quarta-feira, 6 de agosto de 2025

A Longa Espera dos Rozzo

 


A Longa Espera dos Rozzo

No inverno de 1878, quando as geadas já haviam queimado as últimas folhas das parreiras e o vento atravessava os vales do Vêneto com um frio cortante, a família Rozzo tomou a decisão que mudaria para sempre a sua história. Pequenos agricultores na encosta pedregosa próxima a Vicenza, viviam de terras emprestadas, onde a colheita mal bastava para pagar o arrendamento e alimentar os nove filhos. A miséria não chegava como uma tragédia súbita, mas como uma visita constante, feita de invernos compridos, verões exaustivos e mesas onde a polenta cozida com algumas ervas era o único alimento disponível e ainda assim dividida em pedaços cada vez menores. 

A notícia da emigração corria pelas aldeias como uma esperança silenciosa. Falava-se de terras distantes e desconhecidas, além do oceano, onde o governo brasileiro prometia lotes e liberdade aos colonos. As passagens, subsidiadas pelas autoridades, eram a única possibilidade para famílias como a dos Rozzo, que não possuíam sequer moedas de prata para comprar a farinha do mês. Na primavera seguinte, uma parte da família, o filho Giovanni com a mulher e um filho pequeno embarcaram em Gênova rumo ao desconhecido, com um velho baú de madeira, um crucifixo, algumas sementes e a fé de que a terra nova pudesse oferecer um futuro diferente.

Após a travessia extenuante que durou bem mais de trinta dias, desembarcaram no Rio Grande do Sul, sendo destinados à recém-formada colônia Dona Isabel. A terra era bruta, a mata densa e o isolamento quase absoluto. As casas, erguidas com toras verdes, abrigavam mais frio do que calor. A floresta, embora fértil, não perdoava: exigia anos de trabalho para ceder espaço às lavouras. O esforço consumia os dias, e o calendário se media mais pelo corte das árvores do que pelas datas do almanaque.

Enquanto isso, dois irmãos mais novos de Giovanni Rozzo — Matteo e Pietro — também haviam deixado o Vêneto, mas seu destino fora diferente. Embarcaram no ano seguinte, rumando para o interior da província de São Paulo, onde foram contratados como trabalhadores braçais em uma grande fazenda de café nas proximidades de Campinas. Ali, viviam sob condições árduas, confinados à realidade fechada da fazenda. O único comércio disponível era o pequeno armazém da própria fazenda, onde os preços eram quase o triplo daqueles praticados em Campinas. Essa diferença não era fruto do acaso, mas parte de um mecanismo que garantia ao patrão lucros extras sobre a pobreza de seus empregados. As compras — farinha, sal, querosene, um pedaço de toucinho — eram registradas em cadernos amarelados, e o acerto de contas acontecia apenas na época do pagamento, quando o saldo, quase sempre, ficava no vermelho.

A comunicação com outras localidades existia, as distancias entre as cidades menores, mas ainda era bastante precária. Havia, de fato, um acesso um pouco melhor aos correios do que nas colônias isoladas do sul, mas o sistema era frágil e permeado por desonestidade. Muitas cartas, sobretudo as que carregavam pequenas quantias de dinheiro, desapareciam no caminho e jamais chegavam ao destino. As notícias, quando vinham, já traziam o sabor amargo da demora, misturando-se à incerteza e ao silêncio que separava famílias por anos a fio.O Brasil, contudo, era imenso, e a distância entre as duas realidades era mais do que geográfica: era também um abismo de informação.

Os primeiros anos em Dona Isabel foram mergulhados num silêncio denso, quase mineral. O mundo parecia terminar nas bordas da mata fechada, e qualquer sinal vindo de fora era raro como ouro. As cartas, quando existiam, precisavam ser levadas a pé até a sede da colônia, a vários quilômetros de distância, por trilhas enlameadas no inverno e cobertas de pó no verão. Mesmo quando finalmente alcançavam o correio, não havia garantia de chegada: muitas se perdiam no caminho, extraviadas por descuido ou simplesmente esquecidas em algum depósito improvisado. 

O isolamento não era apenas geográfico, mas também humano. Giovanni desconhecia completamente que Matteo e Pietro estavam nas terras paulistas. As estações se sucediam como páginas de um mesmo livro sem novidades: a primavera chegava com suas promessas, o verão com seu calor opressor, o outono com o aroma das uvas esmagadas, e o inverno com sua resignação silenciosa — mas nenhuma carta trazia notícias.

A vida naquela região isolada era um esforço contínuo contra a solidão e a natureza bruta. Os vizinhos mais próximos viviam quase um quilômetro de distância, e no início cada encontro era um acontecimento.Os filós e as festas religiosas, realizadas em capelas simples de madeira, eram mais do que momentos de fé: tornavam-se o único elo social, ocasiões para partilhar bênçãos e murmúrios. Nelas, os nomes de parentes e conhecidos distantes eram sussurrados como quem tenta chamar de volta vozes desaparecidas, mas nenhum deles trazia notícias concretas.

O tempo passava pesado, medido não pelo calendário, mas pela abertura de clareiras, pela colheita das primeiras videiras e pelo crescimento lento dos filhos. No fundo das arcas, junto aos poucos objetos trazidos da Itália, permanecia a esperança de um envelope, de um pedaço de papel que rompesse aquele silêncio imenso e dissesse que, em algum lugar, os Rozzo ainda eram lembrados.

Anos depois, uma reviravolta inesperada aconteceu. Maria Rozzo, irmã mais velha, que havia emigrado para os Estados Unidos com o marido, estabeleceu-se em uma comunidade ítalo-americana em Illinois. Lá, o acesso às comunicações era melhor, e por intermédio de outros conterrâneos que mantinham vínculos com brasileiros e argentinos, chegou aos seus ouvidos a existência de Matteo e Pietro, vivos e estabelecidos em Campinas.

Maria iniciou um esforço incansável para restabelecer o contato. Cartas atravessaram oceanos e fronteiras, demorando meses para ir e voltar. No entanto, quando finalmente a notícia chegou às mãos de Giovanni, já em Bento Gonçalves, mais de uma década havia se passado desde a separação. O reencontro físico nunca se realizou, pois as distâncias, a idade e as dificuldades econômicas tornavam a viagem impossível.

Ainda assim, a troca de cartas e alguma fotografia esparsa reacendeu o elo familiar. Os Rozzo de Bento Gonçalves passaram a saber das colheitas de café em São Paulo; os Rozzo paulistas ouviam falar das videiras que finalmente davam fruto no sul. Maria, nos Estados Unidos, tornou-se o ponto de ligação invisível, o fio frágil que unia três mundos separados pelo Atlântico e pela vastidão do Brasil.

A história dos Rozzo foi uma de milhares de famílias italianas: partidas marcadas pela esperança, desencontros selados pelo isolamento, e reencontros possíveis apenas pela palavra escrita. No silêncio das cartas que ainda sobrevivem, guardadas em arcas antigas, permanecem a saudade e a certeza de que a emigração, mais do que mudar destinos, moldou gerações inteiras com a marca indelével da distância. 

Nota do Autor

Escrever A Longa Espera dos Rozzo foi mais do que reconstruir uma narrativa histórica — foi um exercício de escuta. Escuta das vozes que, há mais de um século, partiram das aldeias silenciosas do Vêneto com a coragem de quem se despede sem saber se haverá reencontro. Escuta das cartas que atravessaram oceanos e fronteiras, carregando, em poucas linhas, todo o peso da saudade e da esperança. Escuta, enfim, dos silêncios — esses que se estendem entre uma notícia e outra, entre uma despedida e uma resposta que talvez nunca chegue.

A história dos Rozzo é fictícia, mas é também real em cada detalhe. Ela ecoa o que tantas famílias viveram: irmãos separados por milhares de quilômetros, pais que envelheceram sonhando com um abraço que nunca veio, mães que esperaram notícias até o último dia. É a história de todos os que deixaram para trás uma terra pobre, mas carregada de afetos, e encontraram no Brasil e em outras partes do mundo um novo lar — nunca totalmente separado do antigo.

Dedico esta história aos descendentes dos imigrantes italianos, que herdaram não apenas sobrenomes, mas também memórias feitas de distâncias. Que esta narrativa seja, para cada um, uma ponte imaginária que une de novo os Rozzo dispersos — e, junto deles, tantas outras famílias que o tempo separou, mas que a história insiste em reunir.

Dr. Luiz C. B. Piazzetta




El Camino de le Stagion: La Vita de ´na Cròmera


 El Camino de le Stagion: 

La Vita de ´na Cròmera


Maria Santina lei la ze nassesta ´ntel 1835, ´nte 'na picolina località de Val de Cadore, uno dei posti pì béi de la provìnsia de Beluno, su ´ntel nord de l’Itàlia. El vale, incantonà soto l’ombra de le maestose Dolomiti, pareva ‘na pintura viva, con le montagne dai cimi rosàstro che se scomissiava col celo e coi boschi che cambiava color seguendo el ritmo de le stagion. La zera ‘na tera bèa ma dura. Là, el brusìo de l’aqua dei fiumi che se sentiva tra i prati se mescolava con el canto dei osei, mentre l’odor de tera fresca te dava la promessa — no sempre mantegnù — de abondansa.

Fiola de contadin, Maria la ze cressiù ´nte ‘na vita che ogni matina ghe portava la fatica. Le so man picinine le se ga insegnà presto con el toco rùstego de la tera e con i strumenti de legno che, anca se semplissi, i zera fondamentai par sopraviver. La insertessa de le recolte, minassià da piove improvisà o sechie lunghe, la gavea fato forti tuti i abitanti del vale. ´Nte ‘l inverno, quando la neve la copriva tuti i campi e le montagne le pareva inassessìbili, la vila la se tornava un refùgio de resistensa. Le famèie le stava tute al calor del fogo, tentando de sbatar via el fredo che no finìa mai. Maria, anca zòvene, la ga imparà a viver cussì: con forsa e con saviessa.

In quei ani, tuto el Cadore el zera parte del grande impero Austro-Ungàrico, ´na realtà che segnava tanto la vita dei cadorini. Soto el domìnio imperial, le tere le zera aministrà da ´na burocrassia lontan, che poco ghe importava dei problemi de le comunità montanare. L’identità italiana dei abitanti del vale la ghe convivea con le imposission culturai e politiche del impero, creando un senso de identità mescolà.

La resolussion che se prendeva a Viena le zera lontan come le montagne, e i contadin i gavea de far tuto par conservar le so tradission, el so parlar e la so maniera de viver. Ma la povertà e la mancansa de oportunità la zera ben pì forte che ste question polìtiche. Tante famèie le gavea de partir, siapando strade lontan par poder sostentar la vita.

Questo senàrio el ga insegnà a Maria Santina e a tanti altri a tegner viva la speransa, anca quando le condission zera le pì dure. Le radise taliane dei cadorini le restava forte, ma le resolussion lontan dei governanti no cambiava el fato: le famèie le ga sempre dovesto trovar novi modi de viver, spesso a dispeto de le confin.

La vita ´ntel Valle de Cadore la zera sempre ´na lota. Par tanti cadorini, laorar su la tera zera dura, e no bastava mai par mantegner la famèia. Le tere, anca se qualcuna la zera fèrtile, zera poche e no sempre generose. Le racolte le dependava dai caprissi de le stagion, e i inverni fredi i lassava i granai vuoti. La gente la gavea de far de tuto par tirar vanti.

I òmeni cadorini, da tanto tempo, i se spostava ´ntei perìodi de calma par far qualche soldo fora: venditori ambulanti, careghete, operài ´nte le cave, legnai ´nte le foreste lontan o manovali in vilagi dei paesi visin. Ma cossì, i lassava le done a curar la casa, i fiòi e la tera. Anca se restava sole, le done del Cadore le zera forti e coraiose. Tante le ghe trovava modo de contribuir par mantegner la dignità de la famèia.

Le cròmere, le vendedore ambulanti, le zera un esémpio de sto coraio. Maria, vardando le altre, la ga deciso de seguir la stessa strada. La ze diventà ‘na cròmera, ‘na vendedora ambulante che portava no solo mersi, ma anca l’ànima del Cadore.

Maria la caminava ´nte le strade tortuose, portando drio lensioli ricamà, erve profumà, spessiarie, vieri e pìcole stàtue de legno. Le so robe le zera tesori che parlava del so paese. La vendeva anca stampe con santini e calendari, tute colorà, fate da ´na famosa stamperia véneta. Par Maria, vender no el zera solo far soldi: el zera portar la stòria e l’essensa de la so tera, passo dopo passo, par un doman mèio.

La resolussion no la zera stà fàssile. Ancora zòvane, Maria Santina la ga afrontà le inssertese de ‘na vita nova, partendo par la prima volta con poco pì che el coraio che la se porta da generassion de cadorini resilienti. Sopra le spale, come ‘na bissaca, la portava ‘na gran cassa de legno ben ordinà da la so mama, pien de prodoti che la so aldeota la sapeva far ben: linsioi ricamà con motivi fioreai che pareva che caturava l’essensa de le fior de campagna de i vali, pìcole cose de legno intaià che se vedea la pressisione de mani che trasformava el semplisse in sublime, e erbe aromàtiche, colte con amore sui campi intorno a Valle de Cadore. Ogni roba no el zera solo ‘na mercansia; la zera ‘n framento de la so tera, ‘na parte viva de l’identità cadorina, che Maria la portava come se portava un tesoro.

La via l’era lunga e solitària, ‘na traversia che la metea a la prova tanto el corpo come el spìrito. Maria la caminava par dì interi, con i piè proteti solo da scarpe de cuoio che a volte no le resisteva ben a le piere afilà de le strade montanare. La afrontava piove improvise che le insupava i vestiti e rendea i sentieri pien de fango, e el fredo che taiava de primavera, che pareva che entrava fin drento i ossi. Ma lei la ndava avanti, guidà da quela determinassion che la vita tra le Dolomiti le ga insegnà fin da picolina: la sopravivensa la zera ‘na lota, ma la lota la valea la pena.

Quando la traverssava la frontiera de l’Àustria e lei rivava al primo paeselo, la sentiva el cuor bàtere pì forte. Le paesàgi conossù le davano posto a qualcosa de diferente: case robuste de piera con teti inclinà, strade ben sistemà che pareva che lore fosse fate par resistir al rigore de l’inverno e persone dal viso riservà, ma curiose. Ze stà ‘na tera nova, ma Maria no la se ga intimidà.

A ogni porta che la bateva, lei ofriva no solo le so mercansie, ma anche un soriso caloroso che pareva che disperdeva ogni difidensa. Con la vose ferma, lei la parlava de la so vila, descrivendo le montagne, i russeli e la vita semplice, ma pien de significà. La presentava i lensoi come se fosse stati pesi de paesàgio che la ga lassià indrio, i artefati de legno come rapresentassion de el lavoro àbile del so pópolo e le erbe aromàtiche come ‘na promessa de salute e benessere. Ogni vendita no la zera solo ‘na transassion comerssiale; la zera ‘na scambi de cultura, un momento ndove Maria la condividea un peso de la so stòria e, in cámbio, la imparava del mondo al di là de le frontiere de Valle de Cadore.

Le noti forse le zera la parte pì difìssile. Dopo un zorno intiero a caminar e a negossiar, la sercava rifùgio ndove che poteva: stale, case de famèie generose o, a volte, soto el ciel stelà, avolta in un grosso copertor par scassiar el fredo. Ancora, anche ´ntei momenti de solitudine, la sentiva el calore de la so mission. Par lei, ogni passo el zera ‘n avanso verso un futuro pì prometente, e ogni incontro con i austriaci e i svisseri la zera ‘na possibilità de mostrar el valore de la so tera e del so lavoro.

Maria sùbito la scoprì che la vita de ‘na cròmera la ghe volea pì che forsa fìsica. Ogni zorno el zera ‘na prova de resistensa e astùssia. La capassità de negossiar la zera essenssial; la dovea valutà sùbito l’interesse dei so clienti e adatar le so stratègie. A volte, questo volea dir ofrì ‘na ridussion sotile, contar ‘na stòria su le origini dei prodoti o semplicemente ascoltar con pasiensa le lagnanse di chi no ga l´intenssion de comprar. La pasiensa la zera la so maior qualità, specialmente davanti a le rifiuti. No tuti i vèrzer le porte a ‘na straniera, e i sguardi difidenti spesso la seguiva per le strade. Ma Maria la portava con sé ‘n spìrito resiliente che parea crèsser davanti a le dificoltà.

Quel che la sosteneva la zera l’idea che ogni moneta guadagnà la zera pì che un guadagno materiale; el zera un passo verso un futuro miliore par la so famèia. Ogni centèsimo acumulà el zera ‘na promessa che Angelina, la so fiola, la gavarà ‘na vita pì cómoda, e che Pietro, el so marito, el podarà coltivar le so tere sensa le preocupassion incessanti de la sopravivensa. La zera questa visione che la fasea continuà, anche quando i so piè i dolea de tanto caminar o quando el peso de la borsa la pareva insoportà.

Con el passar dei ani, Maria la tornava sempre a la stessa època, diventando ‘na presensa familiare e ben voluta ´ntei paeseli che lei visitava. El so assento italiano, segnà da la cadensa dolse dei cadorini, la zera afassinante, e la so vose melodiosa spesso la trasformava ‘na semplisse interassion comerssiai in un momento de conession umana. I bambin i la seguiva per le strade come se la zera ‘na fata viandante, afassinà dai pìcoli zoghi de legno che lei la mostrava con destressa. Par i adulti, Maria la zera ‘na dona forte, determinà e bona. I contadin i la amirava per el so coraio e laoro duro, mentre le massaie le vedeva come ‘na amica con cui se poteva condividir confidense e risate.

Fu in canton de Schaffhausen, visin a la frontiera con la Germania, con le coline dolsi e i vigneti ben alineà, che Maria la trovò ‘na sorta de seconda casa. Là, lei se ospitava con Maddalena, ‘na cusina che con el matrimónio la se trasferì ani prima e che la acolse con le brassi verti. Le due le gavea la stessa età e se scriveva spesso. Durante le noti frede, le due done, unì per le so stòrie de resistensa, le se sedeva visin al fogo e le condivideva ricordi de la zovinessa. Maddalena la contava le dificoltà dei primi ani in Svizzera, mentre Maria la parlava de la nostalgia de la famèia e de le paesagi de Valle de Cadore. Tra risate e làgreme, loro le trovava consolo ´na in l’altra.

Dopo queste noti de chiachiere, Maria la organisava la so cassa con cura quasi serimonial, piegando i lensuoi ricamà e verificando se i artefati de legno i zera intati. Ogni pedo el zera ore de lavoro e speransa. Nonostante la rotina dura, Maria no la smeteva mai de scriver lètare a Pietro, racontando i progressi e chiedendo de come ´ndava la piantagion, e a Angelina, riempiendo le pàgine de teneressa e promesse che la tornerà con stòrie da contar e regali da spartir. Queste lètare, inviate religiosamente, le zera la sua forma de rimaner conessa a la tera che la ga lassià e al futuro per cui lei lotava con tanto cuore.


Nota del Autor

El romanso El Camin de le Stagion: La Vita de na Cròmera el ze 'na òpera che prova a contar la essensa de 'n tempo e de 'n pòpolo che, tante volte, le so stòrie la ze restà desmentegà ´ntei anfrussi del passato. Anche se la ze inventà, sta stòria la ze sta ispirà profondamente da fati stòrici e raconto che l'autor el ga podesto conosser, sia per scriti che per memòria tramandà dai dissendenti de le famèie che i ga vissù ´ntle zone del Cadore e d'intorno. La via de Maria Santina la ze, al stesso tempo, un omenaio e 'n tributo a le famèie cadorine che, con coraio e resistensa, le ga superà i dificultà de 'na vita de sacrifìssi, ma che ga trovà la forsa par salvar la so identità, cultura e eredità. Queste famèie, rapresentà ´ntela figura de Maria, le incarna el spìrito de lota, adatassion e speranssa che va oltre le generassion e le frontiere. Sto libro, dunque, no el ze sol 'na stòria inventà; el ze 'na finestra par guardar al mondo de chi che ga traversà le montagne, no solo par mantègner la famèia, ma anca par portar con loro l'ànima de la so tera. Che sta stòria ispire in ogni letor la stessa amirassion e rispeto che ga motivà la so creassion.

Con gratitude, 

Dr. Piazzetta