terça-feira, 9 de setembro de 2025

O Chamado de San Francisco - Uma História de Emigração e Futuro


O Chamado de San Francisco
Uma História de Emigração e Futuro

 

No pequeno comune de Lorsica, incrustado nas colinas da Ligúria, a pobreza tinha a cor da terra magra e das casas úmidas que resistiam ao vento das montanhas. Ali, em meio ao silêncio dos bosques de castanheiros e ao rumor distante dos rios, nascera Giovanni Carbone, herdeiro de uma família de artesãos que pouco possuía além da força de suas mãos. O pai havia morrido cedo, deixando apenas lembranças dispersas e uma rede de parentes que tentava manter a coesão da família. A mãe, resignada, criava os filhos com a disciplina dos que não têm alternativa, enquanto cada geração via a esperança se dissolver nas pedras da encosta.

Foi nesse cenário que Giovanni começou a receber cartas de seu tio, Marco Traverso, que havia emigrado anos antes para a América. Instalado em San Francisco, na longínqua Lorsica dos Estados Unidos, Marco trabalhava em companhias de abastecimento e vivia cercado de outros genoveses que haviam encontrado sustento na metrópole californiana. Nas cartas, enviava não apenas notícias, mas também remessas de dinheiro, meticulosamente anotadas em listas enviadas junto com os cheques.

Marco insistia em conselhos que refletiam a experiência amarga dos emigrantes. Para ele, comprar terras afastadas era apenas ilusão: na maioria das vezes o investimento se dissolvia em decepções e litígios. A verdadeira segurança estava em depositar o dinheiro no banco ou, no máximo, adquirir uma casa bem situada em Lorsica. A prudência era sua maior herança para o sobrinho. Giovanni lia cada palavra com a atenção de quem decifrava não só instruções, mas também um mapa para o futuro.

Enquanto isso, em San Francisco, a vida dos companheiros de Marco seguia com ritmos diversos. Trabalhos duros garantiam o pão, mas também a dignidade de poder enviar algo de volta à Itália. O preço das verduras oscilava, o comércio parecia próspero, e, apesar da saudade, muitos se sentiam satisfeitos. Marco escrevia com orgulho que a Exposição Universal de 1915 transformaria a cidade, atraindo visitantes de todo o mundo, e sugeria que o sobrinho viesse conhecer aquela nova Losica erguida do outro lado do oceano.

Na Ligúria, Giovanni avaliava cada detalhe. Não era apenas a soma recebida, mas o peso de uma escolha que definiria o destino da família: continuar preso às colinas áridas da terra natal ou arriscar-se num continente onde os genoveses já haviam deixado marcas. Ele observava os castanheiros, as casas de pedra, os rostos conhecidos, e compreendia que aquela paisagem, embora querida, era também a prisão da escassez.

A carta de Marco não era apenas um documento financeiro. Era o chamado de uma nova vida, a confirmação de que em San Francisco – a Losica distante – havia trabalho, comunidade e a promessa de segurança. Giovanni compreendeu que o futuro da família talvez não estivesse nas colinas da Ligúria, mas nas ruas largas e no porto vibrante da Califórnia.

E assim, entre listas de valores, conselhos de prudência e notícias sobre verdura e companheiros, consolidava-se o destino de uma geração. A travessia não era apenas marítima, mas também emocional: sair de uma Lorsica que se desfazia em silêncio para outra que se erguia, moderna e ruidosa, do outro lado do mundo.

No início da primavera de 1913, Giovanni Carbone deixou Lorsica. A aldeia parecia menor quando vista pela última vez, como se as casas de pedra se encolhessem diante da decisão irreversível. A mãe, resignada, permaneceu imóvel na soleira da porta, enquanto os irmãos menores observavam em silêncio. Não havia lágrimas, apenas o peso da separação. Ele caminhou em direção ao porto de Gênova, carregando uma pequena mala e a esperança que não cabia nela.

O navio que o levaria à América era imenso para seus olhos acostumados às dimensões de um vale estreito. O embarque foi confuso, marcado por filas intermináveis, documentos verificados às pressas e a mistura de dialetos italianos, espanhóis e alemães que ecoavam no convés. O cheiro de carvão queimado misturava-se ao sal do mar, anunciando o começo de uma travessia que mudaria sua vida.

Nos primeiros dias, Giovanni descobriu a dureza da terceira classe. O espaço era apertado, as camas de ferro alinhadas em fileiras úmidas, o ar saturado de suor e maresia. Crianças choravam, mulheres tentavam cozinhar em pequenos fogareiros, e homens discutiam sobre o futuro que os aguardava. O balanço do oceano castigava, provocando enjoos que enfraqueciam até os mais robustos.

Mas havia também momentos de solidariedade. Cânticos improvisados ao cair da noite, histórias partilhadas em sussurros, e a sensação crescente de que todos estavam unidos por um destino comum. Giovanni mantinha nos bolsos as cartas do tio Marco, relia-as em silêncio, como se fossem amuletos contra a incerteza.

Após semanas de mar, a visão da Estátua da Liberdade trouxe comoção. O navio se aproximava de Nova York, e o porto fervilhava de movimento. Para muitos, era o fim do sonho; para Giovanni, era apenas o início. Passou pela imponente estrutura de Ellis Island, onde médicos examinavam minuciosamente cada passageiro em busca de sinais de fraqueza. Alguns eram retidos, outros deportados. Giovanni avançou, ansioso, até receber o carimbo que o autorizava a entrar nos Estados Unidos.

Do porto, seguiu para a estação ferroviária. A viagem de trem que se estendia até a Califórnia parecia tão interminável quanto o oceano recém-vencido. Dias e noites se sucediam entre bancos duros e paisagens que mudavam com rapidez impressionante. Primeiro, cidades densas do leste, com fábricas cuspindo fumaça e bairros superlotados. Depois, planícies sem fim, onde o horizonte se confundia com o céu. Mais adiante, as Montanhas Rochosas erguiam-se como muralhas de pedra, impondo ao trem um esforço colossal para vencê-las.

Giovanni observava tudo com olhos atentos. Via pequenas comunidades de imigrantes espalhadas pelo caminho, rostos que carregavam a mesma mistura de cansaço e esperança. Cada estação era uma lembrança de que a América não era apenas promessa: era também luta, distância e reinício constante.

Após quase uma semana sobre os trilhos, o trem finalmente descia em direção à Califórnia. O clima mudava, o ar tornava-se mais ameno, e a paisagem revelava colinas verdes pontuadas por vinhedos. O cheiro de maresia retornava, desta vez vindo do Pacífico. San Francisco surgia diante dele como uma cidade renascida, reconstruída das ruínas do terremoto. Bondes elétricos cruzavam as ruas íngremes, arranha-céus reluziam sob o sol, e o porto vibrava com navios vindos da Ásia, da Europa, da América Latina.

Era ali, na Lorsica americana, que Giovanni encontraria o tio Marco. Mas, mais do que o reencontro familiar, era o confronto com um futuro que se desenhava diferente de tudo o que ele conhecera nas colinas da Ligúria. A travessia do oceano e da imensidão continental havia transformado o rapaz de Lorsica em parte de uma epopeia maior: a saga dos que deixaram a terra natal para reconstruir a vida em um continente desconhecido. 

Quando o trem finalmente parou na estação central de San Francisco, Giovanni sentiu o peso da travessia se desfazer em uma vertigem de novidades. O ruído dos bondes misturava-se ao apito dos navios no porto, criando uma sinfonia que a aldeia de Lorsica jamais poderia reproduzir. As ruas íngremes, alinhadas em ângulos impossíveis, subiam e desciam em direção ao mar, cortadas por casas coloridas e edifícios modernos que reluziam sob o sol da Califórnia.

Logo encontrou a comunidade de conterrâneos que o tio Marco frequentava. Os italianos ocupavam bairros inteiros, reconhecíveis pelo cheiro de pão recém-saído do forno e pelo rumor dos dialetos que escapavam pelas janelas abertas. Muitos vinham da Ligúria, outros da Toscana, da Sicília ou do Piemonte. Cada um trazia uma memória da aldeia natal e uma batalha a ser travada naquele mundo novo.

O trabalho não tardou a chegar. Giovanni foi incorporado a uma companhia de abastecimento, encarregado de carregar caixas de verduras e frutas que chegavam de regiões agrícolas próximas. O esforço físico era brutal, mas havia dignidade em poder enviar parte do salário de volta para a mãe e os irmãos na Itália. No fim do dia, ao lado de outros homens exaustos, comia em silêncio, alimentado pela certeza de que o sacrifício tinha sentido.

O tio Marco o orientava com a voz da experiência. Falava sobre as armadilhas de contratos mal explicados, sobre patrões que exploravam os recém-chegados, sobre a necessidade de guardar economias no banco. Para ele, a solidez de uma casa bem comprada ou de uma poupança segura era mais valiosa do que qualquer sonho de terras distantes. Giovanni ouvia em silêncio, lembrando das recomendações contidas nas cartas. Agora compreendia que não eram apenas conselhos: eram regras de sobrevivência.

A cidade vivia um momento de transformação. Após o terremoto de 1906, San Francisco se reconstruía com energia que parecia inesgotável. Trabalhadores de todas as partes do mundo erguíam pontes, prédios, mercados. A baía fervilhava de navios vindos do Japão, do México, da Austrália. Era um lugar de cruzamentos, onde culturas se encontravam e disputavam espaço. Para Giovanni, cada esquina revelava uma surpresa: uma rua tomada por lanternas chinesas, outra repleta de cafés italianos, outra dominada pelo inglês que ele mal compreendia.

E no horizonte, uma expectativa crescia. A cidade se preparava para a Exposição Universal de 1915, anunciada como vitrine da modernidade americana. Obras eram erguidas com ritmo febril, avenidas alargadas, pavilhões planejados para receber visitantes do mundo inteiro. Marco falava com entusiasmo desse futuro próximo e incentivava Giovanni a permanecer. Aquele evento seria, segundo ele, o sinal definitivo de que San Francisco era uma cidade destinada à grandeza.

Nas noites silenciosas, Giovanni caminhava até o porto. Olhava o oceano Pacífico e pensava na travessia recente. Do outro lado, a Ligúria permanecia intocada, com suas colinas cobertas de castanheiros e as casas de pedra encolhidas diante do frio. Agora, porém, havia uma nova Lorsica, feita de bondes, arranha-céus e multidões. Ele pertencia às duas e, ao mesmo tempo, a nenhuma.

Sentia que a viagem não terminara ao desembarcar. A travessia era também interior: deixar de ser filho de uma aldeia pobre para se tornar parte da engrenagem que movia uma metrópole em crescimento. O chamado de San Francisco não era apenas o convite de um tio. Era o apelo irresistível de uma cidade em ascensão, que transformava emigrantes em cidadãos de um novo mundo.

Nota do Autor

Esta narrativa é um trecho resumido de um livro, inspirado em cartas e documentos reais de emigrantes italianos que, no início do século XX, deixaram suas aldeias na Ligúria em busca de melhores condições de vida nos Estados Unidos. Os nomes dos personagens e algumas localidades foram alterados para preservar a privacidade de descendentes e para permitir a liberdade literária na construção da história.

O enredo acompanha a jornada de Giovanni Carbone, um jovem da pequena comuna de Lorsica, que atravessa o oceano, enfrenta as dificuldades da travessia marítima, e se estabelece em San Francisco, onde encontra uma comunidade de conterrâneos que recriou, na distância, a própria aldeia natal. A narrativa se concentra não apenas na travessia geográfica, mas também na travessia emocional e cultural: a adaptação à vida em um novo país, o confronto com desafios econômicos, e a construção de raízes em uma sociedade estrangeira.

Ao longo do relato, busquei preservar elementos históricos autênticos, como os métodos de trabalho, as dificuldades das viagens transatlânticas, as remessas de dinheiro enviadas à Itália, e o contexto da reconstrução de San Francisco após o terremoto de 1906. A história procura capturar o espírito de coragem, resiliência e esperança que caracterizou gerações de emigrantes italianos, refletindo o impacto profundo de sua experiência tanto na vida pessoal quanto na formação de comunidades nos Estados Unidos.

Embora literária, a obra é profundamente enraizada em fatos e correspondências verídicas, e serve como homenagem àqueles que atravessaram oceanos e desafios para construir novas vidas longe de casa, mantendo viva a memória de sua terra natal.

Dr. Piazzetta



Anna: Un Cuor Tra Do Tere

 


Anna: Un Cuor Tra Do Tere

Anna gavea za disnove ani quando ingropà ai so vèci, Giuseppe e Maria, e i do fradèi pì pìcoli, Carlo e Lucia, verso el lontan e sconognossesto  Brasil. La pensada de lassar Grignano Polesine, un paeseto pìcolo e quasi dimenticà in provìnsia de Rovigo, no el zera stà fàssil, ma el ze diventà inevitàvel. El Véneto, devastà da ´na sèrie de malane racolte e de crisis economiche, no gavea pì gnente da ofrire. La tera, divisa in pìcoli loti che faticava a render quel che bastava par sfamar ´na famèia, no se acompagnava con la crèssita de la popolassion.

´Ntela casa modesta ndove che lori i vivea, el fredo de l'inverno adentrava par le sfese, e el caldo de l’està portava con lu quel odor agrodolce del laor ´ntei campi che raro gavea recompensa. Giuseppe, un omo con le man coerte de cali e un sguardo pien de speransa, passava le serade a parlar con Maria de le stòrie che ogni zorno i sentiva pì speso par el paeseto: de tere vaste e fèrtili in Brasil, ndove le famèie podea scominsiar na vita nova.

"´Na oportunità par i nostri fiòi", el disea, vardando Anna, Carlo e Lucia, mentre Maria cusìa, sercando de nasconder le làgreme che pian pian cascava sul so viso. No stante i dubi, lei savea ben che restar volea dir vardar la famèia spègner pian pian.

El viaio el ze stà organizà a la bona, con quel che i gavea.  Lori i ga vendè tuto quel che no ghe serviva, i ga custodià i pochi risparmi in na pìcola cassa de legno, e i ga partì con el treno fin al porto de Génova. Ogni saluto ´ntel paeseto el zera pien de un misto de dolor e speransa. Anna, benché ancora zòvene, capiva ben che peso gavea quel viaio. El so sguardo, fisso verso el orisonte, rifletea un misto de ansietà e determinassion.

Sul vapor, la realtà de la pensada la ga scominsià a farsi sentir. Le condission gera precàrie, con spàssio ristreto, magnà rasionà e el mar, imenso e intimidante, che se stendea fin ndove che i òci podea vardar. Però, zera quel brilo ´ntei òci de Giuseppe e el coraio silenssioso de Maria che tegnea viva la speransa.

Anna savea che quel viaio no zera solo fìsico: el zera un passàgio verso lo scognossesto, na rotura con el passà e na promessa de futuro. Mentre el vapor ondulava con el rìtmo del mar, lei tegnea streta la man de Lucia, contandoghe stòrie par distrarghela dai timori che anca lei gavea ´ntel so cuor.

De note, distesa in un àngolo del ponte, Anna vardava le stele e se imaginava come sarìa la tera nova, con le promesse de campi verdi, novi sfidi e forse... nove felissità. Zera ´na partensa dolorosa, ma anca el primo passo verso un sònio che, anca lontan, scominsiava a sciapar forma.

El viaio el zera duro. Par setimane drento ´ntela caneva del vapor, ´nte ´na colónia agrìcola, ´na region isolà ´ntel interno del Paraná.

I primi zorni ´ntela colónia i zera segnalà dai lavor contìnui. La tera, coerta da selva fita, bisognava sboscarla. Anna, insieme ai so paron, laorava sensa sosta, ma trovava ancora el tempo par organisar momenti de comunion con le altre famèie. Savea che, in meso a la duressa del novo posto, zera importante mantégner viva la speransa.

Un zorno, durante ´na festa ´ntela pìcola capela improvisà de la colónia, Anna la ga conossesto Pietro, un zòvene de sirca 25 ani che el zera rivà qualche mese prima con la so mare e tre fradèi. Pietro el zera un marangon, ´na abilità che gavea imparà dal so pare defunto, e la so presensa la zera pressiosa ´ntela colónia, parchè el savea costruir mòbili e dar man a tirar su le case de legno.

Anna e Pietro lori i se ga aprossimà durante i incontri in capela e le feste de la comunità. Pietro el zera un zòvene gentile e laorador, e el so modo calmo el ga conquistà Anna. ´Nte le poche ore de riposo, el insegnava a Anna e a altri a doperar strumenti sèmplisse, che li gavea aiutar ´nte la costrussion de le case. Pietro el zera conossiuto anca par la so abilità ´ntel scolpir imàgini religiose, ´na qualità che lo rendea benvolù dal prete e da tuta la comunità.

´Nte quela pìcola comunità agrìcola, Anna e Pietro lori i ga aprofundà la so amissìsia, trasformando i incontri ocasionai in momenti de cumplissità. Mentre che el laorava in campagna o aiutava a costruir altre case, la presensa de Pietro parea solevar le dificoltà che Anna gavea. El ghe gavea ´na forsa silensiosa che ghe inspirava fidùssia, e i do ga scominsià a compartir i so sòni par el futuro.

I mesi i passava, e la relassion tra de lori diventava sempre pì evidente par tuta la vila. I genitori de Anna, anca se strachi par el duro laoro, i osservava con gioia la cumplissità che se stava formando tra i do zòvani. Giuseppe, che sempre gavea sonià un futuro sicuro par la so prima fiola, vedeva in Pietro un omo degno, laorador e bon.

Na sera, durante na reunion de comunità, ndove che i se racontava stòrie de speransa e de dificoltà intorno a ´na brusada, Pietro el ga trovà el coraio e el ga domandà la man de Anna in matrimónio. Nonostante la timidessa, el ga parlà con sinsserità, spiegando el so desidèrio de costruir ´na vita insieme a lei. Maria, emossionà, ghe ga dà la so benedission, e Giuseppe, con i òci ùmidi, ghe ga dato un strucon a la man a Pietro, sigilando così un pato de rispeto e amore.

El matrimónio el ze stà sémplisse, ma pien de significà. Tuta la comunità la se ga unì par preparar la serimónia. Le done le ga cussinà el mangnar, mentre i òmini i decorava el salon improvisà. Anna la gaveva indossà un vestito prestà da n’altra ragassa de la vila, e Pietro el ga messo el mèio vestì che gavea, neto e ben ramendà.

I ani che ga seguì i ga portà altre sfidi. Anna e Pietro i ga costruì la so casa e i ga continuà a laorar duro ´ntei campi. Insieme, lori i ga avù tre fiòi, che i ze cressesto udendo le stòrie de l’Itàlia, racontà con nostalgia e orgòio da Anna. Lei la mantegneva vive le tradission del so paese natale, insegnando ai fiòi le cansoni, le rissete e i costumi che lei gavea imparà a Grignano Polesine.

Pietro, dal canto so, el se ga dedicà a far crèsser la comunità. El aiutava i visin, el construia scole improvisà par che i fiòi podesse studiar, e el ghe gavea sempre ´na presensa costante sia ´ntei momenti de festa che de dificoltà. La so abilità come artisian la ze diventà famosa, e le so sculture religiose le ze diventà ricercà anca da le comunità visin.

Con el tempo che passava, Anna se la ga dato conto che, nonostante le adversità, la pensada de partir gavea drio valuto la pena. La nostalgia par el so paese natale no la ga mai lassà, ma adesso lei gavea qualcosa che prima no gavea trovà: ´na casa costruì con amore, laoro e speransa. 


Nota de Autor

El brano che ghe ze qua el ze ´na sìntese del romanso "Anna: Un Cuor tra Do Tere", un’òpera che el ghe tufa ´nte le emossion e ´nte le scelte complicà de ‘na zòvane italiana, Anna, che la se cata a frontegar i sfidi de lassar la so tera natìa par sercar un novo scomìnssio in Brasile. Intricando i legami de cultura, tradission e memòria, la stòria la ghe riflete la lota interna de Anna, dividia tra l’amor par l’Itàlia che la ga lassà e la speransa de costruir na vita nova in tere sconossù. Sto romanso el ze un omaio ai emigranti, ai so viaie pien de sòni, sacrifìssi e nostalgia, e ´na celebrassion de la forsa de un cuor che el impara a bater tra do tere, do culture e do amori. Che ogni letor possa trovar, in Anna, un riflesso del coraio umano davanti l’scogniossesto e la belessa de le radise che liga a quel che semo.

Con afeto,

Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta