

Cada um falava o idioma de sua cidade, de sua província, de sua região, isto é, utilizavam falares vênetos – belunês, trevisano, vicentino, veronês, veneziano... -,os vênetos; idiomas lombardos – mantuano, cremonês, milanês -, os lombardos; dialetos da língua friulana, os friulanos; um vêneto arcaico, os istrianos; o trentino – variante do vêneto -, os tiroleses; falares piemonteses, os que vieram do Piemonte. Praticamente ninguém falava o toscano, transformado em língua oficial italiana com a Unificação. Basta dizer que, em 1870, em toda a Itália, menos de 2% da população falava toscano, o idioma oficial, e menos de 1% sabia escrevê-lo!
Com isso, quero reforçar o que já disse: nossos antepassados não eram italianos! Eles não eram portadores de uma cultura italiana! Insisto: eles eram vênetos, ou lombardos ou friulanos ou trentinos ou piemonteses e possuíam a sua própria cultura, própria deles, de suas regiões, que nada têm a ver com as culturas das outras regiões que hoje constituem a Itália. (Não existe, ao meu ver, uma nação italiana, mas muitas nações dentro de um pequeno-grande pais denominado Itália).

Pois essa gente, que pertencia a “nações” diferentes, que falava idiomas diferentes e que era portadora de culturas diferentes, ao chegar à “terra prometida”, foi assentada em colônias, linhas e travessões, no meio da selva inóspita, ao bel prazer do “chefe” da Colônia. Assim, um trentino de Primiero passou a ter por vizinhos um vêneto de Oderso e um lombardo da Mântua. Era preciso comunicar-se, entender-se. Era uma questão de sobrevivência! Foi dessa necessidade de comunicar-se, para poderem-se auxiliar, para sobreviver, que nasceu nosso belo idioma, o talian ou vêneto brasileiro, mescla bem dosada dos falares de nossos antepassados, com a língua do país de adoção, o português.
talian, a koiné aqui surgida, que permitiu que piemonteses, treninos, friulanos, lombardos e a maioria veneta pudessem entender-se, não nasceu de repente e nem por decreto. Passaram-se anos e anos antes de tornar-se a verdadeira língua de comunicação em que se transformou. Os sotaques característicos de cada região persistiram por muito tempo. Os casamentos mistos – vênetos versus lombardos, trentinos versus friulanos – permitiram que, mais rapidamente, se uniformizasse a koiné. Algumas palavras, talvez por soarem estranhamente a certos participantes do grupo, foram sendo substituídas quase sempre pela correspondente portuguesa, embora devidamente venetizada, é claro! Em certas linhas onde a predominância fosse lombarda, por exemplo, a língua de comunicação local assumia uma forma acentuadamente lombarda, mas nas vilas (nte i paesi), em vista da preponderância veneta, apresentava já no inicio do século, forma semelhante ao talian atual. A inclusão de mais termos portugueses se acentuou com o desenvolvimento tecnológico: as novas palavras entraram íntegras no linguajar local, embora com sintaxe taliana.

Nos anos de 30 e 40, antes que o Brasil declarasse guerra ao Eixo (Alemanha – Itália – Japão), em toda a região dita de colonização italiana do Rio Grande do Sul, o talian era não apenas a língua mais falada, mas praticamente a única, pois apenas os mais velhos ainda utilizavam seu “dialeto” de origem, e pouquíssimos eram aqueles que se “defendiam” em português. Os professores (maestri), quase todos taliani, embora quisessem ensinar em português ou em italiano (leia-se toscano), não o conseguiam pelo simples fato de desconhecerem esses idiomas. É claro que havia exceções, mas eram exceções! Assim o nosso idioma, o talian, ficava cada vez mais forte – porque era ensinado! – e cada vez mais nosso.
Com a guerra iniciou-se o nosso calvário: não podíamos mais fazer uso de nossa língua materna! Muitos dos que se aventuraram a fazê-lo sofreram as consequência: foram presos. Nos tornamos gringos (particularmente, abomino esta expressão. Considero-a tremendamente depreciativa), isto é, estrangeiros em nossa própria pátria! Os mais renitentes, além da cadeia, eram chamados de Quinta-colunas, isto é traidores!
E, a partir de então, muitos baixaram a cabeça e sentiram vergonha de falar a nossa língua; hoje, inclusive, fingem nem sequer entendê-la. Pobres coitados! Deveriam ter orgulho, não vergonha. Um que fala tão somente uma língua é pouco mais que mudo! ( A não ser que seja o inglês, dada a importância atual deste idioma). Nós que, além do português, falamos o talian, sabemos mais do que aqueles que falam exclusivamente o português, não acham? Imaginem, ter vergonha de falar o idioma que, por mais de mil anos, foi a língua oficial da “Sereníssima” República de Veneza! Seria simplesmente ridículo, se não fosse tão trágico. (Para os que não são “chegados” à História, um lembrete: Portugal não existia, e muito menos a língua portuguesa, quando os vênetos já dominavam as águas interiores do mar Adriático ao mar Negro, e sua língua, pouco diferente do nosso talian, era língua de comunicação nos portos e entrepostos comerciais!)

Os jovens – pessoas, países, nações – costumam cometer um grande erro: pensam que sabem tudo! E como tudo sabem, desprezam tudo aquilo que cheire a ontem, e pior ainda, a anteontem.
- Falar Vêneto? Isso é coisa de velho e de colono ignorante! Eu falo português e para mim basta!
Coitados, não sabem o que dizem. Que Deus Nosso Senhor os perdoe!
Alguém já disse que se a gente só consegue expressar as emoções mais profundas utilizando a língua materna. Santa verdade! Do carinho ao desprezo, da oração à blasfêmia, do amor ao ódio, do pasquim ao poema, são mais fortes, mais intensos, quando sussurrados/gritados/escritos/grafados na língua materna que aprendemos no colo de nossas mães, sentados nos joelhos de nossas avós! O talian me soa como uma música! É a língua do coração, a minha língua, a língua com a qual consigo expressar meus melhores/piores sentimentos. Ela me lembra a primeira infância, a adolescência, o tempo de liberdade, o não compromisso.

E então, desrespeitosamente, dizem que minha língua é um patuá de colonos ignorantes, de pobres coitados, que é um dialeto de segunda categoria! Será que essa gente enlouqueceu? O talian é a “nossa” língua e nós temos a obrigação não apenas de utilizá-la, mas também ensiná-la, a fim de que a mesma se perpetue, preservando dessa maneira a “nossa” cultura.
- Agora eu não falo mais o “dialeto”. Estou aprendendo italiano, o italiano gramatical!, disse-me um conhecido.
- Bravo! Respondi-lhe. Quanto mias línguas falares, mais saberás e maior facilidade terás em aprender outros idiomas! Mas não deverias deixar de falar a nossa língua, o vêneto brasileiro, que pode inclusive auxiliar-te a aprender não apenas o italiano, mas, e principalmente, as línguas irmãs do talian, o francês e o espanhol.

- Mas não é o que minha professora nos disse. Ela nos informou que devemos “esquecer o dialeto”, se quisermos aprender corretamente o italiano!
Santa ignorância! Isso contraria toda e qualquer técnica de aprendizagem de idiomas!
Depois de muito pensar, dei-me conta que não se trata apenas de ignorância, mas de uma bem orquestrada forma de tentar destruir/substituir a nossa cultura. Será que estão ressurgindo os movimentos fascistas? Temos ainda bem presentes as tropelias varguistas, aqui, e mussolinescas, lá. – as ínguas e culturas regionais devem ser banidas! Lembram?
Com tantas maneiras de “vender” a importância de conhecer-se o italiano optam por menosprezar os outros idiomas. Convenhamos, é um não entender nada de marketing!
Poderiam dizer, por exemplo: “O italiano é a língua mais sonora do mundo!”, ou, Alguém já disse que se a gente só consegue expressar as emoções mais profundas utilizando a língua materna. Isso seria suficiente. Muita gente dedicaria algumas horas por dia para dominar esse belo idioma. Apenas não inventem que é a língua de nossos antepassados, pois é mentira.

Todos nós deveríamos falar com fluência, pelo menos, uma outra língua, além da nacional. Tanto pode ser o inglês, o espanhol, o fancês, o alemão, alguma língua eslava...ou, por que não, o nosso talian?
Se quisermos manter nossa cultura – e temos o dever de fazê-lo -, devemos ensinar aos jovens a nossa língua, pois, enquanto nossa língua viver, nossa cultura não perecerá.

Parte do texto de Darcy Loss Luzzatto retirado do livro "Nós, os ítalo-gaúchos", coordenado por Mário Maestri, 1996.





quarta-feira, 12 de setembro de 2018

La Nostra Lengoa Conferenza di Giovanni Meo Zilio



Conferenza di Giovanni Meo Zilio 


Nella prima conferenza a Severiano de Almeida, vicino da Erechim, il professor Zilio spiega i motivi della sua ricerca sull'emigrazione veneta. Il tema si concentra soprattutto sulla lingua parlata dagli emigrati veneti una volta sbarcati in Brasile a partire dal 1875: 

 “ mi ve saludo tutti quanti, so veniesto da Italia per studiar la vostra lengua che voi altri ghe ciamè dialetto, Talian, ma xe una vera lengua. Xe la lengua che parlè voi altri ma che parlo anca mi, xe la lengua che me gà insegna me mare, xe la lengua che parlemo en Veneto. El Veneto, in Italia, el xe una region visin a Venesia e Venesia xe la capital del Veneto dove che i parla tutti veneto come mi e voi altri. E allora quando voi altri parlè la vossa lengua no bisogna che gavè vergogna de parlarla perchè xe un onor parlar la lengua veneta; quella lengua che Venesia, la Repubblica de Venesia, ga parlà durante mille anni, diese secoli e che ancora ancuo i parla. Quindi non deve essere na vergogna ma un orgoglio vostro de parlar questa lengua, millenaria, che ga più de mille anni, i nostri veci, i nonni e i bisnonni vossi che xe rivai qui, dall'Italia, no i saveva neanca lesèr e scriver. Da più parti, ma i parleva sta lengua famosa en tutta l'Europa e i xe arivai qua come voi altri, sarè come i ve gà racontà la mare,e el pare, el nonno e la nonna e la bisnonna e xe arivai qui co il sacco su le spalle; poareti sensa che nessuni i aiutasse sensa schei e li gà mandai nel bosco , nella foresta: nel mato come dixè voi altri e i ghe gà messo en man la manera per taiar i boschi e la zappa per zappar ea tera e ga tribolà poareti sensa saver ea lengua in mezo ai bulgari quando che xe veniesta la guera, l'ultima nel 1943,1944 [...] e quando xe arivà la guera, la ultima guera poareti: ai nostri veci i gà anca cavà la paroa, i ga proibio de parlar Talian. Come voi altri savè i li meteva en prison, en galera se i parlava la so lengua e lori poareti che i no saveva neancora parlar el brasilian perchè tanti i parleva sol el Talian i gà proibio de parlar la so lengua, i gà cavà la parola e quando ti ghe cavi la parola all'omo, xe come se ti ghe cavassi ea vita e questa gente coraggiosa che i gà affrontà i sacrifici, le sofferenze, i dolori la lontananza della patria, le difficoltà che i gà trovà, là, en mezo al mato, i bulgari, le bestie feroci, i serpenti velenosi soli e abbandonati per più de zento ani sensa scuola, sensa medico, sensa el prete, sensa la comare che fa nassere i fioi, abbandonai questa zente i gà dà na prova de forsa, de corajo, de animo, de spirito de lavoro, de solidarietà, de aiutarse l'uno co gli altri e de onestà. I nostri veci i ne gà insegnà a voi altri e anca a noi altri i ne gà insegnà la roba più importante: l'onestà. I nostri veci no imbroiava nissuni quando che i ghe dava la man a uno, i faseva un contratto co la man e quel contratto jera come se fusse scritto la parola, una sola parola quela xe la grande ricchessa, la gran forsa che ne gà tramandà i nostri veci e i ga trasformà el mato, la foresta: i la gà trasformada en un giardino, i ga creà na civiltà en questa zona del Brasile: Rio grande do Sul, Santa Catarina, Paranà perfin all'Espirito Santo dove xe veniesti i primi nostri emigranti a partire dal 1875 en zò, i gà creà un mondo nuovo, de progresso, de civiltà pian pianin de civiltà, produsion agricol, industrial, commersial e i ve gà lassà questo paese vostro adesso che xe un esempio per tutto el resto del Brasile: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paranà i xè come el motor del tutto el Brasil, el motor economico, cultural, el motor del progresso dell'industria, dell'agricoltura, del commercio, l'anima, l'anima del Brasile la xè qua fra de voi altri e questo merito xe vostro e dei vostri pari e dei vostri noni e dei vostri bisnonni; noialtri italiani de Italia, noialtri veneti del Veneto talian, semo orgogliosi de voi altri de queo che gavè fato, de queo che gà fato i vostri veci e de queo che gavè fatto voialtri in questo paese, gavè fatto na specie de Repubblica del sud del Brasile che se la fusse... metemo el caso che la fusse... metemo el caso se la fusse indipendente: saria el paese più ricco più potente e colto dell'America latina. Come en Italia, noialtri en Italia gavemo do Italie , gavemo una Italia del nord, xe l'econtrario de qua, en del nord se lavora, se paga le tasse, se fa le strade, le scuole, gli ospedali e invese gavemo un Italia dove se lavora poco manco, che se paga a volte le tasse, che se studia manco e alora noialtri voemo insegnarghe agli altri italiani nostri del sud a insegnarghe a laorar però voemo darghe... no voemo darghe el pesse da magnar ma voemo darghe la canna da pescar, voemo insegnarghe a lavorar perchè i nostri veci i diseva: aiutete che Dio te aiuta e alora noialtri voemo aiutarli a aiutarse e voialtri qua gavè pressapoco un problema che ghe somiglia al nostro. Voialtri, qua, ste dando l'esempio del lavoro, della forsa, del corajo, della civilità, noialtri in Italia nel Veneto gavemo pressapoco quattro milioni e mezo de veneti che i parla el Talian, ancora come mi; ma qua ghe xe ne tanti de più se no altri metessimo assieme i taliani del Rio Grande do Sul, de tuto el Rio Grande do Sul, de tutto Santa Caterina, de tutto el Parana ghe ne gavessimo tre volte tanti. Ghe xe più tanti taliani qua che in Italia, più veneti qua che nel veneto talian. El vero veneto, el veneto grande xè questo qua tra voi altri. Mi so drio studiar e voio scriver un libro sulla vostra maniera de parlar e desso semo drio far un gruppo de lavoro, de studiosi co l'università di Erechim par studiar la vostra lengua insieme con la FAINORS: la federasion de associasioni italiane nel Rio Grande do Sul, la FAINORS che la xe presediua dal presidente Piazzetta [...]el gran operador, el motor della FAINORS oltre che a esser el presidente... che gavemo fatto un accordo per diffonder la lengua taliana, la cultura taliana, la civilità taliana, le tradision taliana, gli usi, i costumi, la lengua, i canti, el modo de magnar, de zogar che voi altri ancora ancuo continuè a mantener e che in Italia in parte e se ga perso. Da noialtri per esempio no se zuga più alla mora; no i la conosse più, no i zuga più al quadriglio, no i sa neanca più che cossa xe. No i canta più la violetta perchè i se desmentegài e invese voialtri qua: i gavè conservà abbastanza ste tradision culturali, storiche italiane e la FAINORS insieme con l'università di Erechim adesso le sta recuperando: le tradisioni, valorizando, salvandole, rifondendole e voi altri bisogna che ghe de na man, e bisogna che ve iscrivè perchè xe tuto l'interesse vostro e dei vostri fioi queo de salvar la tradision dei vostri veci. Bisogna che voi altri ai vostri fioi ghe insegnè el parlar Talian e se impara ben el Talian i imparerà ben anca el brasilian dopo e anca l'inglese e anca le altre lengue perchè quando che se sa ben la lengua de so mare se pol emparar ben anca le altre lengue e no xe da vergognarse. Qua i ve ga tenui durante sento ani i ve ga tenui come emarginai perchè i dise: quei pori grami varda ciò che i parla, i parla Talian. Come se fusse na lengua dei bulgari, una lengua dell'antica Repubblica Serenissima millenaria de Venesia. Quando che gli ambasciadori de tutti i paesi de Europa durante la storia della Repubblica Veneta de Venesia indava a rappresentar el so paese a Venesia ghe tocava parlar venesian, veneto, talian e jera orgogliosi gli ambasciatori, gli ambasciatori di tutti i paesi d'Europa jera orgogliosi de andar a Venesia a parlar Talian, altro che vergognarse voialtri gavè la fortuna de saver parlar sta lengua che xe la stessa che parlo mi, voialtri capì tutto queo che mi sto disendo; vol dir che la lengua la xe la stessa e mi no so miga un [...] so un professor universitario, catedratico de l'università de Venesia che xe una delle università più famose del mondo e mi parlo la vostra lengua altro che pori grami, altro che pori cani, altro che ignoranti e analfabeti: voialtri se i portatori e gli eredi de na grande civiltà e de na grande lengua. Adesso insieme con il FAIRNOS e con l'università de Erechim, come che disevo, faremo anca un accordo cultural, un convegno come dixè voialtri par mandar in Italia i vostri fioi a studiar en Italia, a fare il dottorato in Italia e noialtri manderemo i nostri professori, i nostri studenti, i nostri dottorati a studiare la vostra lengua e la vostra storia e scrivere libri sulla vostra lengua e sulla vostra storia per tramandarli alle future generasion perchè i sappia, i ricorda, i capissa queo che i gà fatto i taliani e questo libro che noialtri scriveremo insieme con i nostri, i vostri compatrioti di Erechim, di professori dell'università: professor Tonial, professor Bellè, el dottor Piazzetta, el professor De marco scominzieremo a mettere el nero su bianco, a scriver la vostra storia per le future generazion che no la se perda e voialtri gavè da continuar a far la vostra storia co i fatti e noialtri che semo studiosi, che semo professori, che semo pesquisadores questa storia vostra che voialtri fe e che portè vanti noialtri la scrivemo. La trascrivemo, la conservemo per le future generazion mi go girà in lungo e in largo el Rio Grande do Sul e anca Santa Catarina, el Parana e anca Spirito Santo e gò visto co i me oci, go visto queo che i ga fatto i nostri taliani e go parlà con la gente della campagna dei coloni da tutte le parti e so andà a trovarli en delle colonie e gò trovà la gente che non solo i parla come mi; ma che i gà la nostra stessa faccia, stessi oci, stessa maniera de vardar :basta n'ociada per capirse. E questa gente quando arrivo nelle so case i dise: “ciò sto qua el parla come noialtri, el vien da Italia, da distante eppure el parla come noialtri e allora mi ghe digo sempre: “par forse perchè come diseva i nostri veci: come noi altri no ghe xe altri e se ghe ne xe ancora che i venia fora!” 

___________________________________________

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Regras de Acentuação Gráfica no Talian

Inauguração da Nova Fachada da Igreja Matriz de Santa Felicidade em 1928 Curitiba Paraná



Regras de Acentuação Gráfica no Talian


1- Acento grave (`) se usa para indicar os sons abertos. Ex: fràgola

2- Acento agudo (´) é usado para sinalizar os sons fechados. Ex: doménega


Regra nº1 – Todas as proparoxítonas são acentuadas. Ex.: Véneto, mèrcore, basìlico. Ménego

Regra nº2 – As palavras paroxítonas não são acentuadas, com exceção daquelas terminadas em ditongo crescente. Ex.: orgòlio, calvário

Regra nº3 – As palavras oxítonas que terminam com consoante não são acentuadas. Ex.: talian

Regra nº4 – As oxítonas não monossilábicas que terminam em vogal serão acentuadas. Ex: bacalá

Regra nº5 – As palavras monossilábicas só serão acentuadas quando possuirem um homógrafo átono. Ex.: dó (em baixo) de do (dois)


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quarta-feira, 14 de março de 2018

O Talian a Língua dos Vênetos do Rio Grande do Sul

Caxias do Sul em 1880

 Ainda falado e compreendido por mais de 1 milhão de pessoas no estado do RS, o talian, ou dialeto vêneto sul-riograndense, é considerado hoje uma língua neo-latina, ao lado do português, espanhol, francês e italiano.

Formada pela grande imigração proveniente do norte da Itália, constituída principalmente da grande maioria de vênetos, encontrou aqui no Rio Grande do Sul uma nova pátria para viver.

Esses pioneiros já conheceram as primeiras dificuldades de comunicação linguística ainda no navio, que os trazia para o novo mundo. Na sua maioria eram analfabetos, ou semi-analfabetos e falavam somente nos seus dialetos regionais de origem, os quais eram muito diferentes entre si.

Para a formação desta nova língua, o talian, concorreram muitos fatores. Entre eles citamos:

1. o isolamento quase total em que viviam, nas colônias onde foram destinados, com pouco ou quase nenhum contato com a língua portuguesa;

2. a forma misturada como as famílias foram assentadas, sem critérios de proveniência ou modo de falar;

3. a necessidade de manterem contatos entre eles, os quais acarretavam encontros de pessoas com diferentes dialetos;

4. os casamentos entre pessoas que falavam diferentes dialetos regionais;

5. a vizinhança entre as suas terras e as estradas entre as colônias que favoreciam maiores contatos entre eles;

6. depois, já em uma outra fase, algum tempo depois, o comércio dos produtos da colônia;

7. o contato com comunidades luso-brasileiras, onde adquiriram novas palavras e modos de dizer, em especial a nomenclatura de coisas e objetos novos (evolução normal da língua).




Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS

A Imigração Vêneta no Rio Grande do Sul a Cultura e a Língua

Caxias do Sul em 1884



Quando os imigrantes italianos, e os vênetos a grande maioria, chegaram no Rio Grande do Sul, não tinham conhecimento do português, a língua oficial do Brasil. Também pouco conheciam a língua italiana, idioma oficial da Itália. Vivendo em núcleos isolados, criaram por muito tempo verdadeiras colônias estrangeiras dentro RS. Já falamos que os dialetos do norte da Itália que se destacaram, pela predominância de origem desses imigrantes, com presença de 88% do contingente aqui chegados foram os vênetos e os lombardos.

Entre os vênetos predominavam os seguintes dialetos: vicentino, feltrino-bellunese, trevisano e padovano. Entre aqueles lombardos tivemos os dialetos cremose, bergamasco, mantovano e milanese.

Muito preocupados em se integrarem à variada comunidade local, nunca pretenderam conservar o dialeto da própria origem. Encontrando-se longe dos centros urbanos, esquecidos pelas autoridades competentes, emarginados socialmente, economicamente e geograficamente, para não morrerem culturalmente, desenvolveram a própria tradição cultural, em especial a religiosa e familiar.

Usavam a língua de origem, os dialetos provinciais, propensos a desagregação na medida em que esses vários dialetos entravam em contato entre si.

No início a cultura das colônias se concentrava entorno às igrejas ou capitéis, locais de encontro das diversas comunidades nos dias de festas e cerimônias religiosas. Alguns dialetos, por serem numericamente pouco representativos, desapareceram dentro da comunidade.

Com o passar do tempo se fundiram os dialetos que não tinham afinidades formando grupos dialetais e aqueles que eram afins se influenciaram reciprocamente se fortalecendo e acabando por predominar sobre os demais.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

terça-feira, 13 de março de 2018

Talian, El VènetoBrasilian - Na Vera Léngua

Incòi, con gran piazer, mi vào parlar ntea léngua dei nostri noni, el talian. Questa léngua lori i ga fato per capirse in quel inizio de colonizassion ntei primi ani dea emigrassion. No dovemo desmentegar che quando lori i ga rivà ntel Rio Grande do Sul, i ga trovà na mescola de taliani che i ze vengnìsti de tante provinsie e che i parléa tanti dialeti diferenti che poco i si capìa tra lori. El "talian" el ze nassesto de na importante base del dialeto véneto, mescolà con parole del trentino, furlan e del portoghese, ma italianisade. Questo, parche i veneti lori i ze la maioranza dei emigranti che i ze arivà qua e so léngua, la pi parlada. Così con el passar dei ani, el "talian" el se ga firmà e diventà na vera léngua, parlada per miliai di discendenti de quei primi emigranti. Nel prinsìpio la gera na léngua soltanto parlada, sensa gramàtica e sensa òrdine. La gera na léngua di analfabeti, de pori contadini e artesani che apena i savea laorar. Le nove generassion, con la istrussion, pian pianin, le ga scominsiar a scrivar picole storie, prinsipalmente ntel zornale "SttafettaRiograndense", incòi Correio Riograndense, che insieme ai preti capussini le sta e prinssipal difusor dea cultura talina in nostro Estado. Così gavemo el libro clàssico dea literatura taliana "Vita e Storia deNaneto Pipeta" - quelo nassùo in Itàlia e vegnudo in Mèrica per catare la cucagna - de Aquiles Bernardi, publicà en capìtuli semanali en quel zornale, scuminssiando in 25 zenaio 1924. El Dicionàrio Véneto SulRiograndense-Português, d'Alberto Stawinski e tante altre publicassion de gran scritori come Mário Gardelin, Luís De Boni, Rovílio Costa, Luzzatto, Posenatto, Rizzon e i nostri compagni H. Tonial, Helena Confortin e Claudino Pilotto. Incòi la nostra léngua taliana la ga recevesto un vero sùpio di vita con el Dicionário Português-Talian che Honório Tonial, con capacità,tenacità e coràio el ze finìo sta setimana dopo sìnque ani di laoro. La ga 350 pàgine, pi de 50.000 parole in talian e pi de 15.000 in portoghese. Se trata de un rico vocabulàrio che sarà de gran utilità a tuti coei che parla el talian, sia come fonte de informasion, sia come forma de preservassion dea nostra vècia cultura, ereditada dei nostri noni. Questi no i podea mai imaginar che el so pòaro dialeto, parlado quasi che sol por persone analfabete, in questi ùltime ani el ze diventà na léngua organizada, con gramàtica, libri, dissionari e parlada por persone con cultura universitària. Questo dissionàrio el ga slevà un vero interesse dele assossiassion universitàrie, che ntel Véneto, i laora per studiar la saga del pòpolo véneto ntel mondo. Sto dissionàrio insieme con i libri "Faina Lingüística - Estudo de Comunidades Bilingües Italiano Português do Alto Uruguai, dea Prof.ssa Helena Confortin e "Ritorno a le radize II" del poeta Claudino Pilotto, i sarà securamente un vero marco dea nostra léngua e dea nostra cultura i farà de Erechim un novo e rispetà polo dea cultura véneta ntel Brasil.Volemo saludar questi nostri compagni che i ga respondesto con gran capacità l'invito e la sfida che nostra federassion la ga proposto de scrivar òpere literàrie in talian.

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Erechim RS

quarta-feira, 7 de março de 2018

As Conjunções e Preposições no Talian - La Lèngoa Vèneta Brasiliana

As Conjunções e Preposições no Talian


Aqui estão algumas conjunções e preposições usadas no Talian, a língua falada pelos vênetos brasileiros, muito difundida no Rio Grande do Sul.

Conjunções:

e,anca, no sol, ma anca, ma, però, peraltro, epure, intanto, ndove, che, come, infati, de modo che, tanto che, dunque, pertanto, seben che, benché, ben che, se, a fin de, parché, finché, mentre, dopo che, meno se, basta che, basta, sinò, salvo se, come.

Preposições:

a, co, con, de, fra, tra, in, nte, te, te, per, su.



Luiz Carlos B. Piazzetta

Erechim RS