sábado, 13 de setembro de 2025

Morte a Bordo

 

Morte a Bordo

Uma família de agricultores italianos da quase perdida localidade de Carmignano di Brenta, no interior da província de Padova, na Itália, no final do século XIX,  Giovanni e Antonella, viviam com muitas dificuldades. A vida no interior da Itália estava se tornando insustentável devido à fome, à falta de trabalho e à pobreza extrema que surgiu após as guerras pela unificação da Itália e a formação do reino italiano. O ônus maior da construção do Reino d'Itália recaiu sobre os mais pobres e desamparados da população. Os novos impostos e taxas criadas para a manutenção do estado, afetaram de forma desproporcional os camponeses e trabalhadores rurais, que constituíam a maioria da população italiana na época. Entre as medidas mais impopulares estava o imposto sobre a moagem, conhecido como la tassa sul macinato, introduzido em 1868, que taxava a moagem de grãos, um alimento básico para os italianos. Isso resultou em um encarecimento do pão e de outros produtos essenciais, agravando ainda mais as condições de vida das famílias rurais e urbanas mais pobres. A unificação trouxe também o serviço militar obrigatório, que retirava os jovens de suas famílias por longos períodos, prejudicando a economia familiar baseada na agricultura de subsistência. Além disso, a política de centralização do novo estado, inspirada no modelo piemontês, desconsiderou as especificidades regionais, exacerbando o descontentamento em muitas regiões, especialmente no sul da Itália, conhecido como Mezzogiorno. Aqui, a unificação foi percebida mais como uma conquista do que como uma libertação. A pobreza extrema, a concentração fundiária e a repressão estatal contribuíram para o surgimento de movimentos de resistência, como o brigantaggio - ou banditismo, que foi combatido com dureza pelo exército italiano. As promessas de redistribuição de terras e melhoria nas condições de vida para os camponeses não se concretizaram, ampliando a desigualdade social e o êxodo rural.

Esses fatores, somados às dificuldades econômicas e à ausência de oportunidades, levaram a uma emigração em massa, principalmente entre os finais do século XIX e início do XX. Milhões de italianos, especialmente do sul, deixaram sua terra natal em busca de uma vida melhor em países como os Estados Unidos, Argentina e Brasil. Essa diáspora teve um impacto profundo, tanto para as comunidades que partiram quanto para as que permaneceram, moldando a história italiana e mundial.

Foi nesse contexto, que Giovanni decidiu que também deveria tentar uma vida melhor na América, no Brasil, onde naqueles anos corriam notícias que havia promessas de terra e trabalho.

Antonella, apesar da dor de ficar longe de Giovanni e das crianças, concordou que a melhor oportunidade para a família seria a emigração. Mas, por questões financeiras, Antonella teve que ficar em casa, enquanto Giovanni embarcava sozinho na viagem para o Brasil. Ele prometeu que, assim que se estabelecesse, mandaria buscar Antonella e as crianças.

Giovanni partiu para o Brasil com grandes esperanças. A viagem, no entanto, foi marcada por dificuldades, mas, ao chegar ele logo encontrou trabalho em terras de cafeicultores. Ele enviava cartas a Antonella, contando-lhe as dificuldades do início, mas também lhe dando esperança de um futuro melhor.

Antonella, por sua vez, esperava ansiosamente o dia em que poderia reunir sua família. Com as crianças em casa, ela estava cheia de saudades de Giovanni, mas sabia que a decisão dele fora tomada por um bem maior, e que logo se reuniriam. Ela mantinha a esperança e a fé de que, em breve, faria a viagem ao Brasil com os filhos, reunindo-se com Giovanni para começar uma nova vida.

Finalmente, o dia chegou. Antonella conseguiu economizar o suficiente para pagar sua viagem. Com seus filhos Pietro e Maria ao seu lado, ela embarcou rumo ao Brasil. A longa viagem foi cheia de dificuldades, mas Antonella estava determinada a reunir-se com seu marido.

Entretanto, o destino se mostrou cruel. Durante a travessia, uma epidemia de sarampo se espalhou rapidamente entre as crianças a bordo. Pietro, seu filho de 8 meses, foi uma das vítimas da doença. Antonella, desesperada, viu seu filho sofrer e falecer antes que pudesse chegar ao Brasil. A dor de perder Pietro foi insuportável, e ela mal conseguia processar a tragédia enquanto a viagem continuava.

Finalmente, depois de muitas semanas no mar, o navio chegou ao Brasil. Antonella, com Maria ainda ao seu lado, desembarcou em solo brasileiro, mas com o coração partido pela perda de Pietro. Ela agora tinha de enfrentar a dura realidade de começar sua vida no Brasil, em um novo país, mas também sabia que a promessa de uma nova vida com Giovanni era a única coisa que poderia lhe dar forças.

Quando Antonella finalmente se reencontrou com Giovanni, ele a acolheu com carinho, mas o luto pela perda de Pietro nunca desaparecerá. O Brasil era vasto e promissor, mas para Antonella, cada dia estava marcado pela ausência do pequeno Pietro. A saudade de sua terra natal, da Itália, e a dor da perda de um filho eram pesadas, mas ela tinha Maria e Giovanni para seguir em frente.

Juntos, tentaram reconstruir suas vidas no Brasil, mas a memória de Pietro nunca seria apagada. Antonella, embora marcada pela dor, sabia que o melhor que podia fazer por sua família era seguir em frente, pois o amor de Giovanni e Maria era o que a fazia ter forças para continuar.


Nota do Autor

Este trecho é um resumo do livro Morte a Bordo, escrito com a intenção de não deixar cair no esquecimento os dramas e as vicissitudes enfrentadas por milhares de homens e mulheres que, forçados pela fome e pela ausência de perspectivas em sua terra natal, viram-se obrigados a abandonar as aldeias, os campos e até mesmo as famílias que os sustentavam em suas raízes mais profundas.

A travessia do Atlântico não foi apenas uma mudança geográfica, mas sobretudo uma ruptura dolorosa e definitiva com o mundo conhecido. Os emigrantes, expulsos pela miséria e pelo desespero, lançaram-se ao mar na esperança de encontrar no Brasil uma terra nova e promissora, onde o trabalho e o sacrifício pudessem transformar-se em futuro.

Este livro é, portanto, um testemunho de memória e resistência: uma forma de dar voz aos que viveram – e muitas vezes morreram – nesse caminho entre o abandono e a esperança. Cada página busca resgatar a dignidade de quem ousou sonhar com um amanhã melhor, mesmo à custa do maior dos sofrimentos.

Dr. Luiz C. B. Piazzetta



La Zornada de Giovanni Bianconi

 

La Zornada de Giovanni Bianconi

Natural de la provìnsia de Treviso, ´nte la region del Véneto, Giovanni Bianconi lu el ze cressesto rento un ambiente segnà da le fadighe de la tera e dal peso de la tradission. Le coline zalde verdesante, pontà de vigneti e formento, la zera el sfondo de stòrie contà dai so pari e dai visin, raconti che parlava de tera lontan dove el laor duro el zera pagà con l’abondansa e la dignità. Par Giovanni, ste stòrie le ga piantà 'na semensa de speransa e inquietudine. El soniava de poder dar a la so famèia un futuro che no zera segnà da la misèria o da le fadighe che se ghe trovava in Itàlia a quel tempo.

Zera l'ano 1895. Dopo tanto pensar e contar ai fiòi con la mare, Giovanni la ga finalmente dito basta: ‘sto sogno de ‘ndar via el ghe roeva drento come ´na fiama. Spint dai conti che no tornava pì e da le promesse de tera bona e vita nova là in Mèrica, el ga fato ´na pensada che la taiava el fià. El ga vendù la so campagna, un peseto de tera che i so veci i gavea messo a posto con ani de fatiga e sudor. No zera mica solo vender na roba — zera strassar le radìse, molar tuti i ricordi e ‘ndar incontro a el scuro. Ma par quela fame de speransa che ghe batéa drento, Giovanni el ga puntà tuto su el incerto, con el cuore in gola e i oci drio ùmidi.

Con la so mòier, Maria, 'na fémena forte che spartia con lu sia le speranse che le ánsie, e con so do fioleti, Giovanni el ga tacà la zornada verso el Brasile. El destino zera la Colònia Alfredo Chaves, in Rio Grande do Sul, ´na tera ancor in formasion, abità da altri emigranti che, come lori, soniava de rincominsiar.

La traversia no la zera mica fàssile. Lori i ga dovù soportar la fadiga del lungo viaio in nave, el mal de mar, la nostalgia e l’incertesa de quel che i gavea davanti. Ma, in meso a le fadighe, ghe zera un sentimento comune de determinassion e coraio. Giovanni el credea che, con fadiga e union, i podéa costruir ´na vita mèio. El portava con lu no solo le so massete e i so ogeti pì cari, ma anca la memòria de la so tera natìa e la promessa che el sacrifìssio lo saria stà degno, par un futuro pì bon par la so famèia.

Quando che i ze sbarcà in tera brasilian, el ciel ghe pareva infinito e l’orisonte sensa fin. Zera un capìtolo novo, pien de sfide e oportunità, e Giovanni el zera deciso a scrivar lì la stòria de la so redension.

El Ciamà de la Nova Tera

L'ispirassion par 'sta gran svolta nte la vita de Giovanni vegniva da le lètare pien de detài vìvidi e emosionanti mandà da so zìo Marco Bianconi, on omo coraioso che el avea lassà l'Itàlia un ano prima. Marco s'era sistemà ´nte la Colònia Dona Isabel, nel cuor del Rio Grande do Sul, e le so parole zera un mescòio de avertense e speransa. El contava che la vita in Brasil la zera come un campo verto de possibilità, ma no se desmentegava de meter in guardia su i tanti sfidi: la fadiga granda del laor, le dificoltà de adatarse al clima, la cultura e la nostalgia che no passava mai.

Ma tra le rige, ghe zera un qualcosa che ghe tocava el cuor a Giovanni: la promessa che, con sforso e volontà, se podéa costruir ´na vita méio, lìbara da le strèsse de la misèria e da le règole rìgide de le oportunità in Itàlia. Marco contava de le tere vaste che, con el sudor e la passiensa, podea diventar campi fèrtili; dei visin, ´na comunità solidale de imigranti unì da la stessa vóia de far fortuna; e de la libartà de sonir un futuro ndove el laor fusse pagà con el rispeto che el meritava.

Ste lètare le zera diventà lession de sera ´nte l'inverno, ´nte la cesa ùmile de Giovanni. Lu le lesea a vose alta par Maria, la so mòier, e dopo i discutea ogni detàio. Le parole de Marco ghe resonava drento, come un fogo che scaldava l'anima e dava coraio. Giovanni el savea che no saria stà un passo fàssile, ma el credeva che el sacrifìssio de lassar la tera natìa podea valer la pena, sopratuto par i so fiòi.

Con ´na decision presa in fondo al cuor, Giovanni el ga scominsià a pensar ogni mossa. El ga metesto assieme i pochi schei che el gavea vendendo la so pìcola proprietà e qualche roba cara, bén che zera stà messi via con fatiga par tuta la vita. Par lù, ogni ogeto vendù zera un toco de stòria, ma anca un bilieto par ´na nova zornada. El vardava a tuto no come a na perda, ma come a un investimento par el futuro de la so famèia.

A ogni moneda siapà in man, Giovanni el sentiva che el se fasea sempre pì visin al so sònio: quel de ricominsià, anca se el zera pien de incertese.

El Zorno del Adio

Nel zorno del adio, la pìcola vila de Giovanni la se ga trasformà in un mosàico de emossion profonde e contraditòrie. El sol de quea matina pareva che l’usasse un lusor espessial, come se el volesse tegner vivo par sempre el ricordo de quel momento. La cesa sèmplise, ndove lu e la so famèia gavea vivesto tanti ani, la zera insircondà da visin, amissi e parenti, tuti radunà par un ùltimo saludo. Ghe zera na mèscola de contentessa par el coraio suo e tristessa par la separassion che se avisinava.

El suon de le ciàcole zera interroto da silènsio pien de senso. Le done de la vila, con i fasoleti in testa e le man induride dal laor, ghe donava regaleti – pan, fruta seca, e anca medàie religiose – come segni de protesion par la longa strada. I òmeni, sercando de no far védar l'emossion, ghe dava paroe de coraio, un forte strucon su la schena e abrassi che disea pì de ogni parola. I putei, sensa capir ben la gravità del momento, zughéa tra de lori, ma ogni tanto se fermava a guardar la valìsia de Giovanni e Maria, imaginando cossa volesse dir 'ndar via par tère cussì lontan. Par lori, el "Brasil" zera come un mondo de fiaba.

Giovanni, anca se sicuro de la so decision, no rivava a evitar un nodo in gola mentre el se despideva de ogni persona cara. El so cuor zera pesà ´ntel vardar le face de chi, forse, no i rivardaria mai più. Maria, con i òci pien de làgreme, restava drio ai so fiòi, regalando un soriso pien de coraio, mentre drento de so stesso lei lotava con le so paure e con l'inssertesa de l’icognossesto.

Le làgreme ´ntei òci de chi restava se mescolava con le paroe de speransa.
«Va con Dio, Giovanni!», el ga dito un vècio amico.
«Che le tere nove te acóia ben, e che un zorno te torna a contarne de le richesse che ghe ze de l'altra parte del mar.»

Anca se la tristessa se sentiva forte, ghe zera anca na speransa che girava tra la zente. La promessa de na vita mèio dava forsa a Giovanni e Maria par afrontar el sconossesto. I savea che no stéa solo lassando na vila, ma che i portava drio le speranse de chi restava, de chi soniava anca lu ´na vita pì pròspera, ma che no podea, o no gavea el coraio de partir.

La Traversia del Atlántico

La viaio in vapore fin al Brasil el ze stà par Giovanni e la so famèia un vero teste de resistensa: fìsica, emossional e anca spiritual. Par quaranta lunghi zorni de traversia, lori i ga dovù afrontàr la roba dura de un ponte sempre pien de zente, spartindo el spàssio con sentene de altri emigranti che, come lori, gavea lassà tuto drio par sercar un futuro incerto. L’ambiente zera segnà da ‘na mèscola de ansietà, speransa e un sforso contìnuo par resister a le condission difìssili de bordo.

I zorni i scominsiava con el frússio de passi pressadi e le vose mescolà in tanti dialeti italiani. Òmeni e done i se dava da far tra spassi streti, curando i so fameiar e quei pochi ogeti che i gavea portà con lori. Tanti gavea casse e sachi pien de atresi, convinti da le ciàcole che el Brasil zera na tera sensa legna, ndove bisognava costruìr tuto da capo.

In meso a lori, Giovanni tegneva la testa alta, spesso rincoraiando i compagni de viaio con parole bone e gesti de solidarietà, anca se el sentiva anca lù le so preoccupassion. L’ària ´ntel navio la zera pesà, con el odor de sal, sibo semplisse e sudor umano. Maria, con la passiensa de chi sa el peso de la so mission, se dedicava a curar i putei. Lei inventava zoghi par distràrli, contava stòrie su la nova vita che i ghe aspetava e faseva de tuto par trasformar quel ambiente duro in ‘na cesa temporanea.

Le noti le era ‘na mèscola de solievo e sfida. Soto el ciel pien de stele e con el dondolar del barco, Giovanni se consedeva qualche momento de riflession. El se incocolava visin ai parapeti, vardando el mar sensa fine, lassando che el pensier el vagasse tra i ricordi de l’Itàlia e le speranse par el Brasil. In quei àtimi de solitudine, el sentiva el peso de la responsabilità, ma anca ´na gran determinassion de onorar el sacrifìssio de la so famèia e de tanti altri che i stéa vivendo la stessa zornada.

Con la vita insieme l´altri emigranti, se formava legami novi e inesperà. Le stòrie e le esperiense spartì rendeva pì legera la fatiga del viaio, e la solidarietà la diventava un valore de ogni zorno. Quando che qualcun se amalava, tuti i ghe stava drio par darghe conforto. Giovanni, con el so spìrito bon e presente, el diventava un punto de riferimento, sempre pronto a dar na man o scoltar un bisogno.

Nonostante le fadighe – el mal de mar, la strachesa e la nostalgia che diventava ogni zorno pì grande – la promessa de ‘na nova vita continuava a darli forsa. Giovanni e Maria trovava coraio uno ´ntel’altro, spartendo sorisi e paroe de fede. Par lori, ogni zorno no zera solo un ostàcolo superà, ma un passo in pì verso el futuro che i gavea decidù de costruìr.

La Luta par la Sopravivensa

El teren che i ghe ga tocà, el zera sassoroso, tuto montagna e foresta grossa. Ma Giovanni no se ga spaventà. Con do o tre atresi in man, el tacò a taiar la boscaia e preparar la tera par podar piantar. Maria, la so mòier, la stava indrio con i porsei, le galine, e lei faséa de tuto par tegner la casa in òrdine, anca se zera pì che na baraca.

I primi ani i zera massa duri: tanta fadiga e poca roba par mostrar. Ma i colono, un stava con l’altro. Con i mutiron, i fasea strade, taiàva legna, menava grande sataron, e ognidun i ghe dava ´na man. Cussì, pian pianin, la comunità la se fece forte, dura, e che no se desmentegava.

El Lassà de Giovanni Bianconi

Con el passo el tempo, la tera la ga scominsià a dar fruto. La famèia Bianconi la ga scominsià a tirar vanti. Giovanni el piantava formenton, fasòi, un po' de milio, e Maria la rincurava la casa e i fiòi, che i zera ancora massa pìcoli par un laor. La nostalgia de l’Itàlia la stava sempre là, ma ogni roba che lei faséa nasser su sta tera nova, la ghe dava corajo de continuar.

Giovanni el ga rivà a vardar Alfredo Chaves diventar paese, e dopo tanti ani, Veranópolis. La so fadiga, la so testa dura, el so coraio, I ga lassà un segno. No solo par la so famèia, ma par tuto quei che i vegniva dopo. El so nome el ga restà vivo tra la zentr, come un sìmbolo de speransa, de chi no se straca, de chi se tira su anca con la tera freda e i man roti. El ga mostrà che, anca se el mondo el ze grande e scuro, un pò de coraio el basta par far de un posto straniero un vero fogolar.

Nota de l´Autor

Quel che te lesi chi de sora el ze un resumeto breve del libro che porta el stesso nome: La Zornada de Giovanni Bianconi. No la ze fantasia, ma un conto che vien da la vita vera, de quei tanti che, come Giovanni, ga lassà la so tera in serca de na speransa nova. Sto libro el conta la strada longa e fadigosa de ´na famèia vèneta che, con tanto coraio e fede, la ga traversà el mar e ga afrontà la boscaia, la tera cruda e la solitùdine par costruir un fogolar novo ´ntel Brasil.

Mi go scrivesto sta òpera par un dover de memòria, par un rispeto verso quei che i ga sofresto in silènsio, che i ga laorà con le man rote e i piè ´ntel fango, ma che no i se ga mai desmentegà de chi i zera. La stòria de Giovanni Bianconi no la ze solo la so: la ze la stòria de mì, de ti, e de tanti altri che vive ancora con ´sta eredità ´ntel cuor e ´ntel sangue. El resumeto chi el ze solo on assàgio. Se te vol capir ben, va pì in fondo, passo dopo passo, come se caminàssimo insieme drento i ani, i campi, le làgreme e i sorisi de chi ga fato nàsser sta tera nova con un spìrito vècio, ma forte come na radise.

Parché la zornada de Giovanni no finì con el so viaio: la contìnua ogni zorno che un dissendente el se alsa presto, el toca la tera, e el dise pian: "Mi son qua par un motivo."

Dr. Luiz C. B. Piazzetta